quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Precisa-se de meninas seguras


Garotada passeando no fim da tarde, namorados curtindo o pôr-do-sol, mamães e filhinhos na pracinha, e o começo de uma noite leve chegando. A praça ficava tão bonita ao entardecer, parece que o sol beijava a copa das árvores e dava sua última espiadela no dia.
Presenciar tanta beleza e depois olhar para mim, só fazia sentir por fora de tudo aquilo. Achava tudo muito bonito, mas faltava algo para que ficasse a vontade. Depois descobri que o problema era comigo mesmo. Anti-social, incomunicável e chateada por ver tantas meninas exibindo seus shorts, suas pernas, seus óculos escuros. As minhas lentes cheias de círculos concêntricos faziam ver claramente a minha diferença. Para disfarçar meu peso (na época), usava roupas números maiores, por isso em meus shorts cabiam mais um par de pernas, em minha camiseta mais uma de mim.
E hoje o que temos? Elas. As novas garotas são ousadas e cheias de opiniões próprias, as iniciantes adolescentes saíram por aí desbravando tudo que viam pela frente, obtendo sucesso. O mundo é o limite para elas, quanto mais pessoas se conhecer virtual ou pessoalmente, melhor. Os interesses mudaram como tudo que a gente vê.
Dúvida não é uma palavra que as adolescentes de hoje conheçam, elas entendem é de certezas. É o diferencial das gerações. As jovens de agora andam em bandos, para auto-afirmação talvez. E suas certezas acabam em um momento em especial, quando são questionadas sobre si mesmas.
Uma prima veio visitar a gente no verão uma vez, aquele verão mudou tudo. Mudou o estilo de roupas, melhorou o comportamento, surgiram as lentes de contato. A segurança em si mesma é a única coisa que não se pode ensinar. É preciso se encontar, primeiramente, antes de querer compreender os desiguais.
Ser popular, reconhecida faz parte do estilo convencional. A popularidade foi o desejo da universitária Geisy Arruda, que está fazendo render os quinze minutos de fama em um mês com participações na TV. Ela é uma dessas atrevidas e ousadas, como eu nunca fui. Embora a certeza sobre sua personalidade e sobre seu futuro seja tão intensa quanto o tamanho de seu vestido. Da mesma forma com que a coragem para a exposição de sua figura, seja tão acentuada quanto a falta de democracia em conjunto, dos colegas dela de faculdade. Vejo nela a segurança que não encontrava em mim, admiro por isso. Nessa tarde as minhas lentes quebraram e os círculos concêntricos voltaram a me fazer enxergar melhor.

Por: Daíse Carvalho

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Leitura e fazer textual


A nova tendência da literatura é a brevidade nos textos. Hoje é preciso prender a atenção do leitor em poucas linhas. O sucesso da novidade se deve a instantaneidade que veio da internet para os livros. Microcontos é como são chamados os breves textos em que o objetivo do autor é sangrar em mínimas linhas.

Esse gênero, que de acordo com a teoria literária não é reconhecido como tal, é um bebê. Surgiu em 2004. Pode ser chamado de miniconto, nanoconto ou como eu preferi microconto. O objetivo é totalidade, não há espaço nem tempo para detalhes. Talvez não seja considerado literário ainda, por passar apenas a síntese da idéia, enquanto a tarefa de entender a narrativa e por que não dizer imaginar a história, ficam por conta do leitor.

Ousado método em que 150 caracteres, muitas vezes podem ser até menos, assumem o papel de contar um história. Precisam ser breves para que dê tempo dos leitores desfrutarem. Desafio desesperador para os autores experientes e escritores amadores como eu. E aos que gostam de história com detalhes, por exemplo, ficam só na imaginação. Vire-se. É a impressão que o conto dá, como se te contasse uma notícia pela metade.

E essa diversidade de leituras que nos abraça com braços e pernas, oferece tantos meios para repassar ideias, que faz entender a dificuldade do papel de quem estimula o interesse dos recptores de seus pensamentos. Enquanto uns buscam originalidade ou inclusive a interatividade com os leitores. Há quem acredite que a melhor saída é ser simples, afinal com humildade também se conquista.

Quanto aos microcontos, ou a tendência perdurará ou conseguirei.


Por: Daíse Carvalho

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

A mesma moeda tem o mesmo valor?

O desespero em relação à violência que cada vez mais toma conta do país faz com que, a cada instante, surjam "super-heróis" que usam o discurso da violência contra a violência.
É muito comum que a população se impressione com discursos mamãe-quero-ser-fascista de Datenas, Ratinhos e demais wannabe's da vida que prometem "acabar com a violência na porrada" ou "matar todos os assassinos". É de se concordar que muitas vezes a situação é revoltante, entretanto, pagar na mesma moeda - embora às vezes pareça - quase nunca é a alternativa correta.
Na medida em que se promete "matar todos os assassinos", os conceitos se dispersam e já não se torna claro quem é o verdadeiro criminoso e a quem se deve temer.
Os direitos humanos existem para serem respeitados e todo mundo é inocente até que se prove o contrário, infelizmente muitas vezes a justiça acaba beneficiando o criminoso, mas essa é uma questão delicada. Como julgar alguém? É uma vida humana que está em jogo.
Estas "soluções" desesperadamente práticas e assassinas não resolvem nada, se há uma solução efetiva, esta tem de ser coerente com o discurso. Ou vocês imaginam um padre dizendo: "Olha irmãos, ou vocês se amam como Cristo os amou ou quebro a fuça de vocês!"?
Tudo resume-se na frase de Gandhi: "Olho por olho e o mundo acabará cego".


Por: Mário Brandes