sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Laicismo no Estado: uma questão de respeito.

Sou católico e vou à missa. Sinto-me confortável ao participar dos ritos dessa religião, fazendo isso de modo espontâneo e não apenas seguindo uma tradição cultural imposta por instituições que foram sólidas durante a juventude de minha bisavó e que deixaram marcas que perduram até hoje, fazendo com que muitas pessoas tenham comportamentos automáticos nunca antes questionados.
A espiritualidade humana é subjetiva e individual, tenho o direito de mostrar porque acho certa a minha concepção e tentar convencer alguém de que estou certo, entretanto, não posso impor a ninguém essas concepções. Tudo isso pelo simples motivo de que cada pessoa tem de encontrar sua própria espiritualidade e, certos ou errados, todos merecem respeito.
Entretanto, em nosso país, a religião católica é a religião oficial e nas escolas existe o ensino religioso que - agora com menos força - passa os preceitos desta religião aos alunos. A simples existência de uma religião oficial já é um desrespeito aos cidadãos, fosse a religião que fosse, ainda mais em um país marcado pela miscigenação e pela mescla de culturas - onde convivem adeptos do catolicismo, espiritismo, candomblé e várias outras religiões.
Um Estado laico não é a "perdição", o "apocalipse" ou uma "ameaça socialista", mas é sim uma instituição que respeita TODAS as pessoas no que condiz à sua espiritualidade, tomando assim uma postura democrática de fato e não uma teocracia enrustida ou algo que o valha.


Por: Mário Brandes

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

As pessoas mais felizes do mundo


As mães são todas donas de um poder, aptas de certa magia elas devem ter algum pacto com não sei que força atmosférica. Elas têm sim, é certo que tem. Ser único inigualável, ser mãe há de ser extraordinário. Contudo ser filho, em algumas situações seja um tanto desconfortável.

É o porto seguro de todo mundo, a rainha do lar e do coração, uma deusa de beleza e harmonia. Céus...É possível dar conta de ser a dona de um lar impecável e harmônico enquanto seus filhos as vezes se dizem insatisfeitos com as regras impostas pelas mães? Dá sim, há várias mães que fazem isso.

Há tanta injustiça nesse mundo, que não faço a mínima ideia de como eu mesma sou filha da mãe que tenho. Talvez ela me perdoe algum dia, eu não! Sempre valorizei tanto as mães, em outros temas e textos, referi-me a favor das divinas criaturas. Observo com encanto e zelo por todas, elas são o máximo. O pior é que tem pleno conhecimento disso. Por isso impõe sempre suas vontades desde quando somos ingênuos demais para arriscar a discordar, criam em nós pequenas fotocópias de si mesmo, ou então alguém com valores, no mínimo, iguais. Ensinam tudo sem cobrar nada com muita paciência esperam que seus filhos aprendam que sigam todas as regras e sigam pelo lado certo.

O “certo”, é um atravanco, mas todas a vezes em que não fui com ele aguentei consequências desagradáveis. A minha, a sua, as nossas mães são todas unha e carne com o “certo”. Decidem tudo por nós quando pequenos e quando um pouco maiores tentam nos conter nas respostas mal dadas e atrevimentos de leve. Quando adolescentes ou às vezes adultos a casa cai, porque nos transformamos em cérebros independentes, com nossas opiniões e concepções, por lógica diferente do modo de pensar de nossas mães.

Conseguem confundir a cabeça de muita gente, quando essas fazem perguntas filosóficas geralmente quando criança, aquelas dúvidas inteligentes. Na infância as dúvidas são lindas, quando crescemos é para ser assim e está decidido e ponto final.

Elas sabem que são o máximo, estão cientes de seu poder absoluto desde quando descobrem que estão grávidas e realizam o exame de ultra-sonografia para escutar nosso coração, sentem nos mexer dentro da barriga, nos vêm nascer, chorar, berrar, mamar e dizer: Mãe. Dia desses descubro de onde vem tanta força, tanta superioridade e humanidade ao mesmo tempo. E por que sempre a mãe dos outros parecemenos braba que a da gente. Sabem de tudo que vai acontecer não entendo como podem adivinhar. Esse jeito de saber tudo sempre acaba deixando muito filho louco, louco pra fazer tudo ao contrário do que dizem.

Deve ser lindo ser mãe! Ter poder sobre outra pessoa ser inteiramente responsável por ela, ser mãe é invejável, embora eu não seja invejosa. As mães são as pessoas mais felizes do mundo.


Por: Daíse Carvalho

domingo, 17 de janeiro de 2010

A cor da esperança


Minha amiga Jassana foi fazer a redação da UFSM e esta tinha como centro da dissertação a figura do presidente norte-americano Barack Obama. O texto deveria discorrer a partir da questão: "Porquê as pessoas odiariam Barack Obama?".
Ao saber dessa questão fiquei um pouco intrigado, afinal, o atual presidente dos Estados Unidos é uma figura pop e embora ainda não tenha realizado os grandes feitos políticos que a população espera que ele realize, ele é bem quisto pela maioria das pessoas, não apenas de seu país, mas do mundo inteiro.
Tendo um grande histórico de racismo nos Estados Unidos, a eleição de Obama foi um símbolo de reação ao conservadorismo deste país. Entretanto, acho um pouco imprudente que depositem todas as esperanças de mudança em uma pessoa apenas pela cor de sua pele. E essas esperanças são jogadas aos montes sobre as costas do presidente que até mesmo já ganhou um prêmio Nobel. Essa atitude faz com que as pessoas esperem que Obama seja um coringa, a última tentativa, a peça chave para a democracia americana.
Se o que se espera da figura de Barack Obama não for concretizado, este será martirizado e, possivelmente, de súbito se deslocará da figura de super-heroi para a de vilão. O ato de não corresponder às expectativas mundiais pode ser um dos motivos pelos quais o primeiro presidente negro da história dos Estados Unidos da América venha a ser odiado. É o preço da liderança, o líder existe para levar a glória por todos, mas também para carregar os erros das outras pessoas como estigmas marcados na pele. Como diria - cantaria - Humberto Gessinger: "Obama é pop, o pop não poupa ninguém".


Por: Mário Brandes

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Ensaio sobre a Ex-Cegueira



Nesta semana, mais precisamente no dia 13, a Polícia Civil, juntamente com a Brigada Militar, deu batida na maioria dos pontos de jogo do bicho de Itaqui, apreendendo os materiais relativos à esta prática.
Durante toda a minha infância acreditei que o jogo do bicho fosse uma atividade legalizada tamanha a abertura com que era realizada na cidade. A impressão dada pelo jogo era de quase um sistema de integração entre as camadas sociais: pobres, ricos, remediados, vagabundos, estudantes e autoridades, todos rendiam-se à tentação de fazer uma fézinha.
Acredito que não era somente eu que tinha reparado no quanto o jogo acontecia abertamente no município mas, ao que parece, a polícia enxergou somente esta semana o que todo mundo já via constantemente há mais de 20 anos. E, num estouro repentino, no despertar de um transe, resolveu fazer o seu trabalho que é o de dar um jeito em tudo aquilo que está fora dos padrões prescritos pelas leis.
Hoje o jornal estampa a imagem da hipocrisia que é a pose daqueles que gabam-se de terminar com algo que fingiam não ver há muito tempo.
José Saramago, no seu famoso romance - que nunca consegui terminar de ler - Ensaio sobre a Cegueira, descreve uma epidemia de cegueira que repentinamente toma conta de seus personagens. Estaria acontecendo em Itaqui uma epidemia inversa? Quem não via passou a enxergar por um motivo ainda desconhecido? Talvez uma virose, um mal jeito...
Não tenho conhecimento do motivo que ocasionou esta epidemia em nossa cidade, mas, mesmo assim, peço encarecidamente, para encerrar, uma salva de palmas aos mais novos ex-cegos da nossa terra!


Por: Mário Brandes

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Contra o tempo


Está acabando a semana, estão acabando minhas férias, daqui a pouco acaba o ano, a década, outras décadas, a vida, o mundo (será?) e eu tenho tanta coisa pra fazer. Merda, esse tempo sempre me sacaneia, correndo incansavelmente e eu comendo poeira nesta competição.
Depois desse parágrafo, paro e penso 'Que diabos afinal tanto tenho que fazer?' e, com um sorriso amarelo, respondo a mim mesmo que não sei. Todavia, existe uma sensação de algo a ser preenchido. Comecei este post sem saber o que escrever, continuo sem saber e com certeza o terminarei sem saber. Mas, mesmo assim, sinto necessidade de escrever, mesmo que ninguém leia, ou que alguém leia com indiferença, pode ser que isso seja uma espécie de protesto para que o tempo abandone um pouco sua sina de maratonista desesperado e sente-se em um lugar qualquer, veja as coisas que o rodeiam e faça uma piada qualquer sobre as pessoas que correm desesperadas todos os dias sem saber exatamente pra quê.
Ao meu lado, o livro do Jorge Amado espera pra ser terminado, Dona Flor e os demais personagens anseiam por ver sua história saltar aos meus olhos através das palavras do escritor baiano. Os fones de ouvido me deixam a par dos berros de Chris Cornell em Cochise, enquanto o primeiro álbum do Audioslave toca no mp3. Minhas palhetas perdidas esperam para serem encontradas ou substituídas por outras novas. Outras palavras esperam para serem escritas aqui, outras esperam para serem escritas em algum outro lugar, outras esperam para serem ditas, outras esperam para serem caladas. Um amor me espera em um lugar improvável ou em lugar muito óbvio. Alegrias me esperam. Tristezas me esperam. Novos sons me esperam. Coisas que eu nem imagino me esperam. É, tem muita coisa pra acontecer. Tanta coisa e o tempo me sacaneia e ainda nem mesmo encontrei minhas palhetas. Merda.


Por: Mário Brandes

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Quando a calça não fecha



Você pode desejar felicidade, saúde, paz e tudo de melhor, para realizar nesse ano que recém começa, mas, emagrecer está na lista dos desejos e deveres para o ano de dois mil e dez. É o que almeja oito a cada dez mulheres.
Agora pergunte para uma mulher o que ela realmente quer que aconteça em 2010. Respostas diferentes podem surgir, alguma pode desejar mais de trezentos pares de sapatos em seu armário, várias mulheres almejarem que o marido seja promovido na empresa, que seu cabelo acorde de bem consigo mesma todas as 365 manhãs do ano. Mas do fundo do coração, talvez nem tão fundo assim, elas querem perder algumas gramas.
A questão toda envolve esforço. Muito empenho para manter a forma, o corpo em harmonia estética. A obsessão contagia desde as adolescentes até as avós delas, é um drama que as mulheres entram sem querer e permanecem muitas vezes por capricho ou exagero mesmo. Talvez, porque hoje o estereótipo de mulher perfeita, corresponde a magricelas como a monumental Gisele Bündchen ou a Fernanda Lima.
E para ajudar as mais preocupadas, trabalham as nutricionistas, que além de profissionais, são amigas que incentivam as pacientes a se cuidarem, respeitando os limites de seu organismo, com muita disciplina. A bem da verdade as mulheres nem sempre cuidam seu peso utilizando a balança, aliás, essa já está desacreditada. A forma mais eficaz de perceber se estamos mais cheinhas é quando a calça jeans não entra. Justo a que nos deixa elegante, a que parece ser peça única que valoriza nossas formas... Querida! Não entra mais.
Nessa hora o pânico toma conta, a paranóia domina o cérebro que já não colabora, a auto-estima vai ao último grau e o espelho se transforma em rival. Atiram-se todas as roupas em cima da cama, nada fica bem. Chegou a depressão.
O sonho passa a ser voltar a vestir a calça. Apela-se para dietas absurdas, remédios perigosos e alimentação inadequada. Nada adianta a porta da geladeira cheia de garrafinhas de iogurtes que regulam o intestino se a disciplina alimentar está em baixa. O primeiro objetivo das mulheres não é determinar com quantos quilos pretendem ficar depois do esforço. A fixação, sincera e determinada é voltar a vestir o trinta e tantos. E seu esforço será incansável em busca disso, por isso nem adianta dizer que ela não parece acima do peso.
Apesar de estarmos todas, após festinhas de final de ano, ainda preocupadas com a aparência. É sempre coerente lembrar quem e como somos de verdade. Nosso carisma significa muito mais para quem está sempre perto. A mulher é a personalidade que tem e não quantos quilos pesa.


Por: Daíse Carvalho

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

A volta dos que nunca foram


Primeiras semanas de janeiro e o ano ainda é novo. Deve haver uma espécie de cartilha ou guia prático para o ano novo que faz com que todo início de ano seja praticamente igual, o que é bom em alguns aspectos e em outros nem tanto.
Nessa cartilha com certeza consta o Planeta Atlântida, um janeiro escaldante e o famigerado e desnecessário Big Brother Brasil.
Quanto ao fato do programa basear-se em relações pessoais e pequenas intrigas eu não comento nada, cada pessoa tem seu tipo de entretenimento e não cabe a mim julgar se isso é certo ou errado. O que dá no saco é o programa tornar-se uma espécie de máquina que faz com que todos os participantes tornem-se "artistas".
Em primeiro lugar artista é aquela pessoa que produz algum tipo de arte, seja ela música, literatura, dança, teatro, pintura ou qualquer outra atividade do gênero. O fato de você ser vigiado 24 horas por dia, mostrando seu personagem criado e logo após seu personagem destruído com a máscara suspensa, não faz com que você aprenda a ser um artista, isso porque em segundo lugar, não se aprende a ser artista, é uma questão intuitiva e sensível, como a definição de rock'n'roll feita por Raul Seixas, a arte é algo que "não se aprende e nem se ensina".
Mas, a Rede Globo pelo jeito discorda totalmente dessa minha concepção, visto que em uma metamorfose tão repentina quanto a de Kafka, pessoas normais tornam-se cantores, atores , apresentadores, dançarinos, etc, como se os olhos eletrônicos que as espreitassem emitissem ondas mágicas de inspiração e sensibilidade que as imputassem tais dons.
Enfim, quer ser artista? Então não fique perdendo tempo dando uma espiadinha, faça o contrário, seja espiado.


Por: Mário Brandes


sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

New Year's Day


2010 chegou e uma nova década se inicia. Muita coisa está para acontecer nesse ano (ainda) novo, completarei duas décadas de vida, minha mãe seis, e terminarei a faculdade - e consequentemente me verei mais perdido do que o habitual.
Diariamente me sinto injustiçado pelo tempo que corre incessantemente e faz com que tudo vá acontecendo apressadamente que quando tento olhar já passou. Desde de o meu tempo de vida que minha memória é capaz de lembrar, me vejo como uma pessoa contemplativa, observadora, sentindo poesia e achando graça em tudo. Óbvio que essa é uma definição minha, meus colegas dos primeiros anos de escola com certeza me definiriam como distraído, ou mesmo lesado.
E agora enquanto tudo corre, me entristeço por não poder olhar para algo durante um tempo lento. Ainda nesses primeiros anos escolares, assisti o filme O Menino Maluquinho. A adaptação da obra do Ziraldo focava muito na questão do tempo para a criança, que era diferente. Uma criança tinha tempo para fazer tudo, um dia era enorme e era exatamente assim que me sentia na infância e é exatamente disso que mais sinto falta hoje em dia.
É, o tempo cobra um preço caro e infelizmente não nos dá opções.


Por: Mário Brandes