domingo, 27 de setembro de 2009

Duplo Assalto - Max Nunes


Cena: uma esquina escura. Homem parado no meio da rua. Chegam dois assaltantes, vindos um de cada lado, armados e falando quase ao mesmo tempo.

Os dois (em quase uníssono): Mãos ao alto!
Homem (levantando os braços): Oh!
Assaltante 1: Um momento, colega. Eu cheguei primeiro.
Assaltante 2: O colega está equivocado. Quem chegou primeiro fui eu.
Assaltante 1: Não é verdade. Quando eu acabei de dizer "ao alto", o senhor ainda estava em "mãos".
Assaltante 2: Absolutamente. Eu trabalho dentro da maior ética. Jamais roubei clientes de um colega.
Assaltante 1: Eu invoco o testemunho do cliente. (Para o homem:) O senhor, que tem uma aparência de pessoa honesta. Quem lhe apontou primeiro a arma?
Homem: Os senhores me desculpem, mas eu não gosto de dar palpite no trabalho dos outros.
Assaltante 2: Colega, o cliente está sendo retido desnecessariamente.
Assaltante 1: Culpa sua. Se não fosse o colega, o cliente já teria sido atendido, despachado e já estaria a caminho de casa. (Para o homem:) Pode abaixar os braços.
Homem (abaixando os braços): Obrigado.
Assaltante 2: Então, como vamos resolver esse impasse?
Homem: Posso dar uma sugestão? Eu estou com duzentos na carteira. Cem para cada um.
Assaltante 1: Não, senhor, eu não trabalho com abatimento.
Assaltante 2: Eu também não. É tudo ou nada. Sem desconto.
Assaltante 1: Então não tem assalto.
Assaltante 2: Não tem assalto. (Para o homem:) O senhor está liberado. Boa noite.
Assaltante 1: Boa noite. (Saem cada qual para seu lado.)
Homem (aliviado): É por isso que eu digo: quanto mais ladrão, melhor.

(Max Nunes. O pescoço da girafa. São Paulo, Compainha das Letras, 1997. p. 11-13)


Por: Mário Brandes

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

3º Dia da Responsabilidade Social - URCAMP 2009


Neste sábado (26/09), acontecerá na Urcamp de Itaqui (na escola Santa Teresa de Jesus), das 14h às 17h, o "3º Dia da Responsabilidade Social", evento aberto à comunidade que trará diversas atividades relativas aos cursos do campus.
Os acadêmicos de Letras, Educação Artística, Pedagogia e Ciências Contábeis apresentarão e/ou ministrarão atividades como:
- Sarau Literário
- Educação Fiscal
- Resolução de dúvidas contábeis
- Vernisage
- Oficina de artes
- Atividades recreativas
- Brincadeiras dirigidas
- Hora do conto
Pronta a propaganda geral, faço agora a propaganda específica. O curso de Letras (do qual faço parte) apresentará o Panorama Poético da Literatura Brasileira, onde será mostrada, de modo breve e dinâmico, a história da produção de poesia no Brasil através de representações teatrais, visuais e, obviamente, literárias. Todo mundo está convidado a assistir e participar, conhecendo e valorizando a cultura brasileira.


Por: Mário Brandes

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Analise da Semântica


O início do texto deve ser seguro, explanar do que vai se tratar. Declarou o professor, nessa trivial tarde. A pouco no final da aula conversava com meu mestre de Expressão Oral. Grande cara, um homem exemplar. Grande coisa, ora bolas, o que torna as duas primeiras linhas desse texto interessante para que quem leia possa concluir o que, o que...
Após dias em recesso, vou recomeçar, preciso fazer. Acompanhe.
Tem aulas que gosto muito é verdade, aprecio mesmo, Professor Escobar dá aulas contempláveis. Comentávamos sobre os estilos literários, sobre segmentos dos textos, sobre crônica, e os estilos dos cronistas.
Acabei confessando que meu interesse no assunto era aguçado tanto quanto a vontade de construir uma carreira promissora no que me proponho a estudar. Jornalismo.
Quando me dei conta, sobre os autores contemporâneos, que foram mencionados, havia dito que gosto muito das experiências compartilhadas de Martha Medeiros, que acho Percival Puggina um radicalista e David Coimbra com toda a admiração que me é permitida um contador de histórias e que convenhamos viaja legal. Mas quem não quer viajar, sair do ar às vezes, é que simplesmente a realidade é detestável por sermos forçados tolerar ela na maior do tempo.
Com o ar de mestre que lhe é peculiar de um doutor em comunicação o Dr. Escobar, proferiu as seguintes palavras: “Analiso a semântica nos textos que vocês produzem, não descarto o compromisso com a questão ortográfica, mas prefiro me arrestar nesse aspecto de argumentação.”
Eu admiro todo o professor que não se detêm no que é cobrado pelo programa (sistema), o mestre que faz questão de ensinar o que o aluno precisa saber. Aluno desenvolvido, mente brilhante é aquele autodidata.
Nem sempre quem faz todas as atividades é o mais inteligente. Digo por experiência própria, por uns anos eu mesma, era a primeira a estar com todo o caderno completo. Caderno completo e a obediência sem questionamentos desenvolveram um raciocínio dúbio. Sempre soube que definiam minha personalidade por curiosa demais para virar um andróide.
Pode ser leitor, que ler um livro de trezentas páginas, pareça significativo, em contraponto, não há experiência teórica que supere a prática. É necessária uma avaliação superior sobre esse conteúdo que extravasa o limite, de quem está ou não, preparado para conceber.
O que quero expressar é que quando se tem domínio de determinado tema, quem explica é compreendido facilmente, por que não se detêm em limites impostos. Contrário utiliza a melhor forma para tratar: falam com simplicidade. Simplicidade não é superficialidade.
Comecei um texto, do mesmo jeito que sempre começo, ou seja, sem saber como começar.
Estava há tempos sem escrever porque estou pensando em desistir dessa faculdade lassa. Meu professor pode ser um psicopata, pois, é para levar a resenha completa de todo polígrafo semana que vêm, com ortografia revisada. Meu caderno tem três folhas e meia copiadas. Meus colegas saíram do ar. Sempre fui péssima aluna, a vergonha da família.
E um bom cronista deve deixar um tom subjetivo no texto, dizia o livro que li hoje na aula de Expressão Oral.


Por: Daíse Carvalho

Os Bons Ladrões - Paulo Mendes Campos


Morando sozinha e indo à cidade em um dia de festa, uma senhora de Ipanema teve a sua bolsa roubada, com todas as suas jóias dentro. No dia seguinte, desesperada de qualquer eficiência policial, recebeu um telefonema:
- É a senhora de quem roubaram a bolsa ontem?
- Sim.
- Aqui é o ladrão, minha senhora.
- Mas como o... o senhor descobriu o meu número?
- Pela carteira de identidade e pela lista.
- Ah, é verdade. E quanto quer para devolver os meus objetos?
- Não quero nada, madame. O caso é que sou um homem casado.
- Pelo fato de ser casado, não precisa andar roubando. Onde estão as minhas jóias, seu sujeito ordinário?
- Vamos com calma, madame. Quero dizer que só ontem, por um descuido meu, minha mulher descobriu quem eu sou realmente. A senhora não imagina o meu drama.
- Escute uma coisa, eu não estou para ouvir graçolas de um ladrão muito descarado...
- Não é graçola, madame. O caso é que adoro minha mulher.
- E por que o senhor está me contando isso? O que me interessa são as jóias e a carteira de identidade (dá um trabalho danado tirar outra), e não tenho nada com a sua vida particular. Quero o que é meu.
- Claro, madame, claro. Estou lhe telefonando por isso. Imagine a senhora que minha mulher falou que me deixa imediatamente se eu não me regenerar...
- Coitada! Ir numa conversa dessas.
- Pois eu prometi nunca mais roubar em minha vida.
- E ela bancou a pateta de acreditar?
- Acho que não. Mas, o que eu prometo, eu cumpro; sou um homem de palavra.
- Um ladrão de palavra, essa é fina. As minhas jóias naturalmente o senhor já vendeu.
- Absolutamente, estão em meu poder.
- E quanto quer por elas? Diga logo.
- Não vendo, madame, quero devolvê-las. Infelizmente, minha mulher disse que só acreditaria em minha regeneração se eu lhe devolvesse as jóias. Depois ela vai lhe telefonar para checar.
- Pois fique sabendo que eu estou gostando muito de sua senhora. Pena uma pessoa de tanto caráter estar casada com um... homem fora da lei.
- É também o que eu acho. Mas gosto tanto dela que estou disposto a qualquer sacríficio.
- Meus parabéns. O senhor vai trazer-me as jóias aqui?
- Isso nunca. A senhora podia fazer uma suja.
- Uma o quê?
- A senhora, com o perdão da palavra, podia chamar a polícia.
- Prometo que não chamo, não por sua causa, por causa de sua senhora.
- Vai me desculpar madame, mas nessa eu não vou.
- Também sou uma mulher de palavra.
- O caso madame, é que nós, os desonestos, não acreditamos na palavra dos honestos.
- Tá. Mas como o senhor pretende fazer então?
- Estou bolando um jeito de lhe mandar as jóias sem perigo para mim e sem que outro ladrão possa roubá-las. A senhora não tem uma idéia?
- O senhor entende mais disso do que eu.
- É verdade. Tenho um plano: eu lhe mando umas flores com as jóias dentro dum pequeno embrulho.
- Não seria melhor eu encontrá-lo numa esquina?
- Negativo! Tenho meu pudor, madame.
- Mas não há perigo de mandar algo de tanto valor para uma casa de flores?
- Não. Vou seguir o entregador a uma certa distância.
- Então, vou ficar esperando. Não se esqueça da carteira.
- Dentro de vinte minutos está tudo aí.
- Sendo assim, muito agradecida e lembranças para sua senhora.
Dentro do prazo marcado, um menino confirmava, que em certas ocasiões, até os ladrões mandam flores e jóias.


Por: Mário Brandes

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

O Socorro - Millôr Fernandes

Ele foi cavando, cavando, cavando, pois sua profissão - coveiro - era cavar. Mas, de repente, na distração do ofício que amava, percebeu que cavara demais. Tentou sair da cova e não conseguiu. Levantou o olhar para cima e viu que, sozinho, não conseguiria sair. Gritou. Ninguém atendeu. Gritou mais forte. Ninguém veio. Enrouqueceu de gritar, cansou de esbravejar, desistiu com a noite. Sentou-se no fundo da cova, desesperado. A noite chegou, subiu, fez-se o silêncio das horas tardias. Bateu o frio da madrugada e, na noite escura, não se ouvia um som humano, embora o cemitério estivesse cheio dos pipilos e coaxares naturais dos matos. Só pouco depois da meia-noite é que lá vieram uns passos. Deitado no fundo da cova o coveiro gritou. Os passos se aproximaram. Uma cabeça ébria apareceu lá em cima, perguntou o que havia: "O que é que há?"
O coveiro então gritou, desesperado: "Tire-me daqui, por favor. Estou com um frio terrível!" "Mas, coitado!" - condoeu-se o bêbado. - "Tem toda razão de estar com frio. Alguém tirou a terra de cima de você, meu pobre mortinho!" E, pegando a pá, encheu-a de terra e pôs-se a cobri-lo cuidadosamente.

MORAL: NOS MOMENTOS GRAVES É PRECISO VERIFICAR MUITO BEM PARA QUEM SE APELA.


Por: Mário Brandes

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Educador ou professor?


É dito pelas mais variadas bocas, nas mais variadas línguas do mundo, que a educação é o maior de todos os problemas e também a melhor das soluções.
Em congressos e seminários sobre educação quem faz o curso de licenciatura ou completa o magistério ganha a alcunha de "educador". Concordo que a escola está no patamar de uma instituição formadora de opinião e carrega a bandeira (da tentativa) de criar cidadãos críticos capazes de fazer escolhas próprias, intelectualmente independentes. Entretanto, as discussões focam-se em questões disciplinares, buscam compreensão dos motivos que afetam o comportamento do aluno, esquecendo-se em grande parte da matéria a ser ensinada. Como proporcionar uma formação intelectual deixando o conhecimento em segundo plano?
Essa própria nomenclatura de "educador" sugere o ensino de um padrão de comportamento e não de partilha de conhecimento. Hoje, os professores recém formados entram em sala de aula e deparam-se com a tarefa de pedir e/ou exigir respeito ao invés de ensinar português, matemática ou biologia. Os verdadeiros educadores são - ou ao menos teriam de ser - os componentes da família que, mesmo estruturada, já não desempenha seu papel, empurrando ao professor a missão de educar seus filhos.
O maior problema da educação não é a má qualificação dos professores, mas sim a obrigação destes em atuar no lugar dos atores principais: os pais.

Por: Mário Brandes

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Imperativo: ouça!



2009 - Iê Iê Iê - Arnaldo Antunes

O ano de 2009 já era há tempos anunciado como o ano beatle devido a criação do game Beatles: Rock Band, entretanto o clima de revival não se encerrou por aí. Ainda com inspirações sessentistas, a cantora Pitty lançou o hit Me Adora, com uma pegada pop que remete à Jovem Guarda. O tremendão Erasmo Carlos lançou o disco Rock'n'Roll mostrando que um senhor de sua idade pode ser muito mais rocker do que um guri de 14 anos.
Agora, seguindo no clima, me cai nos ouvidos Iê Iê Iê, novo álbum do ex-Titã Arnaldo Antunes. Supreendentemente o disco não traz os concretismos e experimentalismos poéticos do cantor e compositor, pelo contrário, também lembrando bastante a Jovem Guarda, o álbum traz canções despretensiosas e divertidas, belas pela simplicidade.

  • Iê Iê Iê
  • A Casa é Sua
  • Aonde você for
  • Vem cá
  • Longe
  • Invejoso
  • Envelhecer
  • Sua menina
  • Um Kilo
  • Sim ou Não
  • Meu coração
  • Luz Acesa
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Por: Mário Brandes

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

O preço da liderança


Essa semana, não lembro exatamente o dia, voltando pra casa após uma manhã de trabalho, conversava com meu amigo Rodrigo sobre a liderança. Então, como uma bomba sobre Hiroshima, ele solta a afirmativa: "A liderança é uma coisa muito importante, sempre precisamos de alguém que leve a culpa por nós". Esta frase entranhou-se em mim de tal maneira que nos momentos mais diferentes do dia, sem pensar, ela ecoava, ensurdecedora, dentro da minha cabeça.
Nunca tinha pensando nas coisas sob este prisma. Um líder sofre uma exposição gigantesca, mesmo sendo um tirano, no final ele sofrerá consequências pelos erros alheios. Aí se sustenta a organização hierárquica, não se deve respeitar alguém em um posto mais elevado que o seu porque você é inferior ou incapaz de realizar o trabalho dele, mas tão somente pelo fato de que é ele o principal responsável, se o trabalho se mostrar glorioso, seu nome será louvado, mesmo que este só tenha coordenado, entretanto, se algo der errado, o nome do líder será manchado e um estigma marcará sua vida.
O líder - devido a exposição do nome - sempre tem um quê de mártir. Cristo que o diga.
Ontem na faculdade, assistimos a um documentário sobre a civilização Maia. Os monarcas deste povo ofereciam sangue extraído de sua genitália aos deuses em troca da prosperidade das plantações que sustentavam a comunidade. Fosse esse costume cultivado nos dias de hoje, faltariam líderes políticos no Brasil.


Por: Mário Brandes

sábado, 12 de setembro de 2009

El nombre del hombre es pueblo


A resistência e descontentamento do povo hondurenho em relação ao golpe de estado, que depôs o então presidente Manuel Zelaya em junho desse ano, segue forte. Hoje assisti no youtube o vídeo do guri de 10 anos militando contra o golpe e fiquei encantando não com o fato de uma criança estar falando "coisas de adulto", mas com a inquietação coletiva que ele despertava, provocando um fenômeno sociológico, direcionando e motivando as massas para um objetivo em comum: depor os golpistas.
Os estudos do filósofo da sociologia Émile Durkheim afirmam que quando reunidas, influenciadas pelo contexto, as pessoas sofrem uma espécie de "troca de personalidade", é como se todas se tornassem apenas uma, pensando e agindo igual conforme a massa. Dessa forma, enxergando a massa como um único ser, conclui-se que se existe um super-herói, ou "o cara", o homem, capaz de resistir às imposições descabidas e lutar pelo que de fato acha justo, o nome desse homem é povo.

Por: Mário Brandes

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Nada de novo sob o sol


Tanto a crítica quanto o público tem uma forte obsessão por rótulos que classifiquem qualquer característica em comum entre diversas expressões culturais.
Uma dessas novas divisões - que surgem a cada segundo na era cibernética - está sendo chamada de new grave, onde as bandas adotam uma postura dark, lembrando tanto no visual quanto na estética musical a onda das "bandas de preto" dos anos 80.
Um dos expoentes do chamado new grave é a banda britânica The Horrors (foto), pra quem duvidava da semelhança com os dark's dos anos 80 é só ver a pinta de The Cure da foto. Sem contar que é impossível não comparar o vocalista cantando com o Ian Curtis, do Joy Division.
Todo mundo sabe que tudo já foi feito e que todas estradas levam à Roma, entretanto, essas "novas tribos" que surgem a cada dia retomam de modo tão explícito o que já foi feito que a ânsia por algo novo é maior do que o número de bandas que nascem e morrem a cada instante.

Por: Mário Brandes

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Imperativo: ouça!



1985 - Televisão - Titãs

Aproveitando o tema do post abaixo, disponibilizo Televisão, segundo álbum dos Titãs. Ainda com os 8 componentes originais (!!!), o álbum de forte influência new wave, conta com a primeira versão da faixa-título, grudenta, divertida e inteligente.

  • Televisão
  • Insensível
  • Pavimentação
  • Dona Nenê
  • Pra dizer adeus
  • Não vou me adaptar
  • Tudo vai passar
  • Sonho com você
  • O homem cinza
  • Autonomia
  • Massacre
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2009 - C_mpl_te - Móveis Coloniais de Acaju

Sem dúvida uma das maiores bandas da atualidade brasileira, o 'maiores bandas' deve ser compreendido em todos os sentidos da palavra, visto que a banda conta com 10 componentes!
A divertida banda brasiliense mistura rock, ska e ritmos do leste europeu, lembrando um pouco os Paralamas do Sucesso. Já os vi na televisão algumas vezes, e a bagunça generalizada que o show se torna é um dos pontos positivos, mas não o único, já que as letras inteligentes e humoradas junto com a pegada festiva da maioria das músicas tornam o Móveis uma grande banda não somente em número de músicos. Destaque para as faixas O Tempo e Cheia de manha.

  • Adeus
  • Lista de Casamento
  • O tempo
  • Cão-guia
  • Descomplica
  • Café com leite
  • Pra manter ou mudar
  • Bem natural
  • Falso retrato
  • Cheia de manha
  • Sem palavras
  • Indiferença
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Por: Mário Brandes

Deu na TV


Não existe argumento que derrube a afirmação de que a televisão foi o invento que causou maior impacto na humanidade no século XX.
Sendo hoje, junto com a internet, o maior meio de comunicação de massa existente no mundo, a televisão transformou-se na maior arma de imposição e massificação de pensamento que o homem já criou.
Não que a TV seja de todo ruim, muito pelo contrário, a capacidade de levar informação e entretenimento aos mais longínquos recantos do planeta é um feito de extrema importância.
A TV influencia muito no modo de pensar das pessoas. No período da ditadura militar brasileira (1964 - 1985) intensificou-se uma campanha patriótica com o fim de criar um orgulho civil capaz de esconder as tristezas das torturas feitas aos "subversivos". Esse orgulho da época do "milagre econômico" perdura até hoje. Cegamente, senhoras e senhores batem no peito , orgulhosamente ufanistas, nostálgicos do seu país de "ordem e progresso".
O problema reside no fato de que tudo que passa na TV é tomado por verdade absoluta por boa parte da população - principalmente nessa época em que vivemos, em que a insatisfação com a situação política não é traduzida em uma oposição forte, mas sim em uma repulsa à política, o que apenas fortacele quem está no poder - e a falta de seriedade e responsabilidade de grande parte dos empresários de comunicação que visam apenas interesses próprios, tornando telespectadores marionetes guiadas pelas ondas televisivas.

Por: Mário Brandes

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

O melhor amigo do bicho é o bicho!


Estou lendo para um trabalho de literatura infanto-juvenil o clássico Os Saltimbancos de Chico Buarque, texto da peça que já perdi a conta de quantas vezes assisti, sempre encantado, nessas minhas quase duas décadas de vida.
O livro narra a história de quatro animais - um jumento, uma galinha, um cachorro e uma gata - abandonados por seus donos, que decidem seguir a carreira musical, afinal "quem não sabe fazer mais nada, mas nada mesmo, pode virar artista".
Ainda mergulhado nas páginas do texto, me deparo com uma frase dita pelo Jumento que ecoou em minha cabeça, era ela: "O melhor amigo do bicho é o bicho".
E tenho que dar razão ao Jumento. Sábias palavras para um bicho tirado pra burro (em todos os sentidos). Se tem uma coisa que me dá uma raiva, é maltratar animais, a irresponsabilidade das pessoas chega ao ponto de ver o bicho de estimação como mais um objeto, algo não diferente de uma cafeteira ou um liquidificador, que não precisam de nada, nenhum cuidado especial, que apenas tem de fazer o seu trabalho.
Não bastando as barbaridades realizadas contra os animais, que vemos na TV cada vez com mais frequência, existem as barbaridades cotidianas de donos irresponsáveis que amarram seus cães em cordas tão pequenas quanto seu cérebro, deixando-os com um espaço insignificante de locomoção e ainda surpreendendo-se com a irritação do animal. DÃ! Você não ficaria também irritado se vivesse amarrado em um espaço de menos de um metro?
É triste saber que o cão é o melhor amigo do homem, mas que o melhor amigo do cão é o cão. Ou como já disse o sábio Jumento: 'O melhor amigo do bicho é o bicho'.

Por: Mário Brandes