sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Formação na era da informação


Nos últimos anos dessa década que se finda vários acontecimentos decorrentes da popularização da internet sofreram um boom e tomaram proporções incríveis. Entre estes acontecimentos está a expansão de universidades de ensino à distância no Brasil.
Oferecendo preços acessíveis (pelo menos em relação às universidades presenciais) e tempo flexível, estas instituições têm adquirido cada vez mais adeptos.
Não sou contra o ensino à distância, até acho interessante, pois a falta de um auxílio tão direto pode ser uma ajuda para o estudante que se verá forçado a adquirir certa independência em relação à pesquisa, alicerce da formação do espírito acadêmico. Entretanto, eu estava assistindo televisão e vi a propaganda da UNIBAN - sim, aquela universidade que ficou famosa pela estudante Geisy Arruda que exibia seu currículo acadêmico pela (falta de) roupa - onde dava-se a um certificado de graduação a partir da conclusão do primeiro ano e em três anos o curso seria concluído.
Fala-se muito que vivemos a era de velocidade, há pressa para tudo, mas acredito que tamanha pressa nos prenda a uma grande mentira, neste caso, o acadêmico vítima da mentira de que sairá formado - digo, formado, não apenas portador de diploma.
Seguindo esta linha evolutiva, em poucos anos, você poderá cadastrar-se através da internet, pagar uma determinada taxa, imprimir seu diploma e exercer a profissão escolhida, tudo no mesmo dia.


Por: Mário Brandes

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Papai Noel Velho Batuta II

Complementando o post abaixo, letra da música Papai Noel Velho Batuta (clique no link para ver o vídeo da música) do Garotos Podres.


Papai Noel Velho Batuta

Papai Noel velho batuta, rejeita os miseráveis
Eu quero matá-lo, aquele porco capitalista
Presenteia os ricos, cospe nos pobres
Presenteia os ricos, cospe nos pobres
Mas nós vamos sequestrá-lo e vamos matá-lo
Porque aqui não existe natal
Aqui não existe natal
Aqui não existe natal


Por: Mário Brandes

Papai Noel velho batuta!


Voltamos. Efemêro & Irônico strikes back again. Devido à sobrecarga de trabalhos, estágios e afins na faculdade tanto para mim, quanto pra Daíse, o blog ficou um tempinho abandonado, havendo apenas três posts em novembro e tendo o primeiro de dezembro agora já no final de 2009.
O natal está próximo, hesitei em escrever sobre ele por ser um dos maiores clichês dessa época do ano (juro que tentarei evitar ao máximo os lugares comuns do tipo tempo de renovação, época de reflexão e etc...), mas no final das contas a vida é feita de clichês mesmo, e sendo eles enjoativos ou não, isso é a mais pura verdade.
Este post não entra no mérito religioso da questão natalina, mas sim na figura política e de controle de massas que é o Papai Noel.
O bom velhinho é a personificação - com feições simpáticas e agradáveis - do capitalismo (selvagem) americano. O consumismo que impera nos últimos dias de dezembro é tamanho que faz com que pessoas de todas as religiões (inclusive as pagãs) preocupem-se em ter economias suficientes para presentear e serem presenteados no dia em que seria comemorado o nascimento de Jesus Cristo e faz também com que as pessoas enfeitem suas casas com uma decoração típica de inverno em pleno verão de um país tropical!
Esta cultura é repassada às crianças, tendo sempre o aviso "se você for um bom menino, ganhará presente do Papai Noel". E como ficam as pessoas sem condições de comprar algo? O menino não vai querer ser bom, ou, no mínimo, se decepcionará muito se o for. Fora o estímulo à recompensa, que faz com que as crianças acreditem que tenham de ser boas para ganhar algo e não verem o fato de ser bom como um fim em si mesmo.
Para todos que leem o Efêmero e Irônico: um feliz dia de natal, sendo ele rico em presentes ou não.

Por: Mário Brandes

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Precisa-se de meninas seguras


Garotada passeando no fim da tarde, namorados curtindo o pôr-do-sol, mamães e filhinhos na pracinha, e o começo de uma noite leve chegando. A praça ficava tão bonita ao entardecer, parece que o sol beijava a copa das árvores e dava sua última espiadela no dia.
Presenciar tanta beleza e depois olhar para mim, só fazia sentir por fora de tudo aquilo. Achava tudo muito bonito, mas faltava algo para que ficasse a vontade. Depois descobri que o problema era comigo mesmo. Anti-social, incomunicável e chateada por ver tantas meninas exibindo seus shorts, suas pernas, seus óculos escuros. As minhas lentes cheias de círculos concêntricos faziam ver claramente a minha diferença. Para disfarçar meu peso (na época), usava roupas números maiores, por isso em meus shorts cabiam mais um par de pernas, em minha camiseta mais uma de mim.
E hoje o que temos? Elas. As novas garotas são ousadas e cheias de opiniões próprias, as iniciantes adolescentes saíram por aí desbravando tudo que viam pela frente, obtendo sucesso. O mundo é o limite para elas, quanto mais pessoas se conhecer virtual ou pessoalmente, melhor. Os interesses mudaram como tudo que a gente vê.
Dúvida não é uma palavra que as adolescentes de hoje conheçam, elas entendem é de certezas. É o diferencial das gerações. As jovens de agora andam em bandos, para auto-afirmação talvez. E suas certezas acabam em um momento em especial, quando são questionadas sobre si mesmas.
Uma prima veio visitar a gente no verão uma vez, aquele verão mudou tudo. Mudou o estilo de roupas, melhorou o comportamento, surgiram as lentes de contato. A segurança em si mesma é a única coisa que não se pode ensinar. É preciso se encontar, primeiramente, antes de querer compreender os desiguais.
Ser popular, reconhecida faz parte do estilo convencional. A popularidade foi o desejo da universitária Geisy Arruda, que está fazendo render os quinze minutos de fama em um mês com participações na TV. Ela é uma dessas atrevidas e ousadas, como eu nunca fui. Embora a certeza sobre sua personalidade e sobre seu futuro seja tão intensa quanto o tamanho de seu vestido. Da mesma forma com que a coragem para a exposição de sua figura, seja tão acentuada quanto a falta de democracia em conjunto, dos colegas dela de faculdade. Vejo nela a segurança que não encontrava em mim, admiro por isso. Nessa tarde as minhas lentes quebraram e os círculos concêntricos voltaram a me fazer enxergar melhor.

Por: Daíse Carvalho

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Leitura e fazer textual


A nova tendência da literatura é a brevidade nos textos. Hoje é preciso prender a atenção do leitor em poucas linhas. O sucesso da novidade se deve a instantaneidade que veio da internet para os livros. Microcontos é como são chamados os breves textos em que o objetivo do autor é sangrar em mínimas linhas.

Esse gênero, que de acordo com a teoria literária não é reconhecido como tal, é um bebê. Surgiu em 2004. Pode ser chamado de miniconto, nanoconto ou como eu preferi microconto. O objetivo é totalidade, não há espaço nem tempo para detalhes. Talvez não seja considerado literário ainda, por passar apenas a síntese da idéia, enquanto a tarefa de entender a narrativa e por que não dizer imaginar a história, ficam por conta do leitor.

Ousado método em que 150 caracteres, muitas vezes podem ser até menos, assumem o papel de contar um história. Precisam ser breves para que dê tempo dos leitores desfrutarem. Desafio desesperador para os autores experientes e escritores amadores como eu. E aos que gostam de história com detalhes, por exemplo, ficam só na imaginação. Vire-se. É a impressão que o conto dá, como se te contasse uma notícia pela metade.

E essa diversidade de leituras que nos abraça com braços e pernas, oferece tantos meios para repassar ideias, que faz entender a dificuldade do papel de quem estimula o interesse dos recptores de seus pensamentos. Enquanto uns buscam originalidade ou inclusive a interatividade com os leitores. Há quem acredite que a melhor saída é ser simples, afinal com humildade também se conquista.

Quanto aos microcontos, ou a tendência perdurará ou conseguirei.


Por: Daíse Carvalho

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

A mesma moeda tem o mesmo valor?

O desespero em relação à violência que cada vez mais toma conta do país faz com que, a cada instante, surjam "super-heróis" que usam o discurso da violência contra a violência.
É muito comum que a população se impressione com discursos mamãe-quero-ser-fascista de Datenas, Ratinhos e demais wannabe's da vida que prometem "acabar com a violência na porrada" ou "matar todos os assassinos". É de se concordar que muitas vezes a situação é revoltante, entretanto, pagar na mesma moeda - embora às vezes pareça - quase nunca é a alternativa correta.
Na medida em que se promete "matar todos os assassinos", os conceitos se dispersam e já não se torna claro quem é o verdadeiro criminoso e a quem se deve temer.
Os direitos humanos existem para serem respeitados e todo mundo é inocente até que se prove o contrário, infelizmente muitas vezes a justiça acaba beneficiando o criminoso, mas essa é uma questão delicada. Como julgar alguém? É uma vida humana que está em jogo.
Estas "soluções" desesperadamente práticas e assassinas não resolvem nada, se há uma solução efetiva, esta tem de ser coerente com o discurso. Ou vocês imaginam um padre dizendo: "Olha irmãos, ou vocês se amam como Cristo os amou ou quebro a fuça de vocês!"?
Tudo resume-se na frase de Gandhi: "Olho por olho e o mundo acabará cego".


Por: Mário Brandes

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Alguém aí abomina críticas?


Quase dez dias depois do ocorrido me proponho a argumentar sobre uma crítica reproduzida no jornal Zero Hora. A coluna de Paulo Sant`Ana, trouxe no dia 17 a manifestação de uma jovem estudante.

Quem teve a oportunidade leitura da edição de sábado (17), pode notar a ousadia da garota que criticou afundo não só Paulo Sant`Ana, mas todos que fazem uso do cigarro. Seu nome, Bárbara Limberg Nedel, seguiu dias após repercutindo nas páginas do matutino. O email foi reproduzido pelo clunista tal qual foi enviado pela estudante. Criticado ele diz que transcreveu os originais, sem ao menos mudar uma vírgula. Explicou que tantos anos teve a ideia de publicar os elogios que recebera sobre seus textos, dessa vez inovou publicando as críticas, “pauladas”, como sugere no título da coluna.

A estudante de Frederico Wesphalen, diz não se conformar com certas opiniões argumentadas pelo colunista, “não entendo como um cara tão inteligente pode fumar”. Para a guria a maior irritação, é a forma com que o jornalista em questão, fala sobre o cigarro e o uso dele. Totalmente a favor.

Na mesma semana foi noticiado a inauguração do fumódromo da RBS, recebeu o nome de Sant`Ana, a fita tradicional fora queimada com a brasa do cigarro do homenageado, ao invés de cortada. Uma demonstração do atrevido comportamento em relação ao cigarro.

O fato de ser fumante não diminui em nada seu prestígio na empresa, ao contrário, rumores afirmam que é o único que pode fumar dentro da redação. Infeliz o comentário da Bárbara, ela ganharia mais tempo concluindo suas cruzadinhas, insana, ter a petulância de criticar, de “abominar” como afirma, ao escritor.

Particularmente, os textos dele não são o máximo, mas reconhecemos, o cara está onde muitos gostariam e onde só os melhores chegam (sonhar não custa nada), ele serve para avô dela. E a pequena missivista de lambuja teve sua mensagem arrogante e mal educada lida pelo RS inteiro, a sádica o fez humilhar-se e publicar a “paulada”, que recebeu de uma garotinha de dezesseis.

Ao cigarro sempre fui contra, explico para retratar-me, pois não é a crítica ao ato de Sant`Ana fumar que me refiro, é em abominá-lo, e abominar qualquer pessoa que seja usuário de algo que tire a pessoa do estado normal, como assume a leitora. Sendo assim ela deve abominar tanta gente, coitada. Dois pontos desprezíveis nessa história, o primeiro se trata do pedido pretensioso da moça feito no final do email, para que o colunista parasse de fumar. Segundo é o próprio uso do cigarro, que fez cem milhões de pessoas vítimas do tabagismo no século XX.

Ao segundo me inquieta saber quantas serão vítimas no século em que vivemos a dependência química começa cada vez mais cedo, como podemos acompanhar. E quanto ao primeiro o jornalista não vai parar só porque sua leitora pediu.

Ainda não tenho o porte intelectual do colunista, tenho recebido algumas críticas ultimamente. Nunca me aborreci ao vê-las, tenho boa dose de modéstia para avaliar a procedência e corrigir os erros cometidos, em busca de qualidade no que produzo. Caso um dia chegue perto do que o ícone (fumante), representa para muitos gaúchos, então posso publicar algumas manifestações.



por: Daíse Carvalho

sábado, 24 de outubro de 2009

Brasil: ame-o ou deixe-o. (O revival)


Um decreto municipal impôs às escolas que o hino nacional brasileiro seja executado pelo menos uma vez na semana pelos alunos, professores e funcionários, mostrando civismo e servilidade à pátria amada - ou será armada?
A retomada de requisitos da extinta discplina de Educação Moral e Cívica, gera orgulho em algumas pessoas que repudiam o fato de existir seres que não sabem cantar o hino nacional.
A disciplina de Educação Moral e Cívica, juntamente com campanhas esportivas, foram propagandas ufanistas utilizadas pelo governo militar durante o período ditatorial no país, com o fim de que este orgulhoso nacionalismo cego encobrisse as tristezas de um autoritarismo excludente e opressor.
De todas as mudanças ocorridas dos anos 60 até o fim da primeira década dos anos 2000, uma continuou intacta, esse patriotismo exarcebado, muitas vezes sem razão. Não que o povo tenha que repudiar seu país - pelo contrário - o problema é a falta de criticidade, já que as escolas têm de adotar um sistema que massifica ao invés de criar um cidadão de fato, ou seja, crítico e consciente, que saiba orgulhar-se de algo mais do que troféus de futebol e mulatas de coxas fartas.
Continuamos deitados eternamente, mas o que chamam de berço esplêndido não passa de um catre forrado com jornais.

Por: Mário Brandes

Imperativo: Leia!


Memória de minhas putas tristes - Gabriel García Márquez


Envolvido até a testa com compromissos da faculdade e outros compromissos extracurriculares, acabei por deixar de lado um tempo a leitura por pura prazer e diversão. Tudo isso, somente por falta de tempo, pois a necessidade de uma literatura envolvente pulsa em mim.
Sentindo tal vontade, revirei na estante em busca de um livro para ler, mesmo que não o terminasse, somente pelo prazer de saborear palavras, mergulhar na história e sentir o cheiro de páginas sendo folheadas. Eis então, que encontro um romance absolutamente fantástico, impactante, que havia adquirido o ano passado, é ele: Memória de minhas putas tristes do colombiano e nobel de literatura Gabriel García Márquez.
A obra narra a história de um cronista ancião que em seu aniversário de 90 anos decide se dar de presente uma noite com uma adolescente virgem. Nasce então um sentimento arrebatador por parte do idoso à menina de 14 anos - alcunhada pelo velho de Delgadina. O sentimento torna-se puro e poético, marcando cenas de ares espalhafatosos e bonitos como neste trecho:

Virei outro. Tratei de reler os clássicos que me mandaram ler na adolescência, e não agüentei. Mergulhei nas letras românticas que tanto repudiei quando minha mãe quis me forçar a ler e gostar, e através delas tomei consciência de que a força invencível que impulsionou o mundo não foram os amores felizes e sim os contrariados. Quando meus gostos musicais entraram em crise me descobri atrasado e velho, e abri meu coração às delícias do acaso.
Me pergunto como pude sucumbir nesta vertigem perpétua que eu mesmo provocava e temia. Flutuava entre nuvens erráticas e falava sozinho diante do espelho com a vã ilusão de averiguar quem sou. Era tal meu desvario, que em uma manifestação estudantil com pedras e garrafas tive que buscar forças na fraqueza para não me colocar na frente de todos com um letreiro que consagrasse minha verdade: estou louco de amor.

Enfim, eis a sugestão literária do Efêmero & Irônico para quem procura um bom livro para ler.


Por: Mário Brandes

domingo, 18 de outubro de 2009

O vício do amanhã


Os posts abaixo contém o texto O Mandamento. Eu escrevi esse conto lá por 2007 e desde a fundação do Efêmero & Irônico eu penso em postá-lo, mas nunca o fiz por diversos motivos. Um deles é que tinha perdido o conto ao formatar meu computador e teria de pedir a algum amigo, já que sempre envio criações a alguns de meus amigos, usando-os descaradamente como uma espécie de HD virtual, um 4Shared das relações amistosas.
Mas o principal motivo mesmo foi o vício do amanhã. Esse vício que me persegue, difícil de largar como qualquer outro vício. Garanto que você que lê isso agora também tem esse vício, esse imperdoável defeito que se infiltra em todas as camadas da sociedade, sem poupar mesmo as senhoras cristãs de terceira idade.
O que é o vício do amanhã? Simples, é um velho conhecido meu e seu. É a preguiça. É o fantasma do "amanhã eu faço", "amanhã eu começo", "amanhã eu termino", "deixa pra amanhã". No momento parece a melhor solução, mas no final os problemas se acumulam e eu me vejo como Atlas com o mundo nas costas. No fim das contas, essa gigantesca preguiça (gigante pela própria natureza) deve ter alguma espécie de cura. Vou estudar a fundo essa questão, mas já é tarde, vejo isso amanhã...


Por: Mário Brandes

O Mandamento - PARTE II

- Pode ficar, mas você nunca me viu na vida. Eu posso ser um serial killer, sabia? Eu disse com um sorriso amarelado e tímido como uma criança no primeiro dia de escola.
- Você não é um serial killer, eles são nerds revoltados por não conseguirem passar de alguma fase em algum game idiota. Você não, você ouve blues, o máximo que pode ser é um pé-de-chinelo, prestes a morrer de cirrose.- disse Mariana com um sorriso que me deixou atordoado.
Passamos algum tempo conversando sobre várias coisas, ela disse que estudava fotografia, tinha uma motocicleta, um autógrafo do Paul McCartney e dizia que achava ser a maior mentira do universo o que chamam de "arte pela arte".
Uns dois ou três dias depois Mariana começou a ir no meu apartamento com mais frequência, resolvemos sair, fomos ao parcão, onde sentada na grama ela falava sobre astrologia e misticismo. Vendo o mundo escurecer e as luzes da cidade se acender, começamos a nos sentir como corres berrantes em um espaço em preto e branco, e como numa atração magnética, mergulhamos em um beijo longo e protetor, desses que sonoramente emitem apenas ruídos abafados, mas dizem coisas como "somos os donos do mundo", um beijo ainda mais vertiginoso do que qualquer devaneio meu, um beijo que me fez descobrir que o sentimento gritante dentro de mim se chamava solidão, agora golpeada por outro sentimento que é dito incansavelmente por todas as bocas do mundo, e que, porém, é tão raro quanto qualquer animal em extinção.
No outro dia quando acordei ela já não estava lá, mas tocava Beatles bem baixinho na vitrola e na mesinha ao lado havia um bilhete que abri e li, dizia o seguinte:
"O amor bateu à sua porta, escancare as janelas e espalhe-o pelo mundo. Nesse momento, você deve recém ter acordado e encontrado este bilhete antes de tomar o café e ir trabalhar. Na vitrola está tocando Revolver, um disco que fala de amor e solidão, opostos (ou não) que andam de mãos dadas na vida e no além-vida, na canção Eleanor Rigby há versos que dizem assim: 'Todas as pessoas solitárias, de onde todas elas vêm? Todas as pessoas solitárias, de onde todas elas pertencem?', apenas um gênio poderia ter escrito isso, por ter descoberto o óbvio, o que difere um homem normal de um gênio é a descoberta do óbvio, o óbvio está em toda parte, o óbvio é óbvio, mas você consegue vê-lo? Tu te sentias só antes de mim, te sentias como a personagem da canção, o mundo é solitário, a solidão é uma parede, um muro enorme, um muro de Berlim, o amor é a força para derrubá-lo, mas onde encontrar essa força? Em nós mesmos, ela está cá dentro, dentro de mim, dentro de ti, dentro do padeiro da esquina, do policial corrupto, do bóia-fria, basta despertá-lo. O amor é contagioso já dizia algum filme de que não lembro o nome, outra música desse disco, uma de George Harrison diz 'Fazer amor o dia todo, fazer amor cantando canções', torne isso o décimo primeiro mandamento em sua vida, o amor bateu à sua porta, escancare as janelas e espalhe-o pelo mundo".
Algo dentro de mim novamente berrava, uma força incontida fazia-me sentir tão bem, hoje vi que há flores no asfalto.


Por: Mário Brandes

O Mandamento


Fim de tarde. O céu é tingido de um vermelho moribundo por leves e lentas pinceladas do arquiteto do universo, em todo dia quente este espetáculo natural me causa uma vertigem externamente silenciosa, internamente ensurdecedora. Como um espectador passivo assisto Deus brincar de Van Gogh, e inebriado pela poesia do momento sinto que me encontro comigo mesmo. Como saber se sou eu mesmo com quem me encontro? A resposta é simples: não sei. Existem respostas que não necessitam de perguntas e esta é uma delas. A razão nos abandona nos momentos mais difíceis e o instinto não serve de nada em crises existenciais ou outras coisas do gênero. O que me faz ter as certezas das respostas que afirmo sem perguntas é algo sem nome, que existe em nós e não é instinto ou razão, somos nós, somos nós de verdade, será isso a alma? Pode ser, mas não tenho segurança ou coragem de afirmar tal coisa.
Por mais que pareça ousada e bêbada de infantilidade, essas especulações cegas são dotadas de uma sinceridade aterrorizadora, pois partem do íntimo de algo que não se sabe ao certo o que é, algo tão fascinante e assustador como o reino dos mortos.
Após um longo mergulho em mim mesmo, afogado em vertigens e questionamentos, despertei. O espetáculo natural havia terminado sem que eu me desse conta, e agora o manto da noite já havia coberto o céu, enquanto eu, sentado no banco da praça, recuperava o que a sociedade chama de sanidade. Levantei-me, passei a mão pelo rosto, esfregando-o, disposto a novamente acostumar meus olhos à selva de pedra. Com passos incertos e vagarosos atravessei a rua.
Cheguei em casa, coloquei um disco de blues no aparelho de som, liguei a televisão no mudo e deitei-me no sofá. Passa na TV uma reportagem sobre a bomba atômica, rostos desesperados e corpos dilacerados garantiam a audiência da emissora, creio ter cochilado por uns instantes devido ao choque que me causaram as batidas na porta. Levantei-me para atender. Ao abrir me deparo com uma criatura dona de uma beleza violenta, uma jovem de aproximadamente 19 anos de idade, cabelo tingido de vermelho, uma pele tão branca que a deixava com um aspecto de extrema fragilidade, disse se chamar Mariana e ser prima de Paulo, o cara do apartamento ao lado, ela veio visitá-lo, mas ele não estava, disse que meu som estava alto e queria ouvir blues comigo até ele chegar.

CONTINUA...

Por: Mário Brandes

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Mudamos. Coisa louca, fazia tanto tempo que eu me sentia inadimplente com a minha obra, em conjunto com o Mário, é claro. Me sentia até angustiada, diria, por ser uma criatura que sempre busca coisas novas, entretanto percebia que a hora da mesmice chegou ao seu fim.
Para todos as coisas mudam em algum momento na vida, não é? Com o meu querido Efêmero & Irônico não foi diferente. Está ele aqui, de cara nova e com muitos novos planos, novas postagens, prometo de minha parte, mais compromisso e mais ironia... Divido com vocês que a satisfação a cada comentário que vejo abaixo dos posts é enorme, também a cada vez que me dizem: aconteceu mesmo? e por aí vai.
Quando perguntam daonde surgiu a parceria, digo do nada é porque foi mesmo. Simplesmente convidei e o cara e ele aceitou. Juntos agora essa parceria pretende outras evoluções.

Continuem a acompanhar as nossas efemeridades e ironias. Essa é parte que me cabe: agradecer quem acompanhou até aqui, comprometer-me em não os decepcionar pra que assim mostrem o blog para outros e tenhamos mais leitores.

Obrigado à todos.

Daíse Carvalho

Campanhas: Cães e Faculdade de Música

1. CÃES - A figura ao lado é um adesivo que é vendido na Shopping Dog. Como concordo em gênero, número e grau com a campanha do adesivo, estou divulgando-a no blog e no orkut.
Na escola José da Luz (onde voltei a trabalhar), temos um companheiro novo o Júnior, cão da vizinhança adotado pela comunidade escolar.
Na minha família sempre teve uma cultura de carinho e adoção aos cães de rua, que aparecem à porta de casa com seu olhar pidão, tanto que dos meus três cães, dois são adotados da rua (uma encontrada no cemitério!!!). Enfim, quem concorda com o que diz no adesivo ao lado deixe um comentário apoiando e um prato de comida ao cão de rua mais próximo de sua casa.

2. FACULDADE DE MÚSICA - Estou atrás de nomes para conseguir trazer novamente o vestibular de Educação Musical para a faculdade federal à distância de Itaqui. Quem se interessar faça contato comigo pelo msn mariobrandesjr@hotmail.com

Por: Mário Brandes



Mais que um lugar para as pessoas escreverem



A atmosfera tecnológica abrange agora outra, é quem fica do lado de fora das telinhas. Estamos assim conectados. Superconectados é verdade.
As frases acima unidas completam 140 caracteres, que são quantos cabe nas mensagens enviadas por celulares a toda hora e no mini blog do passarinho azul TWITTER. Tecnologia usada a todo instante. Dá para tuitar até pelo celular.
Além dos email-s, recados pelo Orkut, páginas do faceboock, conversas no MSN e toques no celular, estar em contato com tudo a qualquer hora, ainda não virou obsessão embora estejamos tão próximos disso.
A internet invadiu os celulares, a televisão, com isso peculiaridades do sistema de telefone móvel agora invadem uma página na mega rede de computadores. A história começou em 95, com a difusão das informações através da internet. Desde então cada vez mais o mundo digital se aprofunda e traz novidades surpreendentes e envolventes.
Todo mundo quer ser visto e quer ver, tudo e toda a hora. Conforme a pesquisa feita em julho deste ano, da empresa comScore, o conciso site twitter é utilizado por mais de 51,6 milhões de usuários no mundo.
Mas o site vai além de postagens pessoais, rotineiras. O interesse está em algo mais que dizer onde está e o que se faz, mas alguns dos usuários ainda não sabem que podem utilizá-lo como ideia além de relatos pessoais instantâneos. Mesmo que sucinto a página pode ser uma difusora de arte, cultura, notícias, educação, entretenimento inclusive campanhas, como a recente campanha fora Sarney.
Através do site os internautas também podem acompanhar acontecimentos, pelos perfis de empresas de comunicação ou de alguém que informe basta seguir essas pessoas, ou seja, acompanhar o que elas costumam postar diariamente.
Essa rede surgiu em março de 2006, nos primeiros anos não caiu no gosto do público, hoje a realidade está mudando, o popular Orkut e facebook vem sendo deixado de lado e o twitter conquistando espaço.
O queridinho da web começou a ter fama ano passado com as eleições presidenciais dos EUA, e nesse ano passou a ser usado pelas celebridades, há disputas internas entre eles para ver quem atinge maior número de seguidores. Mas o segredo está em não ter o perfil por ter, para ser interessante você precisa falar sobre assuntos de qualidade e postar o que é novo. Pois é justamente a novidade que o site apresenta literalmente a toda hora, a responsável pelo sucesso.
Entretanto apesar de ser considerada uma ferramenta de disseminação de opinião, não é a página que necessariamente está sendo mais usada. Em termos de competição o Orkut ganha por que de cada 10 internautas brasileiros sete acessam o site de relacionamentos.
Em relação à visibilidade crescente do site, leva-se em conta o perfil mais maduro de quem navega por essa rede social, 62% dos usuários do microblog têm entre 18 e 34 anos, em nosso país. Um em cada quatro internautas brasileiros com curso superior completo tuíta segundo pesquisa de abril desse ano feita pela Ibope Nielsen Online.
O Twitter é muito útil pelo fato de informar. Enquanto o popular Orkut é utilizado para encontrar os amigos, para saber da vida dos outros, não para saber o que está acontecendo no mundo.
Ele significa avanço por representar o que mais se busca na atmosfera tecnológica informação e instantaneidade.

Comentário estilo documentário: trabalho da disciplina de Lab. Impresso III


Por: Daíse Carvalho

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

A versão leve da Lei anti-fumo no RS

Há várias diferenças entre a lei anti-fumo implantada nos estados de São Paulo e Rio de Janeiro, para a lei gaúcha. Na última terça-feira o Plenário da Assembléia Legislativa aprovou a lei anti-fumo do Estado, proposta pelo deputado Miki Breier (PSB).
Trata-se da lei que restringe o cigarro e seus similares em recintos fechados de uso coletivo, com previsão de multa aos desobedientes. Uma das peculiaridades da lei no RS é que os proprietários de estabelecimentos terão o direito de optar por construir locais fechados para a ação dos fumantes. Contando com sistemas de ventilação e exautores, assim devem ser os agradáveis fumódromos, nos bares do sul. Enquanto isso, na lei paulista e carioca não é permitido fumar em ambientes fechados e nem em lugares reservados para usuários de tabaco nos restaurantes.
A lei passa a valer no mesmo dia, caso for sancionada pela governadora do estado, sem precisar de prazos para adaptação. Por não ser tão rigorosa, podemos interpretá-la como ingênua.
O projeto teve a previsão de multa de R$ 331,80, declarada pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). Enquanto em São Paulo a punição pode ser de R$ 1.585, segundo informações publicadas na Zero hora de terça. A medida aprovada pela Assembléia Legislativa do RS não pune gravemente quem fuma em locais fechados, e para completar a intenção amoral, mantém os fumódromos ativos.
Acontece que o Rio Grande do Sul é um dos principais produtores de fumo no país. É a justificativa do deputado Breier, por não implantar no Estado uma lei tão rigorosa quanto à imposta em São Paulo e Rio.
Além das diferenças das leis de anti-fumo, entre estados, o que deveria ser implantado seria algo mais que campanhas contra o tabaco e fotos depressivas no verso das carteiras. A importância da iniciativa, o objetivo da lei, está justamente no fato de chamar a atenção coletiva para uma questão que exige ações conscientes.
A lei demonstra o propósito de defender os fumantes passivos, os que até então são obrigados a conviver com o aroma de fumaça que adentra roupas, cabelos e ambientes quando compartilhados por adeptos ao tabaco.
Embora o Sindicato dos Bares, Restaurantes e Similares de Porto Alegre já ter declarado posicionamento contrário à implantação da lei anti-fumo gaúcha, ela só passa a valer se for sancionada pela governadora.
No entanto, o fato de a lei entrar ou não em vigor, de forma alguma impede que haja a autoconsciência dos usuários em respeito a quem não tem o vício.

Por: Daíse Carvalho

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

A verdadeira banda dos sonhos


Na última quinta-feira aconteceu o VMB 2009, premiação encabeçada pelo canal MTV aos nomes da música, do entretenimento e da cultura pop em geral. Dentre as categorias premiadas existia uma chamada "banda dos sonhos", em que através de votos online seriam escolhidos um baterista, um baixista, um guitarrista e um vocalista para fazer um som ao vivo. Os escolhidos foram o baixista e o vocalista da banda Fresno e o guitarrista e o baterista da Pitty.
O festival foi bem alternativo em suas indicações, mostrando bandas novas com ótimos trabalhos, entretanto suas premiações foram um tanto previsíveis. Durante o festival foram exibidos shows de bandas como Vivendo do Ócio e a gringa Franz Ferdinand.
Mas eis que a fênix ressurge flamejante no melhor show do festival: Erasmo Carlos. O tremendão foi acompanhado pelos atuais discípulos da Jovem Guarda, Gabriel Thomaz (Autoramas), Érika Martins (Ex-Penélope) e Nervoso (Nervoso e os Calmantes). Este foi sem dúvida o show mais rockeiro, onde o setentão Erasmo esbanjava rock'n'roll com a música Cover do novo disco, com direito a erro de letra, demonstrando o nervosismo que somente a naturalidade verdadeira dá. Junto a essa canção, os clássicos É Proibido Fumar e Festa de Arromba balançaram a noite. Confira aqui o show dessa que realmente mereceria a premiação de "banda dos sonhos".

Por: Mário Brandes

domingo, 4 de outubro de 2009

E tá faltando emprego no planeta dos macacos!


Eram mais ou menos umas 16h00min. A tarde trouxe consigo um ar abafado. Na frente do mesmo computador ao qual escrevo este post agora, eu preparava planos de aula para o meu estágio de Língua Portuguesa. O telefone tocou, embora ele estivesse ao meu lado esperei que ele tocasse mais duas vezes antes de atender, velhas manias que carrego desde a infância. A voz do outro lado da linha deu-me a notícia: eu estava desempregado.
Assim como eu, nesse dia, várias pessoas receberam a mesma inesperada e indesejada ligação. A descoberta de um furo na prefeitura despencou sobre as costas de vários estudantes trabalhadores naquela tarde abafada.
A verba do ano para a cidade tinha esgotado, medidas de contenção de gastos teriam de ser tomadas urgentemente pela administração pública. Uma dessas medidas foi o corte de grande parte de estagiários do CIEE pela prefeitura. E eu fui um dos "contemplados" entre estes.
Até o início deste ano, antes de arranjar este emprego, percorri cada milímetro da cidade em busca de trabalho, sem sucesso. Agora farei isso novamente, sabendo que cada rosto que cruza por mim na rua também o faz. Percebe-se claramente a relação de ligação entre os membros de uma sociedade quando a irresponsabilidade de um acarreta em um efeito dominó que prejudica boa parte da população do município. Enquanto isso, mantém-se secretarias de inutilidades e funcionários pagos pra coçar o saco, que surgem por parentesco ou amizade, mas nunca por mérito de trabalho.
Vendo tudo isso e comparando com as situações que vemos nos jornais e na televisão sobre a política brasileira, alcanço a respota de uma dúvida que há muito me perturba: Itaqui é pequena, mas sim faz parte efetiva do Brasil!

MÚSICA DE TRABALHO - LEGIÃO URBANA
(Renato Russo)

Sem trabalho eu não sou nada
Não tenho dignidade
Não sinto o meu valor
Não tenho identidade
Mas o que eu tenho
É só um emprego
E um salário miserável
Eu tenho o meu ofício
Que me cansa de verdade
Tem gente que não tem nada
E outros que tem mais do que precisam
Tem gente que não quer saber de trabalhar
Mas quando chega o fim do dia
Eu só penso em descansar
E voltar p'rá casa pros teus braços
Quem sabe esquecer um pouco
De todo o meu cansaço
Nossa vida não é boa
E nem podemos reclamar
Sei que existe injustiça
Eu sei o que acontece
Tenho medo da polícia
Eu sei o que acontece
Se você não segue as ordens
Se você não obedece
E não suporta o sofrimento
Está destinado a miséria

Mas isso eu não aceito
Eu sei o que acontece
Mas isso eu não aceito
Eu sei o que acontece
E quando chega o fim do dia
Eu só penso em descansar
E voltar p'rá casa pros teus braços
Quem sabe esquecer um pouco
Do pouco que não temos
Quem sabe esquecer um pouco
De tudo que não sabemos


Por: Mário Brandes


domingo, 27 de setembro de 2009

Duplo Assalto - Max Nunes


Cena: uma esquina escura. Homem parado no meio da rua. Chegam dois assaltantes, vindos um de cada lado, armados e falando quase ao mesmo tempo.

Os dois (em quase uníssono): Mãos ao alto!
Homem (levantando os braços): Oh!
Assaltante 1: Um momento, colega. Eu cheguei primeiro.
Assaltante 2: O colega está equivocado. Quem chegou primeiro fui eu.
Assaltante 1: Não é verdade. Quando eu acabei de dizer "ao alto", o senhor ainda estava em "mãos".
Assaltante 2: Absolutamente. Eu trabalho dentro da maior ética. Jamais roubei clientes de um colega.
Assaltante 1: Eu invoco o testemunho do cliente. (Para o homem:) O senhor, que tem uma aparência de pessoa honesta. Quem lhe apontou primeiro a arma?
Homem: Os senhores me desculpem, mas eu não gosto de dar palpite no trabalho dos outros.
Assaltante 2: Colega, o cliente está sendo retido desnecessariamente.
Assaltante 1: Culpa sua. Se não fosse o colega, o cliente já teria sido atendido, despachado e já estaria a caminho de casa. (Para o homem:) Pode abaixar os braços.
Homem (abaixando os braços): Obrigado.
Assaltante 2: Então, como vamos resolver esse impasse?
Homem: Posso dar uma sugestão? Eu estou com duzentos na carteira. Cem para cada um.
Assaltante 1: Não, senhor, eu não trabalho com abatimento.
Assaltante 2: Eu também não. É tudo ou nada. Sem desconto.
Assaltante 1: Então não tem assalto.
Assaltante 2: Não tem assalto. (Para o homem:) O senhor está liberado. Boa noite.
Assaltante 1: Boa noite. (Saem cada qual para seu lado.)
Homem (aliviado): É por isso que eu digo: quanto mais ladrão, melhor.

(Max Nunes. O pescoço da girafa. São Paulo, Compainha das Letras, 1997. p. 11-13)


Por: Mário Brandes

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

3º Dia da Responsabilidade Social - URCAMP 2009


Neste sábado (26/09), acontecerá na Urcamp de Itaqui (na escola Santa Teresa de Jesus), das 14h às 17h, o "3º Dia da Responsabilidade Social", evento aberto à comunidade que trará diversas atividades relativas aos cursos do campus.
Os acadêmicos de Letras, Educação Artística, Pedagogia e Ciências Contábeis apresentarão e/ou ministrarão atividades como:
- Sarau Literário
- Educação Fiscal
- Resolução de dúvidas contábeis
- Vernisage
- Oficina de artes
- Atividades recreativas
- Brincadeiras dirigidas
- Hora do conto
Pronta a propaganda geral, faço agora a propaganda específica. O curso de Letras (do qual faço parte) apresentará o Panorama Poético da Literatura Brasileira, onde será mostrada, de modo breve e dinâmico, a história da produção de poesia no Brasil através de representações teatrais, visuais e, obviamente, literárias. Todo mundo está convidado a assistir e participar, conhecendo e valorizando a cultura brasileira.


Por: Mário Brandes

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Analise da Semântica


O início do texto deve ser seguro, explanar do que vai se tratar. Declarou o professor, nessa trivial tarde. A pouco no final da aula conversava com meu mestre de Expressão Oral. Grande cara, um homem exemplar. Grande coisa, ora bolas, o que torna as duas primeiras linhas desse texto interessante para que quem leia possa concluir o que, o que...
Após dias em recesso, vou recomeçar, preciso fazer. Acompanhe.
Tem aulas que gosto muito é verdade, aprecio mesmo, Professor Escobar dá aulas contempláveis. Comentávamos sobre os estilos literários, sobre segmentos dos textos, sobre crônica, e os estilos dos cronistas.
Acabei confessando que meu interesse no assunto era aguçado tanto quanto a vontade de construir uma carreira promissora no que me proponho a estudar. Jornalismo.
Quando me dei conta, sobre os autores contemporâneos, que foram mencionados, havia dito que gosto muito das experiências compartilhadas de Martha Medeiros, que acho Percival Puggina um radicalista e David Coimbra com toda a admiração que me é permitida um contador de histórias e que convenhamos viaja legal. Mas quem não quer viajar, sair do ar às vezes, é que simplesmente a realidade é detestável por sermos forçados tolerar ela na maior do tempo.
Com o ar de mestre que lhe é peculiar de um doutor em comunicação o Dr. Escobar, proferiu as seguintes palavras: “Analiso a semântica nos textos que vocês produzem, não descarto o compromisso com a questão ortográfica, mas prefiro me arrestar nesse aspecto de argumentação.”
Eu admiro todo o professor que não se detêm no que é cobrado pelo programa (sistema), o mestre que faz questão de ensinar o que o aluno precisa saber. Aluno desenvolvido, mente brilhante é aquele autodidata.
Nem sempre quem faz todas as atividades é o mais inteligente. Digo por experiência própria, por uns anos eu mesma, era a primeira a estar com todo o caderno completo. Caderno completo e a obediência sem questionamentos desenvolveram um raciocínio dúbio. Sempre soube que definiam minha personalidade por curiosa demais para virar um andróide.
Pode ser leitor, que ler um livro de trezentas páginas, pareça significativo, em contraponto, não há experiência teórica que supere a prática. É necessária uma avaliação superior sobre esse conteúdo que extravasa o limite, de quem está ou não, preparado para conceber.
O que quero expressar é que quando se tem domínio de determinado tema, quem explica é compreendido facilmente, por que não se detêm em limites impostos. Contrário utiliza a melhor forma para tratar: falam com simplicidade. Simplicidade não é superficialidade.
Comecei um texto, do mesmo jeito que sempre começo, ou seja, sem saber como começar.
Estava há tempos sem escrever porque estou pensando em desistir dessa faculdade lassa. Meu professor pode ser um psicopata, pois, é para levar a resenha completa de todo polígrafo semana que vêm, com ortografia revisada. Meu caderno tem três folhas e meia copiadas. Meus colegas saíram do ar. Sempre fui péssima aluna, a vergonha da família.
E um bom cronista deve deixar um tom subjetivo no texto, dizia o livro que li hoje na aula de Expressão Oral.


Por: Daíse Carvalho

Os Bons Ladrões - Paulo Mendes Campos


Morando sozinha e indo à cidade em um dia de festa, uma senhora de Ipanema teve a sua bolsa roubada, com todas as suas jóias dentro. No dia seguinte, desesperada de qualquer eficiência policial, recebeu um telefonema:
- É a senhora de quem roubaram a bolsa ontem?
- Sim.
- Aqui é o ladrão, minha senhora.
- Mas como o... o senhor descobriu o meu número?
- Pela carteira de identidade e pela lista.
- Ah, é verdade. E quanto quer para devolver os meus objetos?
- Não quero nada, madame. O caso é que sou um homem casado.
- Pelo fato de ser casado, não precisa andar roubando. Onde estão as minhas jóias, seu sujeito ordinário?
- Vamos com calma, madame. Quero dizer que só ontem, por um descuido meu, minha mulher descobriu quem eu sou realmente. A senhora não imagina o meu drama.
- Escute uma coisa, eu não estou para ouvir graçolas de um ladrão muito descarado...
- Não é graçola, madame. O caso é que adoro minha mulher.
- E por que o senhor está me contando isso? O que me interessa são as jóias e a carteira de identidade (dá um trabalho danado tirar outra), e não tenho nada com a sua vida particular. Quero o que é meu.
- Claro, madame, claro. Estou lhe telefonando por isso. Imagine a senhora que minha mulher falou que me deixa imediatamente se eu não me regenerar...
- Coitada! Ir numa conversa dessas.
- Pois eu prometi nunca mais roubar em minha vida.
- E ela bancou a pateta de acreditar?
- Acho que não. Mas, o que eu prometo, eu cumpro; sou um homem de palavra.
- Um ladrão de palavra, essa é fina. As minhas jóias naturalmente o senhor já vendeu.
- Absolutamente, estão em meu poder.
- E quanto quer por elas? Diga logo.
- Não vendo, madame, quero devolvê-las. Infelizmente, minha mulher disse que só acreditaria em minha regeneração se eu lhe devolvesse as jóias. Depois ela vai lhe telefonar para checar.
- Pois fique sabendo que eu estou gostando muito de sua senhora. Pena uma pessoa de tanto caráter estar casada com um... homem fora da lei.
- É também o que eu acho. Mas gosto tanto dela que estou disposto a qualquer sacríficio.
- Meus parabéns. O senhor vai trazer-me as jóias aqui?
- Isso nunca. A senhora podia fazer uma suja.
- Uma o quê?
- A senhora, com o perdão da palavra, podia chamar a polícia.
- Prometo que não chamo, não por sua causa, por causa de sua senhora.
- Vai me desculpar madame, mas nessa eu não vou.
- Também sou uma mulher de palavra.
- O caso madame, é que nós, os desonestos, não acreditamos na palavra dos honestos.
- Tá. Mas como o senhor pretende fazer então?
- Estou bolando um jeito de lhe mandar as jóias sem perigo para mim e sem que outro ladrão possa roubá-las. A senhora não tem uma idéia?
- O senhor entende mais disso do que eu.
- É verdade. Tenho um plano: eu lhe mando umas flores com as jóias dentro dum pequeno embrulho.
- Não seria melhor eu encontrá-lo numa esquina?
- Negativo! Tenho meu pudor, madame.
- Mas não há perigo de mandar algo de tanto valor para uma casa de flores?
- Não. Vou seguir o entregador a uma certa distância.
- Então, vou ficar esperando. Não se esqueça da carteira.
- Dentro de vinte minutos está tudo aí.
- Sendo assim, muito agradecida e lembranças para sua senhora.
Dentro do prazo marcado, um menino confirmava, que em certas ocasiões, até os ladrões mandam flores e jóias.


Por: Mário Brandes

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

O Socorro - Millôr Fernandes

Ele foi cavando, cavando, cavando, pois sua profissão - coveiro - era cavar. Mas, de repente, na distração do ofício que amava, percebeu que cavara demais. Tentou sair da cova e não conseguiu. Levantou o olhar para cima e viu que, sozinho, não conseguiria sair. Gritou. Ninguém atendeu. Gritou mais forte. Ninguém veio. Enrouqueceu de gritar, cansou de esbravejar, desistiu com a noite. Sentou-se no fundo da cova, desesperado. A noite chegou, subiu, fez-se o silêncio das horas tardias. Bateu o frio da madrugada e, na noite escura, não se ouvia um som humano, embora o cemitério estivesse cheio dos pipilos e coaxares naturais dos matos. Só pouco depois da meia-noite é que lá vieram uns passos. Deitado no fundo da cova o coveiro gritou. Os passos se aproximaram. Uma cabeça ébria apareceu lá em cima, perguntou o que havia: "O que é que há?"
O coveiro então gritou, desesperado: "Tire-me daqui, por favor. Estou com um frio terrível!" "Mas, coitado!" - condoeu-se o bêbado. - "Tem toda razão de estar com frio. Alguém tirou a terra de cima de você, meu pobre mortinho!" E, pegando a pá, encheu-a de terra e pôs-se a cobri-lo cuidadosamente.

MORAL: NOS MOMENTOS GRAVES É PRECISO VERIFICAR MUITO BEM PARA QUEM SE APELA.


Por: Mário Brandes

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Educador ou professor?


É dito pelas mais variadas bocas, nas mais variadas línguas do mundo, que a educação é o maior de todos os problemas e também a melhor das soluções.
Em congressos e seminários sobre educação quem faz o curso de licenciatura ou completa o magistério ganha a alcunha de "educador". Concordo que a escola está no patamar de uma instituição formadora de opinião e carrega a bandeira (da tentativa) de criar cidadãos críticos capazes de fazer escolhas próprias, intelectualmente independentes. Entretanto, as discussões focam-se em questões disciplinares, buscam compreensão dos motivos que afetam o comportamento do aluno, esquecendo-se em grande parte da matéria a ser ensinada. Como proporcionar uma formação intelectual deixando o conhecimento em segundo plano?
Essa própria nomenclatura de "educador" sugere o ensino de um padrão de comportamento e não de partilha de conhecimento. Hoje, os professores recém formados entram em sala de aula e deparam-se com a tarefa de pedir e/ou exigir respeito ao invés de ensinar português, matemática ou biologia. Os verdadeiros educadores são - ou ao menos teriam de ser - os componentes da família que, mesmo estruturada, já não desempenha seu papel, empurrando ao professor a missão de educar seus filhos.
O maior problema da educação não é a má qualificação dos professores, mas sim a obrigação destes em atuar no lugar dos atores principais: os pais.

Por: Mário Brandes

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Imperativo: ouça!



2009 - Iê Iê Iê - Arnaldo Antunes

O ano de 2009 já era há tempos anunciado como o ano beatle devido a criação do game Beatles: Rock Band, entretanto o clima de revival não se encerrou por aí. Ainda com inspirações sessentistas, a cantora Pitty lançou o hit Me Adora, com uma pegada pop que remete à Jovem Guarda. O tremendão Erasmo Carlos lançou o disco Rock'n'Roll mostrando que um senhor de sua idade pode ser muito mais rocker do que um guri de 14 anos.
Agora, seguindo no clima, me cai nos ouvidos Iê Iê Iê, novo álbum do ex-Titã Arnaldo Antunes. Supreendentemente o disco não traz os concretismos e experimentalismos poéticos do cantor e compositor, pelo contrário, também lembrando bastante a Jovem Guarda, o álbum traz canções despretensiosas e divertidas, belas pela simplicidade.

  • Iê Iê Iê
  • A Casa é Sua
  • Aonde você for
  • Vem cá
  • Longe
  • Invejoso
  • Envelhecer
  • Sua menina
  • Um Kilo
  • Sim ou Não
  • Meu coração
  • Luz Acesa
DOWNLOAD

Por: Mário Brandes

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

O preço da liderança


Essa semana, não lembro exatamente o dia, voltando pra casa após uma manhã de trabalho, conversava com meu amigo Rodrigo sobre a liderança. Então, como uma bomba sobre Hiroshima, ele solta a afirmativa: "A liderança é uma coisa muito importante, sempre precisamos de alguém que leve a culpa por nós". Esta frase entranhou-se em mim de tal maneira que nos momentos mais diferentes do dia, sem pensar, ela ecoava, ensurdecedora, dentro da minha cabeça.
Nunca tinha pensando nas coisas sob este prisma. Um líder sofre uma exposição gigantesca, mesmo sendo um tirano, no final ele sofrerá consequências pelos erros alheios. Aí se sustenta a organização hierárquica, não se deve respeitar alguém em um posto mais elevado que o seu porque você é inferior ou incapaz de realizar o trabalho dele, mas tão somente pelo fato de que é ele o principal responsável, se o trabalho se mostrar glorioso, seu nome será louvado, mesmo que este só tenha coordenado, entretanto, se algo der errado, o nome do líder será manchado e um estigma marcará sua vida.
O líder - devido a exposição do nome - sempre tem um quê de mártir. Cristo que o diga.
Ontem na faculdade, assistimos a um documentário sobre a civilização Maia. Os monarcas deste povo ofereciam sangue extraído de sua genitália aos deuses em troca da prosperidade das plantações que sustentavam a comunidade. Fosse esse costume cultivado nos dias de hoje, faltariam líderes políticos no Brasil.


Por: Mário Brandes

sábado, 12 de setembro de 2009

El nombre del hombre es pueblo


A resistência e descontentamento do povo hondurenho em relação ao golpe de estado, que depôs o então presidente Manuel Zelaya em junho desse ano, segue forte. Hoje assisti no youtube o vídeo do guri de 10 anos militando contra o golpe e fiquei encantando não com o fato de uma criança estar falando "coisas de adulto", mas com a inquietação coletiva que ele despertava, provocando um fenômeno sociológico, direcionando e motivando as massas para um objetivo em comum: depor os golpistas.
Os estudos do filósofo da sociologia Émile Durkheim afirmam que quando reunidas, influenciadas pelo contexto, as pessoas sofrem uma espécie de "troca de personalidade", é como se todas se tornassem apenas uma, pensando e agindo igual conforme a massa. Dessa forma, enxergando a massa como um único ser, conclui-se que se existe um super-herói, ou "o cara", o homem, capaz de resistir às imposições descabidas e lutar pelo que de fato acha justo, o nome desse homem é povo.

Por: Mário Brandes

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Nada de novo sob o sol


Tanto a crítica quanto o público tem uma forte obsessão por rótulos que classifiquem qualquer característica em comum entre diversas expressões culturais.
Uma dessas novas divisões - que surgem a cada segundo na era cibernética - está sendo chamada de new grave, onde as bandas adotam uma postura dark, lembrando tanto no visual quanto na estética musical a onda das "bandas de preto" dos anos 80.
Um dos expoentes do chamado new grave é a banda britânica The Horrors (foto), pra quem duvidava da semelhança com os dark's dos anos 80 é só ver a pinta de The Cure da foto. Sem contar que é impossível não comparar o vocalista cantando com o Ian Curtis, do Joy Division.
Todo mundo sabe que tudo já foi feito e que todas estradas levam à Roma, entretanto, essas "novas tribos" que surgem a cada dia retomam de modo tão explícito o que já foi feito que a ânsia por algo novo é maior do que o número de bandas que nascem e morrem a cada instante.

Por: Mário Brandes

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Imperativo: ouça!



1985 - Televisão - Titãs

Aproveitando o tema do post abaixo, disponibilizo Televisão, segundo álbum dos Titãs. Ainda com os 8 componentes originais (!!!), o álbum de forte influência new wave, conta com a primeira versão da faixa-título, grudenta, divertida e inteligente.

  • Televisão
  • Insensível
  • Pavimentação
  • Dona Nenê
  • Pra dizer adeus
  • Não vou me adaptar
  • Tudo vai passar
  • Sonho com você
  • O homem cinza
  • Autonomia
  • Massacre
DOWNLOAD


2009 - C_mpl_te - Móveis Coloniais de Acaju

Sem dúvida uma das maiores bandas da atualidade brasileira, o 'maiores bandas' deve ser compreendido em todos os sentidos da palavra, visto que a banda conta com 10 componentes!
A divertida banda brasiliense mistura rock, ska e ritmos do leste europeu, lembrando um pouco os Paralamas do Sucesso. Já os vi na televisão algumas vezes, e a bagunça generalizada que o show se torna é um dos pontos positivos, mas não o único, já que as letras inteligentes e humoradas junto com a pegada festiva da maioria das músicas tornam o Móveis uma grande banda não somente em número de músicos. Destaque para as faixas O Tempo e Cheia de manha.

  • Adeus
  • Lista de Casamento
  • O tempo
  • Cão-guia
  • Descomplica
  • Café com leite
  • Pra manter ou mudar
  • Bem natural
  • Falso retrato
  • Cheia de manha
  • Sem palavras
  • Indiferença
DOWNLOAD


Por: Mário Brandes

Deu na TV


Não existe argumento que derrube a afirmação de que a televisão foi o invento que causou maior impacto na humanidade no século XX.
Sendo hoje, junto com a internet, o maior meio de comunicação de massa existente no mundo, a televisão transformou-se na maior arma de imposição e massificação de pensamento que o homem já criou.
Não que a TV seja de todo ruim, muito pelo contrário, a capacidade de levar informação e entretenimento aos mais longínquos recantos do planeta é um feito de extrema importância.
A TV influencia muito no modo de pensar das pessoas. No período da ditadura militar brasileira (1964 - 1985) intensificou-se uma campanha patriótica com o fim de criar um orgulho civil capaz de esconder as tristezas das torturas feitas aos "subversivos". Esse orgulho da época do "milagre econômico" perdura até hoje. Cegamente, senhoras e senhores batem no peito , orgulhosamente ufanistas, nostálgicos do seu país de "ordem e progresso".
O problema reside no fato de que tudo que passa na TV é tomado por verdade absoluta por boa parte da população - principalmente nessa época em que vivemos, em que a insatisfação com a situação política não é traduzida em uma oposição forte, mas sim em uma repulsa à política, o que apenas fortacele quem está no poder - e a falta de seriedade e responsabilidade de grande parte dos empresários de comunicação que visam apenas interesses próprios, tornando telespectadores marionetes guiadas pelas ondas televisivas.

Por: Mário Brandes

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

O melhor amigo do bicho é o bicho!


Estou lendo para um trabalho de literatura infanto-juvenil o clássico Os Saltimbancos de Chico Buarque, texto da peça que já perdi a conta de quantas vezes assisti, sempre encantado, nessas minhas quase duas décadas de vida.
O livro narra a história de quatro animais - um jumento, uma galinha, um cachorro e uma gata - abandonados por seus donos, que decidem seguir a carreira musical, afinal "quem não sabe fazer mais nada, mas nada mesmo, pode virar artista".
Ainda mergulhado nas páginas do texto, me deparo com uma frase dita pelo Jumento que ecoou em minha cabeça, era ela: "O melhor amigo do bicho é o bicho".
E tenho que dar razão ao Jumento. Sábias palavras para um bicho tirado pra burro (em todos os sentidos). Se tem uma coisa que me dá uma raiva, é maltratar animais, a irresponsabilidade das pessoas chega ao ponto de ver o bicho de estimação como mais um objeto, algo não diferente de uma cafeteira ou um liquidificador, que não precisam de nada, nenhum cuidado especial, que apenas tem de fazer o seu trabalho.
Não bastando as barbaridades realizadas contra os animais, que vemos na TV cada vez com mais frequência, existem as barbaridades cotidianas de donos irresponsáveis que amarram seus cães em cordas tão pequenas quanto seu cérebro, deixando-os com um espaço insignificante de locomoção e ainda surpreendendo-se com a irritação do animal. DÃ! Você não ficaria também irritado se vivesse amarrado em um espaço de menos de um metro?
É triste saber que o cão é o melhor amigo do homem, mas que o melhor amigo do cão é o cão. Ou como já disse o sábio Jumento: 'O melhor amigo do bicho é o bicho'.

Por: Mário Brandes

domingo, 30 de agosto de 2009

E a Tchuby não é um ET!


Sempre me senti muito deslocado em várias situações cotidianas, por gostar de coisas diferentes ou pensar de maneira diferente do que a maioria das pessoas da minha idade.
Sou brasileiro apenas por uma questão geográfica, pois detesto carnaval, não acho muita graça em futebol e ODEIO o típico jeitinho brasileiro (leia irresponsável), somente esses pequenos aspectos já fazem com que eu fique um tanto perdido no meio da multidão.
Uma amiga minha, a Tchuby, (que presenteio com o título do post) disse que se sentia uma extraterrestre por gostar de coisas que a maioria das pessoas da idade dela não curtem. A própria Daíse escreveu um post sobre o seu descontentamento em relação à geração da qual ela pertence e de sua falta de identificação.
Com base nesses dados, vejo que não sou o único descontente e que de fato cada pessoa é única - embora muitos sejam muito parecidos - e embora se tenham características semelhantes, não se pode fazer tantas generalizações. Já dizia Millôr Fernandes: "Todas generalizações estão erradas, menos esta". No fim das contas sou um brasileiro afastado do esteriótipo e a Tchuby não é nenhum ET.

Por: Mário Brandes

sábado, 29 de agosto de 2009

Imperativo: Ouça!

Pensei em começar esse post dizendo que tinha iniciado uma nova seção no blog, mas seria mentira. A nova seção seria para downloads de discos, coisa que já fiz anteriormente. O que aconteceu foi batizar a seção, nomeá-la como "Imperativo".
Sempre tive esse lance de recomendação com coisas que gosto, de mostrar para outras pessoas coisas que eu gostava, sejam discos, livros, filmes, revistas, etc. Mas o jeito de mostrar era um pouco imperativo, quase uma ordem, não era algo do tipo "se quiser escutar isso...", e sim coisas do tipo "Ouça isto!". Existe o risco do disco, ou livro, ou qualquer outra coisa recomendada tornar-se essencial - quem sabe mudar a vida da pessoa? - mas para isso é necessário que a "vítima" experimente. Então, ouça:



2009 - Shaka Rock - Jet

Terceiro álbum da banda australiana que faz um hard rock divertido e grudento, capaz de grudar nos ouvidos em poucas audições. O clipe da música de trabalho She's a genius já rodava exaustivamente na MTV antes do lançamento do disco. O lançamento me causou grandes perspectivas e não fui decepcionado.


  1. K.I.A (Killed In Action)
  2. Beat on repeat
  3. She's a genius
  4. Black Hearts (On fire)
  5. Seventeen
  6. La di da
  7. Goodbye Hollywood
  8. Walk
  9. Time like this
  10. Let me out
  11. Start the show
  12. She holds a grudge
  13. Don't break me down
  14. Everything will be allright
DOWNLOAD




2009 - Hein? - Ana Cañas

A cena alternativa brasileira gradativamente está ganhando espaço, graças à popularidade da internet e sites de divulgação de trabalhos como o Trama e o MySpace. O artista hoje, se não é lançado na internet, pelo menos é popularizado por ela, tornando-se independente de meios de comunicação como a televisão, por exemplo. Em seu novo disco, Ana Cañas, mostra seu som moderno que mistura jazz, rock e música brasileira. A jovem e charmosa fã de Ella Fitzgerald, entre contrabaixos distorcidos, boas levadas de guitarra e participação de gente da estirpe de Arnaldo Antunes, no seu novo trabalho, mostra o que há de melhor em sua arte.

  1. Na multidão
  2. Coçando
  3. Na medida do impossível
  4. Esconderijo
  5. Sempre com você
  6. Chuck Berry fields forever
  7. Gira
  8. Problema tudo bem
  9. Aquário
  10. A menina e o cachorro
  11. Não quero mais
  12. O amor é mesmo estranho
DOWNLOAD


Por: Mário Brandes

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

As mães são todas iguais... E os filhos também

Meninos e meninas, todos os filhos são iguais. Dão os mesmos “pitis” para terem o que querem, eles dão as mesmas preocupações, recusam a comida do mesmo jeito, e sujam as fraldas e as roupas do mesmo jeito.
As mães aprendem com os filhos, sempre acreditei nisso. Apesar de a minha mãe nunca confessar, com medo de que ficássemos sem modéstia nenhuma. O que nuca me ocorreu, modestamente falando.
Outro dia a caminho, vi filho e mãe chegando em casa. Cheia de sacolas do mercado a mulher magra alta e forte, alcança a chave para um menino de mais ou menos uns cinco anos.
O menino era lindo, cabelo cacheadinho, magrinho também, mas uma magreza saudável, é claro. E deve ser desses bem “tinhosos”. Todo guri criança que é bonitinho é tinhoso e até os que não são tão bonitinhos.
_ Abra a porta para mim filho!
E lá se foi correndo o piá, atrapalhado caiu no chão e sujou o moletom do homem-aranha que vestia. É que eu notei só no moletom quando ele levantou pude ver o estado de terra qual se encontravam as calças jeans. E a mãe dele também viu.
Esperto o menino notou a olhada que a mãe deu em sua roupa. Antes que ela o repreendesse suplicou:
_ Desculpa Mãe. Desculpa Mãe. Desculpa, desculpa...
_ Ahh não Lorenzo, olha só isso, agora pede desculpas! O estado da roupa.
_ Mas Mãe, a senhora disse que quando fazemos coisas erradas deve-se pedir desculpas não é?
_ Sim, mas, devia ter pensado antes de sair correndo como um louco, não teria tropeçado, não teria caído e essa roupa não estaria imunda a essa hora.
Ela parou no meio do caminho com as sacolas aparentemente pesadas e ficou discutindo com a criança.
_ Eu lavo mãe. Tentando minimizar a tragédia do dia que fora culpado.
_ Não você não lava, quem tem que ir para a máquina sou eu. Pensei: quanta dificuldade colocar uma peça de roupa dentro da máquina. Parece que o guri ouviu meu pensamento e respondeu.
_Mas mãe, então se é só colocar na máquina...
_ LORENZO! Aí ela gritou, ele tinha respondido para ela, uma afronta com cinco anos de idade – que gênio! Eu observava.
Um dia me disseram que os Gabriéis, Rafaéis, Júniors, Vitors, Joãos e Pedros, (nomes que geralmente as mães criativas batizam seus filhos), que os meninos que tem esses nomes são teimosos, ativos, curiosos quando crianças. O conceito tinha caído ali mesmo por terra e literalmente, o nome do guri era Lorenzo. Ele tentou de novo.
_ Mãe me desculpa.
_ Desculpas?! Você deve ser mais calmo, não deve se sujar desse jeito, NINGUÉM se suja assim. E não diga que vai lavar suas roupas sou eu quem faz isso.
_Então não vou lavar mãe, não vou correr, nem vou me sujar, está bem?
_ Eu conheço você, amanhã é outra muda de roupa suja.
Eu duvidei da sanidade dela naquele momento, a discussão era patética já estava indo embora. E o guri falou.
_ Então nesse caso eu nunca mais peço desculpas para ninguém! A porta está aberta mãe.
Com a resposta dele eu segui meu caminho, não fiquei pra escutar as próximas palavras que aquela demolidora de sonhos iria proferir. Já tinha escutado um sábio naquele dia.

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Procura-se rapaz latino-americano sem dinheiro no banco


No último domingo (23/08) o Fantástico exibiu uma matéria sobre o desaparecimento do cantor e compositor Belchior. Após a reportagem, o caso tomou grande repercussão e agora o Brasil e o mundo se pergunta onde está o cara que escreveu "Como nossos pais".
Auto-exílio, jogo de marketing, preparação secreta de um novo disco ou apenas um espairecer? São inúmeras as hipóteses levantadas sobre o motivo do sumiço e embora tenha sido visto no ano passado - ao participar de surpresa em um show do Tom Zé - não existe ainda nada concreto sobre o porquê do desaparecimento.
A mim, fã de Belchior, só resta lamentar que entre tanta gente que poderia muito bem desaparecer - o próprio Zeca Camargo, por exemplo, seria uma boa - tenha sido ele o sumido.
Segue abaixo o link para o download de Alucinação, um dos melhores discos de Belchior e, sem sombra de dúvida, uma das maiores obras da música brasileira.


1976 - Alucinação - Belchior













  1. Apenas um rapaz latino-americano
  2. Velha roupa colorida
  3. Como nossos pais
  4. Sujeito de sorte
  5. Como o diabo gosta
  6. Alucinação
  7. Não leve flores
  8. À palo seco
  9. Fotografia 3x4
  10. Antes do fim
DOWNLOAD


Por: Mário Brandes

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Jogo ou bochincho!



Na última terça-feira (25/08), o presidente do senado José Sarney teve derrubada a sua tese de que a casa se normalizaria após o arquivamento dos processos que pesam sobre suas costas.
A insatisfação geral da nação quanto a permanência de Sarney no senado é palpável, tão concreta quanto um bloco de pedra. Com a notícia de arquivamento dos processos contra o peemedebista, 5 integrantes do senado renunciaram como forma de protesto. Para o senador Almeida Lima (PMDB - SE) - aliado de Sarney - a atitude da oposição é "uma demonstração da incapacidade (...) eles não sabem ver suas teses derrotadas".
Direto da tribuna, o senador Eduardo Suplicy (PT - SP) como forma de demonstrar o seu descontentamento com a permanência de Sarney, dirigiu um cartão vermelho ao presidente do senado.






A atitude de Suplicy, muito provavelmente, não surtirá o menor efeito, já que Sarney é o dono da bola e está se lixando para as regras do jogo nesse grande futebol de várzea que é o senado brasileiro.


Por: Mário Brandes

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

O que se espera da juventude?



Há uma dúvida em meio a avanços tecnológicos e decorrer de tempo histórico. A respeito de algum conceito ou teoria, sobre mundo político-social, que os jovens possuem hoje em dia. Não existe viva alma que saiba. Está cada vez mais difícil de descobrir.
Estamos no mês em que se comemoram os quarenta anos do mais importante festival de música, simplesmente algo histórico, três dias, meio milhão de jovens refletindo sobre o mundo político, econômico, “social”; questionando, conversando e... bem outras coisas a mais.
Sabe-se que esse povo todo ficou esses três dias acampados, sem banho ou não, comendo ou não, sem água ou não. A multidão estava ali. Foi revolucionário e surpreendente até hoje. Eles estavam todos movidos por uma sede de mudança e de revolução, desejando o incomum: o World Best.
Existia toda perspectiva violenta possível no mundo na época, enquanto o Brasil estava em tempos de ditadura, os EUA e Vietnã se encontravam em guerra. Motivos suficientes para despertar o sentimento de protesto, em várias pessoas de todo o planeta que reuniram-se em uma fazenda no interior de NY. Entre eles, outro mundo, outra energia, paz, amor, harmonia, ideias novas e música, muita música. Era o clima de Woodstock.
Podem me questionar se era nascida naquele tempo para saber se foi assim. Claro que não. Não sei como foi. Vi reportagens e pesquisei na internet, vi fotos. Imagens me transmitiram a sensação e o espírito de esperança daquele horror de gente. Todo mundo sabe que eles não conseguiram mudar nada. O mundo harmonioso que a geração sessentona sonhou nunca existiu. Lastimável e realista conclusão.
Contudo, percebe-se neles o que não há a muito tempo: jovens inconformados. Não há jovens que questionem a desigualdade social, as injustiças, direitos como cidadãos com sede de mudança.
Não existem adolescentes que assistam ao Jornal Nacional, que leiam jornal, demonstrem interesses pelo mundo. A alienação intelectual não é o que se espera de uma juventude.
Mas a de hoje é alienada porque é mais fácil optar que a política seja chata. Ter em mente que a minha geração não vai mudar o mundo, a geração dos meus pais tentou e não conseguiu. A única coisa que fizeram foi dar impeachment em um presidente corrupto nos anos 80. É muito mais habitual escutar funk’s com letras idiotas (irracionais), e sertanejos gritantes ensurdecedores de péssimas rimas, que preferir ritmos transmissores de bom conteúdo cantados por artistas de sonora qualidade, digo qua-li-da-de.
Ninguém mais quer mudar nada, está tudo bem. Para que reivindicar? A alienação não trás levantamentos, nem ao menos inquietações, ela é cômoda. É o Orkut, MSN, Twitter, e o que mais inventarem quem move os jovens, a revolução é virtual, o domínio é eletrônico.
É intransigente tentar um diálogo com quem é afastado por própria vontade do mundo real. Como mencionar -transformação social- com alguém que tem por hábito de leitura e escrita o seu e o perfil dos amigos da internet. Poderiam ler um livro, um jornal, para desencantar o costume de leitura, sabedoria não ocupa espaço.
A essa aceitação, me vejo contrária a essa conformidade. É muito difícil criticar as atitudes dos jovens sendo um deles. Quem sabe eu tenha nascido no tempo errado.

Por: Daíse Carvalho

sábado, 22 de agosto de 2009

Por que ler afinal?

Muito se fala, e não é de hoje, sobre a importância da leitura. Na faculdade de Letras que curso, um assunto sempre abordado é a formação de leitores.
Bate-se muito na tecla de que o jovem de hoje não gosta de ler, o que é uma verdade, entretanto, acredito que a maneira com que muitas vezes se tenta fazer com que esta pessoa se torne um leitor é ineficaz.
Fazer com que um guri de 14 anos engula Machado de Assis à força é algo cotidiano no ambiente escolar. Mas, se a leitura dos clássicos - daqueles que representam as letras brasileiras - não despertam interesse, o que despertaria?
O erro se encontra justamente na leitura obrigatória, que é realizada a contragosto para tirar a média em uma prova. Outro problema é que às vezes quem tenta formar um leitor, também não é um leitor de fato, assumindo em sala de aula um personagem que fala um texto que decorou durante toda sua graduação e que representará até a aposentadoria.
"Quem sabe ler, sabe tudo", "quem não lê é servo de quem lê", "ler também é um exercício", todas essas máximas são verdadeiras, porém o que nunca é dito é que quem lê, lê porque é divertido. A lembrança mais remota que tenho do meu saudoso pai é de o ver lendo gibi e rindo sinceramente, prazerosamente. Isso fez com que eu também quisesse ler, afinal, eu também queria entender o que aquelas letras amontoadas tinham de mágico para tornar pequenos momentos tão alegres.
Quer formar um leitor? Siga a receita:
Torne-se um primeiramente, mas torne-se sinceramente, não faço da leitura uma obrigação. Leitura é acima de tudo diversão. Apenas isso. Não diga que ler é bom, mostre que ler é bom.


Por: Mário Brandes

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Narciso acha feio o que não é espelho



Sempre gostei de mitologia, acho um barato as tentativas - muitas vezes de uma inocência poética - de compreender o mundo. Dos mitos surgiram várias expressões que usamos em nosso cotidiano, como por exemplo a palavra "narcisista" que designa a pessoa que é apaixonada por sua própria beleza.
Na história grega, Narciso era um rapaz encantado por sua beleza que ao descobrir e ficar admirando seu reflexo em um lago, caiu e morreu afogado, no lugar da morte nasceu a flor a qual hoje conhecemos por Narciso.
Conversando e pensando sobre o assunto, cheguei a conclusão de que todo mundo (ou a maioria das pessoas) é narcisista quando se aproxima de alguém. Eu, particularmente, sempre fui o típico bicho do mato, na minha, sem fazer questão de mudar o meu jeito para me aproximar de alguma pessoa. Idealista, sempre formei concepções precipitadas que mais tarde seriam destruídas, tombadas como uma das torres do World Trade Center em 2001. Buscava no sexo oposto coisas em comum comigo, numa tentativa exasperada de me encontrar em alguém, ao invés de encontrar apenas uma pessoa bacana. Atitude típica do personagem mitológico do qual já narrei a história.
Narcisismo? egoísmo? certamente. Entretanto todo mundo é narcisista e egoísta, sabe e nega, ou nega mesmo sem saber, é um defeito de fábrica da indústria da humanidade. Admitir isso pede um exercício de autocrítica que às vezes se faz dolorido, mas é a única forma de se tentar melhorar ou ao menos de conhecer a si próprio.
Escrever sobre si mesmo dá medo, pois as pessoas passam a te conhecer, é anulada sua autopreservação, mas, busco verdade e liberdade e - parafraseando Luís Fernando Veríssimo - a única pessoa realmente livre é aquela que não tem medo do ridículo.


Por: Mário Brandes