segunda-feira, 8 de novembro de 2010

CPMF: O Retorno.

É sob uma saraivada de expectativas negativas e pré-desilusões que o Brasil recebeu a notícia da possível volta da Contribuição Provisória sobre Movimentação ou Transmissão de Valores e de Créditos e Direitos de Natureza Financeira (CPMF).
A CPMF (leia paixão do Lula) começou a vigorar em janeiro de 1997 e 10 anos depois foi abolida pelo Senado por 45 votos a favor e 34 contra. Hoje, em fins de 2010, após o término das eleições presidenciais se iniciou a discussão sobre a volta do citado tributo.
A maioria dos novos governantes eleitos é a favor da volta da CPMF, sob a alegação de que a "saúde está quebrada" e para consertá-la é necessário um "pequeno sacrifício". Ora, gato escaldado tem medo de água fria! Como a população pode ver o retorno deste tributo como um sacrifício em prol da sociedade, se não é possível enxergar o retorno de todos os demais impostos - que não são poucos - nas mais diversas áreas, como estradas, por exemplo.
Sabendo da possível grande rejeição que a população faria ao retorno da CPMF, este assunto praticamente não foi levantado durante os debates eleitorais. Maldade, né? Ou será que a ideia surgiu um dia após o término do segundo turno? Isso mostra que esses governantes metamórficos, que modificam suas próprias convicções para conquistar eleitores, ao invés de convencerem estes da relevância de suas posições, estão mesmo em constante transformação. Cuidado!

Por: Mário Brandes

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Poética do cotidiano


"Gosto é gosto e não se discute". Concordo em partes com essa afirmação, de fato gosto é gosto - e como haveria de ser outra coisa? - entranto há de ser discutido, embora possa não haver nenhum resultado relevante de tal discussão.
A discussão de agora é a poética das canções de amor. Fui acusado de ser um insensível, um coração de pedra ao afirmar que não gosto de sertanejo universitário - universitário? mostra o diploma! O argumento para me definirem de tal forma: "Tu não é romântico". Certo, questões de ponto de vista, particularmente, me considero um cara romântico, tanto no sentido popular como no sentido de uma pessoa absolutamente idealista.
Mas, o que há de romântico no sertanejo - dito - universitário? Para mim, o romantismo verdadeiro está em enxergar o amor nos aspectos mais simples do dia a dia, na convivência, na humanidade, nas brigas por um filme, no ciúme bobo, na vida. E não, em situações "românticas" do exagerado, do mais do que hiperbólico, do "meteoro da paixão". Isso banaliza tudo em um sentimento tão fake quanto os "gaúchos" da novela Araguaia. As pessoas esperam serem arrebatadas por um cafona "meteoro da paixão" enquanto vivem o amor no amanhecer, no almoço, no trabalho, nas pequenas situações cotidianos que são sutilmente poéticas.
Como exemplo de uma poética do cotidiano, transcrevo a música Vamos Viver de Herbert Vianna, que na minha opinião, é uma das pessoas que melhor descreve este nobre sentimento:

Vamos Viver
Herbert Vianna

Vamos consertar o mundo
Vamos começar lavando os pratos
Nos ajudar uns aos outros
Me deixe amarrar os seus sapatos
Vamos acabar com a dor
E arrumar os discos numa prateleira
Vamos viver só de amor
Que o aluguel venceu na terça-feira

O sonho agora é real
E a chuva cai por uma fresta no telhado
Por onde também passa o sol
Hoje é dia de supermercado

Vamos viver só de amor

E não ter que pensar, pensar
No que está faltando, no que sobra
Nunca mais ter que lembrar, lembrar
De pôr travas e trancas nas portas

Por: Mário Brandes

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

O Mito do Desperdício


Próximo domingo há segundo turno para as eleições presidenciais e, já aviso, este post não tem nenhuma pretensão de inspirar o voto nulo a quem realmente se interesse a votar em determinado candidato.
Eu, particularmente, não me sinto representado por José Serra, tampouco por Dilma Roussef, mas acredito que quem se sente representado por algum destes faz correto em votar, afinal, está assim exercendo seu direito de cidadão e indo atrás do que acredita ser melhor para si e para o seu país.
O que é irritante é a tentativa de massificação de pensamentos com a campanha contra os votos brancos e nulos. Em propagandas políticas o voto nulo não é nem mencionado enquanto o voto em branco é anunciado como "desperdício de um direito", fazendo com que muitas pessoas se sintam culpadas (sim, isso acontece, conheço gente que cai nesse papo) e votem no primeiro candidato que encontram, mesmo sem o conhecer para que seu voto não seja "desperdiçado".
Entretanto, não é um desperdício ainda maior seu voto ser destinado a alguém que você não conhece ou pior, não acredita? O voto nulo e o branco é o direito de não ter de engolir imposições, é o direito de não crer. É essencialmente um direito, não deixe que lhe tirem.

Por: Mário Brandes

Chega de "Lucianohuckzação"!


É comum eu ler uma crônica, um artigo ou qualquer outro texto e pensar "putz, é exatamente isso que penso, é uma pena eu não ter escrito isso", e acabo então louvando o texto original e não escrevo nada a respeito.
A coluna de Miguel Sokol na versão brasileira da revista Rolling Stone desse mês é absolutamente genial e traduz meu pensamento, dessa vez não tenho como calar o texto e não comentar nada a respeito.
O título do texto de Sokol é Deixem a Rita em paz! referindo-se a Rita Lee, que em seu twitter, dispara sem dó alfinetadas para todos os lados sem medo de que alguém se desagrade disso.
Essa coragem de Rita é o que de mais essencial falta às pessoas como um todo hoje em dia, existe uma "lucianohuckzação" - termo criado por Sokol -, uma tentativa forçada de ser gente boa, de agradar a todos, de gostar de todos e de ser querido por todos. Tudo contribui para exterminar o mínimo de personalidade que resta (resta alguma, né?) da geração do século XXI.
Chega de farsas, de forçar diplomacia, tem de beijar quando se quer e mandar tomar no cu quando se quer também. Viva a personalidade!

Por: Mário Brandes

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Presidenciáveis nunca pensaram em ter um Clio


Sim, esse post é chover no molhado. Falar das contradições da atual política brasileira não é uma peculiaridade minha - e nem há como ser, afinal é perceptível a todos e seria engraçado se não fosse trágico, ou vice-versa.
Na capa do UOL há alguns minutos me deparo com a seguinte notícia Serra leva pancada na cabeça em confusão com militantes do PT no Rio. É, a briga tá grande, os militantes do Partido dos Trabalhadores (risos), originário dos metalúrgicos do ABC paulista, a referência por décadas do operariado brasileiro adota uma atitude fascista: "não gostou? tó porrada!"
Não que o candidato Tucano à presidência não merecesse mesmo uns sopapos, mas olha o nível senhores representantes do povo!
Falando nisso, tais candidatos representam o povo? Se o povo quiser sim. Afinal, nunca os presidenciáveis se mostraram tão volúveis, mudando de posição de acordo com o maior número de eleitores possíveis de conquistar, não há tentativa de persuasão ao eleitor com propostas. Propostas? O que é isso mesmo? Já não sei, os debates e as entrevistas à mídia parece que não são lugares para propostas, já que estas oportunidades de conquista eleitoral é utilizada apenas pra fazer barraco, com PSDB atacando PT e vice-versa.
Se eu fosse dono de uma empresa de telecomunicações criaria um reality-show, um A Fazenda com Dilma e Serra na luta (literal) por "carinho" popular. Seria um barato!
A epópeia eleitoral de 2010 está parecida com a propaganda do Clio, em que o protagonista do filme publicitário se contradiz a todo momento, só que no caso dos presidenciáveis é com questões de posições de direita, esquerda, religiosidade, aborto, união civil homossexual e tudo mais que pintar.
É, o publicitário que criou esse comercial soube se inspirar na política brasileira pra criar essa divertida propaganda. É uma pena que a política não é tão divertida assim. Lamentável.

Por: Mário Brandes
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domingo, 17 de outubro de 2010

O Livro


Bem, publico aqui o texto O Livro da minha amiga Nathalia Schramm, que com uma literariedade simples, leve e bela mostra sentimentos e impressões pessoais da personagem principal através de uma narrativa psicológica ágil e envolvente.
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O Livro


Olhou para sua mão, era com prazer que escrevia aquelas duas letras, banais, comuns, duas letras como tantas outras, mas para ela, aquelas duas letras tinham um significado mais profundo: era a primeira vez que ela expunha algo sobre ele livremente, corriqueiramente, sem culpa, nem vergonha, como se eles fossem amigos ou conhecidos. Era a primeira vez que ela não precisava esconder, nem cochichar coisas que suas amigas já estavam fartas de ouvir, elas ainda a olharam com um ar severo quando souberam o significado daquelas letras em sua mão, mas dessa vez ela tinha um álibi, uma desculpa que os aproximava: um livro. Algo simples, algo comum, que para quem não a conhecesse passaria despercebido. Porém, qualquer um que a conhecesse sabia que não era simples assim, o livro pertencia a ele, aquela letra, aparentemente tão inocente, representava o nome dele, representava ele.
Era como aquelas caixas de fotografias antigas que as pessoas guardam para relembrar momentos alegres, aquele livro e aquele pequeno rabisco tinham nela o mesmo efeito, traziam à sua cabeça todos os momentos bons e até mesmo os ruins, que para ela no fundo eram bons, já que, apesar de tudo, estava com ele e agora que já não podia estar ela tinha algo que era como um pedacinho dele, mesmo ela sabendo que nunca tivera nem um pedacinho dele, e isso doía.
Doía pensar que tudo tinha sido apenas um monte de mentiras, mentiras que ela inventara para si mesma e das quais ele soubera bem como se aproveitar, fazendo com que ela acreditasse em tudo que dizia para si mesma. Ele, porém jamais dissera algo significativo, exceto um “Eu gosto de ti” em um momento de embriaguez.
Mas a verdade é que agora tudo tinha ficado pra trás, tudo tinha que ficar pra trás, ela tinha que esquecer aquilo tudo, tudo que sempre fora nada e que só existiu dentro dela, mas mesmo sabendo disso era difícil, era difícil esquecer as coisas boas, era difícil esquecer as coisas ruins, era muito difícil não pensar e era mais difícil ainda não procurá-lo com o olhar, como se esse tivesse vontade própria, mas que no fundo, ela bem sabia, era a sua própria vontade, vontade de tê-lo por perto, de olhar em seus olhos e ouvir suas histórias sem nexo. Enfim.. era difícil.
Difícil e contraditório, porque quanto mais ela sabia que precisava esquecer, mais ela se recusava a esquecer, mais seu coração teimoso insistia em resistir, mesmo estraçalhado e esfarrapado, ele, que ao mesmo tempo destruído parecia cada vez mais forte, mais firme se arriscava cada vez mais a sofrer. Era como um círculo vicioso, quando mais se machucava, mais aquele coração masoquista, inconseqüente, teimoso, e quem sabe, até corajoso ansiava se machucar, se machucar por ele, aquele ser que o havia ferido, e que entre olhares de asco e sorrisos irônicos, se orgulhava disso, aquele que construía em torno de si um grande muro de gelo a fim de esconder mais um menino com medo, medo de amar, medo de se machucar, medo de sofrer, medo de viver. Mas que era egoísta e egocêntrico o suficiente para fazê-la chorar.
E nesse instante ela parou e só então percebeu que estava andando.
-Espera! –disse ela confusa. Minha casa fica pra lá.
Despediu-se das amigas e tomou o rumo contrário, onde mais uma vez pode vê-lo, seu corpo, como de costume, estremeceu, ela, porém, seguiu seu caminho com passos rápidos e incertos.
O livro? Foi devolvido.
A letra? Sumiu.
Mas o seu pensamento ficou.

Nathalia Schramm

Por: Mário Brandes








quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Criador versus criatura?


Quando hoje abri a página principal do UOL, li uma matéria na qual o título já era o seguinte tapa na cara: Lula defende união gay, que Dilma renegará em carta. Parafraseando a exclamativa de Juremir Machado: Uau!
Foi um soco na boca do estômago uma afirmativa que pressupõe que a presidenciável Dilma Roussef (leia-se sombra do Lula) tenha vontade própria. Parece roteiro de filme de terror trash, em período pós-semana da criança, o boneco ousa discordar de seu ventríloquo. É, no fundo, eu sabia que a história de Dilma tinha - ou viria a ter - uma relação com filmes trash de terror que vai além da sua semelhança física com Chuck, o boneco assassino.
Escárnios à parte, sou a favor da união gay e concordo com as palavras ditas em entrevista pelo presidente Lula sobre o assunto (clique aqui para ver a entrevista). Segundo Lula, vive-se um momento de hipocrisia que precisa ter fim, pois não é segredo para ninguém que casais homossexuais vivem juntos e, em muitos casos, felizes. A falta de regularização para tal, apenas extirpa o direito de tais casais à garantias sociais da qual um casal heterossexual dispõe.
O respeito ao ser humano em si deveria garantir a liberdade de união entre pessoas do mesmo sexo, afinal liberdade é a palavra chave para a humanidade desde tempos anteriores - a Revolução Francesa que o diga! Nunca vi um argumento devidamente sóbrio que pudesse me fazer mudar de opinião a tal respeito, apenas vejo afirmações patéticas do tipo "Deus criou Adão e Eva e não Adão e Ivo" ou longos discursos sobre a promiscuidade gay, como se todos os heterossexuais fossem um poço de santidade.
Tal união não deveria entrar no mérito da discussão religiosa, fala-se de segurança social, o Estado há de ser laico para poder atender de maneira justa a grande variedade étnico-religiosa do Brasil. Tem de se trabalhar com fatos para atender crenças e não o contrário.
Entretanto, Dilma está sendo esperta, pois sabe que se se mostrar favorável a tal união, perderá o considerável número de votos do eleitorado evangélico - que é abertamente contra este tipo de enlace.
Voltando ao escárnio, sintetizo em uma frase uma mensagem sobre a discussão: parem de viadagem e autorizem a união!

P.S: Poderia fazer uma lista de xingamentos, se não estivesse com preguiça, que as pessoas irão me fazer quando não entenderem a piada da última frase.

Por: Mário Brandes
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domingo, 10 de outubro de 2010

Quando somos insetos.


"Certa manhã, após um sono conturbado, Gregor Samsa acordou e viu-se em sua cama transformado num inseto monstruoso."
Com esta frase, o escritor Franz Kafka, inicia sua famosa obra A Metamorfose que comecei a ler hoje. O protagonista do enredo, que se transforma em um inseto gigante acaba sendo visto pela própria família com sentimentos de medo, nojo e até mesmo um certo ódio devido à sua aparência monstruosa. Semana passada, no programa A Liga, da Band, foi feita uma matéria em que dois homens - um de boa aparência e outro aparentando grande pobreza - diziam ter perdido a carteira e então pediam dinheiro para a passagem de ônibus. O homem de boa aparência facilmente conseguia atenção e arrecadou cerca de 30 reais em um curto espaço de tempo, enquanto o outro no mesmo período não conseguiu sequer 5 reais e não conseguia sequer que o escutassem com atenção, era tratado com indiferença, por vezes até com repulsa - de modo semelhante como foi tratado o personagem protagonista de A Metamorfose.
Já ouvi e já li que o século XXI é o século das aparências, da ostentação, do fashion, logo, acrescento: do vazio. A excessiva glamourização do ter e a sobreposição da aparência sobre a essência faz com que sejamos insetos - tais quais Gregor Samsa - disfarçados de deuses do olimpo da moda, vivendo em um eterno e carnavalesco baile de máscaras. Mas, de dia, no fim deste baile, quando as máscaras já não tiverem uso, e todo mundo perceber que todos são insetos, o que restará?

Por: Mário Brandes
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sábado, 9 de outubro de 2010

Comentários a respeito de John


Se não tivesse sido assassinado a tiros pelo atormentado fã Mark Chapman na frente do Edifício Dakota em 1980, John Lennon estaria completando hoje 70 anos de idade. Liverpool e o mundo hoje prestam homenagem a um dos mais importantes - se não o mais importante - heróis da história do rock'n'roll e sem dúvida uma das personalidades mais significativas do século passado.
Amor, dor, rebeldia, ativismo político ou apenas celebração e diversão, tudo isso é possível encontrar na discografia do ex-Beatle.
Eu tinha pensado em iniciar este post citando Belchior: "não quero lhe falar, meu grande amor, das coisas que aprendi nos discos". Para então apenas sugerir que a obra de Lennon fosse escutada, mas é impossível não dizer nada sobre o impacto que Lennon e os Beatles tiveram sobre mim. Aprendi com estas canções coisas tão importantes quanto as que aprendi na faculdade ou lendo clássicos da literatura. A cada verso, a cada acorde, Lennon entregava-se à vida e à música, dando a cara a tapa, cantando suas desgraças, alegrias e ideologias, sem medo de que o achassem ingênuo ou pretensioso. Ele não tinha medo de ser o que era e essa é a sua principal, e implícita, lição. Não tenhamos medo de ser o que somos. Temos de nos entregar, não nos limitar, temos de chorar, gritar, amar, viver e morrer a cada dia de acordo com a nossa verdade. Resume-se isso com uma frase de Lennon:
"Se os Beatles ou os anos 60 tinham uma mensagem era 'aprenda a nadar. Uma vez que você aprendeu, nade!'."

Clique aqui para assistir o clipe de Stand by me de John Lennon.

Clique aqui para ouvir o programa de rádio online Garagem especial John Lennon

Por: Mário Brandes

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sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Quando a tolerância ofende


O homem é um ser social. Não é preciso sacar nada de sociologia - nem mesmo ler a orelha de uma obra do Durkheim para ganhar ares intelectuais - para fazer uma afirmação como essa. Até mesmo a mente mais pretensiosa há de concordar que o ser humano é incapaz de viver isoladamente. Ele necessita da presença do outro, da aprovação - ainda que minta para si mesmo que não - do outro. Ora, se é então algo tão essencial, tão inerente à condição humana, por que a convivência é algo tão difícil?
Somos todos indivíduos egoístas, em maior ou menor grau, e somos, também, essencialmente diferentes. Ok, nada de novidades até aí. Com base nisso, uma boa convivência está atrelada ao exercício da tolerância, afinal, se somos mesmo todos diferentes, paciência, respeitemos tais disparidades, mesmo que algumas nos incomodem. Minúsculos sacrifícios individuais seriam o preço por uma vida mais leve. Entretanto, não é isso o que ocorre, esses pequenos sacrifícios são extremamente incomodativos a determinadas pessoas. Ó o egoísmo deixando o mundo um porre aí gente!!!
Exemplificando com fatos: Liu Xiaobo, ganhador do prêmio Nobel da Paz deste ano, está preso por se opor ao regime ditatorial chinês. O PSDB que tinha em pauta uma lei para criminalizar atividades consideradas homofóbicas, deixou essa ideia para trás com medo de perder seu eleitorado evangélico - que, por sinal, saiu do armário na defesa da homofobia!
Afinal, por que as diferenças alheias nos incomodam tanto? Não sei. E, sinceramente, espero um dia nem me importar mais com isso.


Por: Mário Brandes
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quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Literariedade Twiteira


O escritor e cronista do jornal Correio do Povo Juremir Machado escreveu em um de seus recentes textos no citado periódico uma frase que deixou-me fascinado: "O que salva a literatura brasileira hoje é o Twitter."
Consolidada mundialmente como uma das redes sociais mais utilizadas na atualidade, este microblog impõe a seus usuário um limite de 140 caracteres para a expressão de ideias, opiniões ou até mesmo para comentários desnecessários. É uma expressão rápida, direta, concisa, assim como o século das informações em que vivemos onde notícias tornam-se antigas em poucas horas devido à velocidade com que são veiculadas massivamente pela internet - principalmente - e pelos outros meios de comunicação tradicionais.
José Saramago, o revolucionário último cânone da literatura em língua portuguesa morreu este ano. Quem é o cânone da literatura mundial atual? Fenômenos teens como Crepúsculo ou a saga Harry Potter faturam milhões de dólares, mas não há qualidade que se espera de uma devida obra literária. Os cânones estão todos mortos e enterrados. Na pós-modernidade nada é novo, nenhum autor está representando esta época. E isto porque a época que vivemos é rápida, não há tempo para detalhes. O twitter é uma fábrica virtual de possíveis haicais. Não que os clássicos da literatura sejam ruins, pelo contrário, são clássicos. Entretanto já não nos representam.
O twitter representa o mundo urgente e emergente, pois, infelizmente, vivemos presos em uma vida de 140 caracteres.

Por: Mário Brandes
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segunda-feira, 27 de setembro de 2010

2º turno já!


Não sou jornalista, sou um blogueiro irresponsável, logo, não preciso me comprometer com a "lei da imparcialidade" tão almejada pelo jornalismo, porém nem sempre conquistada. Não é segredo para ninguém que tenho como candidata à presidência da república Marina Silva. Logo, já justifico minha parcialidade neste post.
Entretanto, o assunto principal desse texto é a importância de que haja um segundo turno nestas eleições. Mesmo que não seja a Marina a presidenciável presente nesta segunda fase eleitoral, esta etapa é fundamental para o exercício de uma atividade de fato democrática.
As pesquisas divulgadas nos meios de comunicação de massa influenciam violentamente eleitores indecisos e até mesmo os desinteressados que veem na obrigatoriedade da eleição uma espécie de esporte competitivo, não raro escuto frases do tipo: "vou votar em fulano porque ele está em primeiro lugar nas pesquisas, não gosto de votar em quem perde". (Ok, parabéns pela sua falta de personalidade!).
Mesmo que a presidenciável Dilma Roussef tenha os 51 pontos percentuais necessários para uma eleição em 1º turno, no caso de eliminações que a deixem com um único concorrente, esta "superioridade" poderá sumir. Sendo então um embate igualitário.
Votemos em quem realmente acreditamos, não deixem que os meios de radiodifusão nos imponham o que devemos fazer, em quem devemos crer. Vamos ser honestos conosco e escolher para o país um administrador que faça com que sintamos orgulho do Brasil em outras áreas que não seja futebol.

Por: Mário Brandes
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quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Surpresa furada


Ontem a matéria de capa do jornal Correio do Povo anunciava: Eleitor admite ser alvo de compra de votos. A matéria tinha de tudo para ser impactante não fosse a real situação em que vivemos. Duvido que alguém tenha de fato se surpreendido com essa afirmação. Afinal de contas, o nível destas eleições baixou tanto que não existem mais propostas de governo, plataformas ou até mesmo promessas furadas. Há apenas e ataques a adversários. Como se o fato de um ser corrupto provasse a competência de seu oponente.
Gosto de política, tento não me desiludir, mas está difícil.
O Brasil é um país onde a cada dia fica mais difícil ser idealista.

Por: Mário Brandes

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Olho por olho e o mundo acabará cego


Em 11 de setembro de 2001 eu era um guri de 11 anos cursando a 6ª série do Ensino Fundamental. Lembro que, por faltar professor, nesse dia a aula terminou mais cedo e em torno das 10h30min ou 11h00 eu cheguei em casa com a intenção de aproveitar esse tempo de sobre olhando desenho. Mas eis que quando ligo a televisão vejo aviões colidirem com o World Trade Center e uma tremenda confusão da qual não entendi nada.
Hoje, 9 anos depois, fico ainda mais confuso ao conhecer a história do reverendo Terry Jones do Dove World Outreach Center, de Gainesville, Flórida, que pretende no próximo sábado - aniversário do mais famoso atentado do século XXI - queimar alcorões como forma de "advertência" aos muçulmanos.
Esta atitude fez com que o governo americano chamasse de idiota o reverendo Jones e fez com que eu pela primeira vez concordasse totalmente com o governo americano. Se o reverendo por suas intenções em prática não há dúvida de que os soldados americanos que ainda estão no Iraque sofrerão as consequências e, por conseguinte, em uma resposta dos EUA eclodirá uma nova guerra.
Ghandi nunca esteve tão certo: "olho por olho e o mundo terminará cego."

Por: Mário Brandes
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quinta-feira, 19 de agosto de 2010

De qual piada estamos falando mesmo?


O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) vinculou uma norma que proíbe que programas de televisão e humoristas em geral usem de piadas que levem os candidatos destas eleições à exposições ridículas.
Não sei ao certo se esta medida foi tomada como uma iniciativa de inibir possíveis influências da mídia na escolha popular.
Entretanto, não há outras correntes influenciáveis sendo transmitidas segundo a segundo na mídia? Um exemplo disso são as pesquisas eleitorais - que, diga-se de passagem, creio que possuam resultados comprados - que de algo a nível informativo, passa a ser quase uma forma de coação de voto. Ou você pelo menos não conhece alguém que vai deixar de votar em determinado candidato porque este não tem um número elevado de intenções de voto?
Mas a questão mais delicada disso tudo é que o que está acontecendo é uma forma de censura à própria liberdade de expressão, liberdade esta usada como argumento para que não se necessitasse mais de curso de nível superior para o exercício da função de jornalista. Isso é injusto. Contudo, a maior injustiça de todas é que a censura ao humor não se aplicou à todos, visto que o Horário Eleitoral Gratuito continua sendo transmitido.
Ou você conhece algum programa de humor que bata esse?


Por: Mário Brandes
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quarta-feira, 18 de agosto de 2010

O direito à felicidade.


Já faz algum tempo que a deputada pelo PC do B no Rio Grande do Sul Manuela D'Ávila e o senador do PDT Cristóvão Buarque movimentam-se para uma alteração no art. 6º da Constituição Federal no que diz respeito aos direitos sociais. Para estes parlamentares, é necessário que seja incluída na Constituição o direito à felicidade, direito este "inerente à cada indivíduo e à sociedade".
Lendo assim parece tão bonito. Entretanto, Cristóvão Buarque não é Chico Buarque e a carga poética da frase e pela minha lei a gente era obrigado a ser feliz escrita pelo segundo não se repete na emenda constitucional proposta pelo senador.
Você que está lendo isso agora é capaz de definir o que é a felicidade de fato? Pois é, eu também não.
Está se discutindo algo tão abstrato que ninguém é capaz de definir com eficácia, enquanto isso, problemas concretos como saúde, cultura e educação não têm uma discussão de ênfase semelhante.
Se estes problemas urgentes e concretos fossem tratados com a devida seriedade e responsabilidade, não tenham dúvidas de que todos estaríamos um passo a frente desta coisa indefínivel que é a felicidade.

Por: Mário Brandes
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terça-feira, 17 de agosto de 2010

Parabéns atrasado.


Quando decidi escrever o post anterior, pensei que já tivesse escrito algo do gênero, então resolvi olhar os posts antigos para conferir. Me surpreendi ao reparar que o Efemêro & Irônico já tem mais de 1 ano. O tempo passou voando e é atrasado que eu desejo a este blog ainda vários anos. Mesmo que termine comigo apenas lendo os posts da Daíse e ela os meus, ou nem isso.
Feliz aniversário atrasado meu blog!


P.S: Como esqueci o presente, coloco esse vídeo em que toco "Samba pa ti" em homenagem ao blog.
P.P.S: Mentira que o vídeo é em homenagem ao blog, ele já tava aí fedendo e resolvi postar.
P.P.P.S: Como é chato um cara que escreve 3 ps's!




Por: Mário Brandes
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Urnas livres.


Hoje começou a ser transmitido na tv o Horário Eleitoral Gratuito. Há algumas semanas os candidatos à presidência do país eram entrevistados no Jornal Nacional. Em pouco tempo estaremos elegendo um novo representante da nação brasileira.
Com todo esse clima, surgem tímidas discussões a respeito das eleições de 2010 e faíscas de falso ufanismo brotam em alguns lugares. De todos estes debates, o que mais me desperta interesse é a questão do voto livre. Se vivemos em regime democrático por que somos obrigados a votar?
A existência do voto em branco e do voto nulo não tornam a obrigatoriedade do voto algo menos descabido. Os maiores problemas em relação ao voto são a venda do mesmo e o desinteresse, logo, se o voto fosse livre, votariam apenas as pessoas que realmente se interessassem e haveriam menos votos por tiração de sarro.
Em poucas palavras: o voto é um direito e uma obrigação, rica (em dólares e euros) contradição.

Por: Mário Brandes
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quinta-feira, 5 de agosto de 2010

O mundo sobre as costas dos heróis do dia a dia


Como criança fantasiosa que fui - e da qual ainda restam resquícios em minha personalidade - sempre fui grande fã dos clássicos super-heróis, aqueles seres capazes de feitos sobre humanos que dedicam sua vida à proteção alheia. Entretanto, certa vez, fui tomado de assalto por uma súbita dúvida ao reparar que estes heróis clássicos eram tão humanos como os "humanos naturais", trabalhavam, tinham mulher, filho, uma vida careta com a de todos, o que fazia com seu alter-ego fosse uma quebra de rotina: como se sentiam estes ante a imensa responsabilidade que lhes é imputada? Gostariam eles de ser "celebridade" ou lamentavam não poder ter uma vida careta?
Uma das coisas que inspirou a escrever este post é a letra da música Ele, o super-herói da genial banda baiana Cascadura. Transcrevo tal letra agora para seguir minha linha de raciocínio e contextualizá-la com nossa vida cotidiana - afinal, acredito que quem leu o post até agora está achando que é apenas uma divagação nerd sobre gibis e acham errado.

Ele, o super-herói! - Cascadura
(Fábio Magalhães)

Certos dias o tornam melhor
Ele é um herói
Sempre tem muito a fazer

É o mais veloz
Bem mais que nós
E onde lhe dói
Ninguém poderá saber

E a vida que ele leva, não, não é
A que ele quer, não, não é
Esconde nas trevas o que lhe dá prazer
Enquanto o mundo está a dormir

Sem mocinha
Eis nosso herói
Só solta a voz
Pra fingir que nunca perdeu

Quem o vê voar não o vê deprimido
Quando ele está derrotado sob as cobertas
E se ele revelar o quanto é sensível:
"O que é que os outros vão dizer?"


Como é possível notar, a letra narra a história de um super-herói preso à responsabilidade de ser sempre o "maioral". No dia a dia, todas as pessoas são super-heróis, desde o ambientalista que luta por seus ideais ao operário que luta em seus dias para por comida na sala de jantar. Eu, particularmente, sou uma pessoa que carrega o mundo nas costas, o que é em certas horas é terrível, pois se tem a sensação de que tudo de errado que acontece no mundo é culpa sua. Acredito que todo mundo é assim, em maior ou menor grau.
O importante é ter consciência e aceitar de que por mais que sejamos 'super-heróis', ainda somos os humanos cheios de fraquezas e devemos aprender a utilizá-las em nosso favor e não suprimi-las e encará-las apenas na solidão do quarto.
Assista o vídeo da música 'Ele, o super-herói' do Cascadura, clicando aqui.

Por: Mário Brandes
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quinta-feira, 29 de julho de 2010

Sirva a Catalunha de modelo a toda terra.


A Catalunha, comunidade autônoma espanhola, mostrou ao mundo essa semana um exemplo de bom senso e da vitória do progresso sobre tradições arcaicas com a proibição das touradas, "esporte" típico da cultura local, o que equivaleria ao futebol no Brasil.
O assunto tem causado uma polêmica gigante não somente em território espanhol, mas em todo o mundo, pois há uma crise entre a violência contra os animais e os valores culturais seculares da Espanha.
Acontece que por mais que esta atividade seja a "marca registrada" de um país, não é possível nem que se entre em debate uma questão como essa, é tão óbvia e nítida a estupidez humana que sacrifica animais com propósitos de criar um espetáculo sádico. Eu espero de todo o coração que, como diz a letra do hino do Rio Grande do Sul, esta façanha da Catalunha sirva "de modelo à toda terra".

Por: Mário Brandes
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terça-feira, 13 de julho de 2010

I wanna rock'n'roll all night and party every day!


O antes indecente e hoje quase inocente rockabilly, o furioso e politizado punk rock HC, o alternativo indie rock, o filho das trevas heavy metal, o musicalmente intelectual rock progressivo, o tão rejeitado quanto aceito emocore, etc. São inúmeras as vertentes oriundas de uma única entidade: o rock'n'roll.
Hoje, 13 de julho, dia mundial do rock, não poderia deixar de escrever algumas linhas sobre o maior movimento estético, cultural e juvenil do século XX e que, embora muitos datem sua morte, se perpetua até hoje.
Talvez por não ter mais 14 anos idade, eu hoje já tenha a mentalidade um pouco mais flexível para aceitar pessoas que não gostam deste estilo musical. Tudo bem, são direitos. Entretanto é absolutamente inegável a importância do gênero para o século XX e para a própria história da humanidade. Exagero? Insisto em dizer que não, pois o rock sempre foi muito mais do que música, foi e é ideologia, expressão.
As conservadoras instituições hipócritas dos Estados Unidos foram abaladas nos 50, garotos brancos ouviam música negra, a repressão sexual era combatida de frente ao som do Rei Elvis Presley e da guitarra e do piano negro de Chuck Berry e Little Richard, respectivamente. A América armada e racista, viu jovens hippies protestarem contra a guerra do Vietnã ao som de Beatles e a eleição de um negro como o deus da guitarra elétrica, símbolo do gênero: Jimi Hendrix. A intelectualidade acadêmica da década de 70 presenciou jovens unirem a música rock, com novos efeitos tecnológicos e resgatarem elementos da música clássica e barroca, entre eles estavam Yes, Pink Floyd, Emerson, Lake & Palmer, Genesis e tantos outros. Em paralelo nessa década, bandas com um conhecimento musical extremamente limitado, mas com vigor jovem e força o bastante para cuspir na hipócrita sociedade como Sex Pistols, Dead Kennedys, Ramones representaram o chamado punk rock. Os até hoje tidos como "filhos do demônio" metaleiros como Iron Maiden e cia, representaram o "lado negro da força". No Brasil, a inocente Jovem Guarda fez a cabeça dos hoje senhores da década de 60 (minha mãe fez parte dessa juventude ensandecida), a bandas hippies e psicodélicas brasileiras pouco conhecidas do grande público, mas ilustres em inventidade tem seu nome na história da cultura rock do Brasil, O Terço, Casa das Máquinas, Som Imaginário, Os Mutantes. Nos anos 80, a trilha politizada fez parte da redemocratização do país com Legião Urbana, Cazuza, entre outros.
É impossível seguir citando nomes representativos pois o são aos montes, mas o que vale é homenagear e reconhecer que o rock, sendo consciência política, protesto, passadista, tecnológico ou apenas a simples e pura diversão, nada mais é do que a imortal juventude do mundo.

Por: Mário Brandes
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domingo, 11 de julho de 2010

O Beco

Complementando o post abaixo, publico a letra da canção O Beco dos Paralamas do Sucesso que descreve muito melhor do que eu a situação da qual falei. Clique aqui para ver o vídeo da música no youtube.

O Beco
Os Paralamas do Sucesso


No beco escuro explode a violência
Eu tava preparado
Descobri mil maneiras de dizer o seu nome
Com amor, com ódio, com urgência
Ou como se não fosse nada
No beco escuro explode a violência
Eu tava acordado
Ruínas de igrejas, seitas sem nome
Paixão, insônia, doença
Liberdade vigiada
No beco escuro explode a violência
No meio da madrugada
Com amor, ódio, urgência
Ou como se não fosse nada
Mas nada perturba o meu sono pesado
Nada levanta aquele corpo jogado
Nada atrapalha aquele bar ali na esquina
Aquela fila de cinema
Nada mais me deixa chocado
Nada!


Por: Mário Brandes
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A banalidade da violência


O último jogo da copa do mundo nem começou e o assunto que mais se vê nos telejornais é sobre um jogador de futebol. Embora o protagonista da cena seja um esportista, não é de cunho esportivo todas as reportagens. O tão falado caso do goleiro Bruno do Flamengo chocou o Brasil e o mundo por sua carga de brutalidade que atingiu o ponto clímax com o relato de que o cadáver teria sido dado para que os cães comessem.
Falou-se sobre a frieza dos psicopatas em vários meios de comunicação, entretanto, não só pessoas com algum desvio psicológico são desse jeito, o mundo tornou-se há muito um lugar frio. Falando especificamente do Brasil, a violência tornou-se um lugar comum, um clichê. Quase todas as pessoas já foram assaltadas e quem não foi conhece alguém que já foi. A notícia de um assassinato é algo demasiadamente corriqueiro, ninguém mais se importa, como dizem 'a vida continua'. O povo perdeu a capacidade de chocar-se, o caso do goleiro Bruno recebeu muita atenção por este ser uma pessoa pública e pelo motivo de que o detalhe da inclusão dos cães no crime foi "inovador", foi capaz de quebrar o gelo existente no coração das pessoas, horrorizando-as.
Corre pelo twitter uma variedade de piadas sobre o caso do goleiro flamenguista, eu mesmo fiz algumas, também ri de outras. Coisas do tipo o flamengo é um timezinho mais ou menos, ali o que mata mesmo é o goleiro, ri disso, o que confirma que o assassinato é algo tão banal, tão comum que já não choca, é motivo de riso. De outras piadas não fui capaz de rir, como uma em que a vítima teria dito para o goleiro me come, cachorro, me come, e ele não teria compreendido exatamente. Quando li essa piada, não apenas não ri, como chorei decepcionado com a população e também comigo. É preocupante o caso de alguém que ri de algo do tipo.
A violência é predominante não somente pelos atos violentos, mas porque nos acostumamos a ela.
O inverno é eterno nos olhos do Brasil.

Por: Mário Brandes

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Algo de novo no front

Uma vez eu disse a Dávine - minha colega de faculdade e irmã da Daíse que escreve aqui no blog - que tenho às vezes um certo processo infantil pra poder escrever: a inveja. Nesse caso, não atualizava o blog há um bom tempo por estar escrevendo minha monografia que agora já concluída me deixa tempo para fazer coisas agradáveis das quais não tinha mais tempo - respirar, por exemplo. Entretanto, quando a Daíse me mostrou o novo layout do blog e seus novos textos, logo acabei me estimulando para aparecer por aqui novamente. Ou seja, é uma inveja produtiva. Ou não.
A foto acima é da diretoria da Associação dos amigos e amigas do teatro Prezewodowski que teve o dia 07 de julho de 2010 como data de fundação oficial,faço parte desta associação como 1º tesoureiro. Essa associação foi idealizado pelo assistente em administração da Unipampa Felipe Ethur (no centro da foto) e tem como meta fazer uma movimentação cultural na cidade, fazendo com o que o teatro municipal tão elogiado por forasteiros, seja o mais ativo possível. Eu, particularmente, fiquei muito estimulado e feliz com essa iniciativa, pois Itaqui inteiro sempre reclamou falta de eventos culturais, mas ninguém moveu uma palha. E essa associação dando certo ou não, já é um avanço, uma ação, é uma novidade no front. Disposição há para sacudir Itaqui de sua monotonia tão característica.
Aproveito o espaço para parabenizar minha colega Daíse pelo novo visual do blog e por me inspirar indiretamente a voltar a escrever.
Até breve!
P.S: Siga-me no twitter: www.twitter.com/mariobrandes


Por: Mário Brandes


quinta-feira, 8 de julho de 2010

Um DUNGA contra 190 MILHÕES de ZANGADOS


O país ainda vai chorar esse mês que passou, essa semana, semana passada, esse ano e os próximos quatro também será assim durante tantos meses e anos que virão. Nosso país estava preparado para o Hexa, o torcedor estava preparado, o ano estava preparado, aliás, Neymar e Ganso eram os únicos que não estavam preparados, para serem deixados no Brasil. Foram preparados para não fazer parte do espetáculo.
Devido à exclusão crucificou-se um homem. Jamais de maneira alguma na história desse país, um técnico fora simultaneamente tão descolado em suas roupas e tão estúpido em suas palavras. Somos testemunhas oculares da história, o mundo inteiro assistiu o homem que nos trouxe o tetra campeonato nas mãos, Carlos Caetano Bledorn Verri o Dunga, embalou a taça e colocou no colo dos cidadãos brasileiros, em noventa e quatro. Mas nesse momento certamente muita gente nem lembrou disso, talvez não fizesse sentido.
Foram selecionados os melhores da nação, no esporte que se idolatra no Brasil, os escolhidos para representantes do País da Bola. Apresentou-se a seleção, a palavra que já se comunica sozinha, a seleção que desapontou. Os onze melhores espantaram à todos. Devido a decepção Crucificou-se um homem. A partir daí insultos sobraram, chingamentos, injustiças, demonstrações de falta de apreço, mútua, entre comissão técnica e jornalistas.
Notamos um Brasil unido, um país em verde e amarelo, todos uma família só, uma torcida unida. Todos unidos em nome do futebol. Plausível, mas isso preocupa. O país que falo, demonstra orgulho em tudo que tem, é o país que enxerga possibilidade de sorrir enquanto se enfrenta muitos problemas, que como a publicidade já exaltou somos um povo que não desiste nunca. Somos, éramos se é que me entende.
Acredita-se que isso tudo possa ser um sinal, interpreta-se também como um puxão de orelhas, para que o povo pense bastante em união, continue com a mesma força de vontade, com pensamento e mobilização positiva. Quando penso nisso quero me referir a união social, a união que abriga, que ajuda, e principalmente, antes que querer um mundo melhor, faz.
Agora começaremos a assistir ao horário eleitoral, vem aí a turma do “Vote em Mim!” Eles vão tentar nos persuadir com promessas, cobranças ao alheio, posicionamentos esquerdistas, imposições desnecessárias. Quem costuma dizer que não gosta de política deveria mesmo assim prestar atenção nas falas dos candidatos, pois, serão eles nossos representantes. Somos torcedores do Brasil, esperamos viver em um país mais humano, mais preocupado com a cidadania. A realização de um Brasil mais justo começa pelo nosso voto, o mesmo não depende de nós enquanto torcedores de futebol, não entramos em campo. O Hexa não estava em nossas mãos, mas uma torcida de milhões o esperou. A melhora do país já é diferente.

Por: Daíse Carvalho

domingo, 16 de maio de 2010

Ao lado do Deus Metal


Morreu hoje o cantor Ronnie James Dio, ex-vocalista do Rainbow, e substituto de Ozzy Osbourne no Black Sabbath.
Aos 67 anos, Dio sofria de câncer no estômago desde novembro passado.
Agora há menos um lugar vago no Olimpo do rock.

Por: Mário Brandes

sábado, 1 de maio de 2010

Dois milhões sem trabalhar


Houve uma época em que o homem não tinha o que fazer, não existia trabalho porque não precisava. Isso há muitos anos atrás, há mais ou menos uns dois milhões de anos. Por não ter o que fazer ele refletiu e aí já sabem, reflexão é fruto do ócio por isso fica fácil cometer devaneios. Foi então que surgiu o trabalho.

Durante milênios os sapiens foram caçadores, pescadores e naturebas. O homem vivia do que a natureza lhe servia. A natureza lhe oferecia o essencial não era preciso ter nada. Desfrutavam da possibilidade de ser nômades. Existia comida a vontade, cavernas para se abrigar, nenhum tipo de compromisso, havia liberdade no sentido mais literal da palavra, não haviam criado a monogamia, só para se ter ideia do estilo de vida. Os paleolíticos viveram os anos mais felizes da história da humanidade.

O trabalho é algo novo na civilização. Essa rotina que todos nós temos de afazeres, ofícios, obrigações, horários é recém nascida praticamente. Por que esse ritmo de vida tem mais ou menos uns dose mil anos e a existência dos nossos ancestrais folgados durou, como já disse dois milhões de anos. Preocupação era algo que os homens, me refiro ao gênero masculino, não conheciam.

Os homens saiam para pescar, caçar se divertir e morrer. As fêmeas, mulheres, ficavam cuidando dos filhos esperando por comida. No auge de sua reflexão, provinda do nada, elas descobriram a adaptação dos animais ao meio humano e descobriram a agricultura. Imagino como deve ter acontecido: um belo dia ensolarado os homens saíram para caçar e as crianças começaram a brincar com filhotes de alguns animais, os filhotes cresceram e se reproduziram. E de repente em outro dia, pode não ter sido tão ensolarado a mulher também observou que sementes caídas geravam frutos, pois acabara de testemunhar a germinação das plantinhas que davam de comer. Acabara de descobrir a agricultura.

A culpa dessa mudança na era das cavernas foi culpa da mulher, a culpa da invenção do trabalho (só de pensar nos tempos modernos em plena folga, que podíamos ter e que não temos...), foi a mulher quem criou, mas sem essa mudança não haveria progresso. Na verdade foram as fêmeas que inventaram a civilização. O homem precisa de segurança para viver, tinha toda a liberdade de aventuras e prazeres, não necessitava de obrigações, por isso as criou. Foi por desaprovar a vida sem propósitos que usufruía, a rotina lhe fez sentir seguro. A inércia não contenta nem homem e nem mulher. Mas é boa, por uns dias.

Somos hoje reféns disso tudo, a busca pelo mais sempre nos faz trabalhar mais, produzir mais gera melhor resultado material. A realidade agora é diferente a gente precisa trabalhar para garantir a sobrevivência, onde as oito horas diárias podem garantir um pouquinho de conforto. Hoje a folga deu lugar a ganância, durante toda essa construção cívica criamos o verbo TER que evoluiu conosco. Foram-se os bons tempos, na nossa época tem muita coisa pra fazer, ócio é uma coisa que não nos pertence mais, algo que ficou para trás há mais ou menos uns dois milhões de anos.


Por: Daíse Carvalho

quarta-feira, 28 de abril de 2010

(Ainda nem) começou mal!


Durante boa parte da história da educação brasileira, o ensino de música nas escolas esteve presente. Há aproximadamente 30 anos, a música deixou de ser disciplina das escolas para tornar-se conteúdo da disciplina de Educação Artística - fazendo com que esta englobe inúmeras práticas artísticas, tornando-se um campo de vasta amplitude, prejudicando seu ensino.
Agora, após estas três décadas de esquecimento, a música volta a tornar-se disciplina obrigatória na grade curricular do Ensino Básico através da lei 11.769/2008, publicada no Diário Oficial em agosto de 2008. O prazo para que esta lei entre em vigor é de 3 anos, assim sendo, a partir do ano que vem o ensino de música nas escolas acontecerá de fato.
O que tinha de muito positivo nesta lei vai por água abaixo com o veto do artigo da lei que previa que os professores de música tivessem formação específica.
Sob o - contraditório - argumento de que o Brasil não comporta tantos professores licenciados em música e que muitos músicos bons não possuem formação acadêmica, a disciplina de Educação Musical já renascerá sob o signo da má qualidade, quebrando a tese de que não há nascimento de nada feito "nas coxas".

Por: Mário Brandes

terça-feira, 27 de abril de 2010

A velha mão na cabeça

"Tu não podes dar o peixe, tens que ensinar o guri a pescar". Esta é uma frase que assim como vários adágios populares estão impressos na memória coletiva. Entretanto, acredito que quase tudo que está assim tão fixo na coletividade cai no senso comum e nunca é questionado.
Esta frase não é de uma complexidade gigantesca, então certamente ela é aplicada na prática, certo? Errado!
Vivemos em um país paternalista e assistencialista em que as escolas - que deveriam ser o berço da criticidade - tornaram-se apenas um "caminho para um bom emprego" ou uma "preparação para o vestibular", deixando um pouco de lado a essencial formação de um cidadão crítico.
O ápice paternalista dá-se sem dúvidas nas escolas, onde a dificuldade (e a preguiça) na docência fazem com que alunos copiem do livro respostas para perguntas que também vieram no livro, sem que haja a menor criticidade nisso. Este exercício de cópia (obsoleto em tempos de Ctrl+C e Ctrl+V) encaixa-se no melhor estilo "finge que ensina que eu finjo que aprendo".
Algumas escolas não usam mais o sistema de reprovação - pelo menos em algumas séries - sob o pressuposto de que isso desestimula o aluno. Empurrar velhas dificuldades com a barriga, doando certificados de conclusão de cursos a alunos semi-analfabetos, alimentará significativamente nosso estoque de fantoches a serem manipulados nesse grande circo chamado Brasil.


Por: Mário Brandes

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Sujo versus Mal Lavado



Adicionar vídeoO Twitter tem sido a coisa mais divertida desde o tempo do colégio em que pequenas intrigas eram inventadas para ver se saía porrada na saída. Evoluindo essa diversão - como já devia de supor Charles Darwin - o Twitter tem sido utilizado como um sucessor natural na teoria das espécies dessa antiga brincadeira de escola. Agora, no mundo digital, as pessoas tem a vantagem de provocarem e serem provocadas dentro do conforto de seus lares, com seus traseiros confortavelmente sentados em cadeiras giratórias.
Eis que o último "duelo" do Twitter se iniciou quando Di Ferrero, vocalista da (insuportável) banda NxZero postou em seu microblog:
"Raimundos é foda ! #VoltaRodolfo!!!"
Para os desavisados de plantão, Rodolfo não é mais vocalista dos Raimundos há um bom tempo, sendo há pouco tempo substituído pelo (ex?) vocalista dos (também insuportável) Detonautas, Tico Santa Cruz.
Tico Santa Cruz levou o post de Di Ferrero como ironia e respondeu que "daria um abraço" em Di
quando estes se encontrassem em Porto Alegre em um show que farão dia 1º de maio.
Tico há um bom tempo vem mostrando uma postura extrema anti-emo, o que no mínimo é causa de muitas gargalhadas no meio musical, visto que a banda que ele comanda(va?) tinha todos os requisitos para ser considerada uma banda emo, quando isso ainda não era moda.
Nessa luta do Sujo contra o Mal Lavado, já se enxerga Tico Santa Cruz como uma espécie de Hitler que pretendia exterminar homossexuais enquanto ostentava aquele suspeito bigode à la Village People.

Por: Mário Brandes

sábado, 24 de abril de 2010

O pior inimigo

Cada pessoa contém em si multidões. Tentamos nos iludir pensando ser unicamente de uma forma, pensando que nos conhecemos em nossa totalidade. E quem nos faz pensar dessa forma? nós mesmos.
Às vezes penso que sou meu pior inimigo, assim como penso que isso vale para qualquer pessoa. Todos os nossos medos, repressões, limitações embatem-se com nossa coragem, nossa vontade, nossa inteligência.
No fim das contas, tudo que te impede de fazer qualquer coisa é obra sua, basta ter coragem de pensar nisso com seriedade e encarar-se no espelho, para ter a certeza, ao reconhecer em sua face a face inimiga.
A vida resume-se numa constante e incansável luta contra si mesmo.
Esqueçam isso. Tenho 20 anos, que posso saber da vida além de banalidades? Tudo isso não passa de uma 'onda' que bate após a meia-noite, na companhia de um violão num canto e um Pink Floyd tocando ao fundo.
Já estou tentando desdizer o que disse, realmente sou meu grande inimigo.


Por: Mário Brandes

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Sim, te perdôo!

Cá estou novamente, tirando as teias de aranha do blog quase abandonado. Fazia um tempo já eu tava a fim de atualizar, mas por vários motivos não o fiz, falta de tempo e assunto também. Agora pus minha vontade em prática e apareci novamente.
Não tenho um assunto específico pra falar, só vou comentar algumas coisas interessantes que aconterecam durante esse período em que não apareci por aqui pra "tirar o atraso".
Bom, o que eu não poderia deixar de falar é do show do Nenhum de Nós em Itaqui, foi sensacional, por uma noite a cidade extremamente provinciana teve um surto de qualidade cultural e proporcionou um show excelente à um público sedento que foi com toda sede ao pote.
Agora, a piada do mês veio do Vaticano, onde foi publicada uma carta perdoando os Beatles pelo comentário do John Lennon de que estes eram mais populares do que Jesus Cristo. É hilário notar que agora, 40 anos após o fim do quarteto de Liverpool, ainda não tenham entendido o comentário de Lennon, que se referia a um fator de popularidade e não uma afronta pagã, uma tentativa de descentralização ou até mesmo destruição da hegemonia cristã na América.
Depois dessa é impossível não imaginar o eterno galã que causava suspiros na vila do Chaves dizendo seu bordão, que agora uso pra vocês que abandonaram a leitura do blog pela falta de post's:
"- Sim, te perdôo!"

Por: Mário Brandes

quarta-feira, 31 de março de 2010

Alguma coisa ainda deve fazer você parar

Com certeza ainda há algo que te surpreenda. Algo pode conseguir te levar a reflexões, diante de toda essa correria diária, duvido muito que nada mais nessa vida consiga realmente te emocionar. Pense em alguma surpresa. As surpresas sempre nos impulsionam, é o inesperado que nos sacode e faz a gente sair do eixo.
O inusitado conquista reações diferentes em cada um, ações que repercutem em sensações adoráveis, ou também detestáveis. Pode nos deixar com a tensão nas alturas, elevada ao último grau, mas a vida sem surpresa seria uma vida meio termo, sem emoção, sem tempero, e logo, sem a menor graça. Prefiro nem pensar em gente que não se depare surpreendido ao menos uma vez na vida, conheço pessoas que se mantém em eterno estado de precaução, mas não há como evitar.
O mundo girando e nós sempre envolvidos com a correria, a luta do dia-a-dia, afinal, precisamos evoluir nada pode parar. Tantas pessoas pensando do mesmo jeito, preocupadas com os mesmos afazeres. Somos parte da máquina sobrevivência, e foi você mesmo quem a projetou. Nada mais nos atrai, nos faz vibrar, o tempo é curto demais para ficar pensando em inevitáveis efeitos do acaso.
Enquanto nós tratamos o acaso com descaso, ele faz pouco caso da gente. A vida não está nem aí para o que a gente pensa que vai acontecer, os nossos planos tem apenas a metade porcento das chances de dar certo. O resto quem decide é o acaso, é o efeito, o resultado das nossas escolhas, com alguns imprevistos, momentos inesperados emocionantes pelo caminho. As coisas são assim, quando conseguimos o que queremos, nos encantamos ao lembrar do caminho e das surpresas, boas ou más, que encontramos durante o percurso.
Algo ainda deve te emocionar, há de existir alguma coisa que te faça chorar, gritar, sofrer e ser intenso. Alguém pode mexer com você, sem isso estar nos seus planos. Que eu quero dizer é que alguém te faz suspirar. Nessa confusão toda existe algo que te faça pensar mais afundo. Desde o grito que salta da boca ou quem sabe o pranto de uma criança, tem seus motivos emocionantes.
A emoção se encontra nas coisas mais simples, como o gol do reserva que entrou no jogo aos quarenta e quatro, o trocado que você achou arrumando a bagunça do quarto, quando o último salgadinho da bandeja fica para você, quando sacudir a latinha te faz perceber que tem mais uns bons goles ali dentro, me refiro também a nada para fazer, pijama, agrados...Te agrada? A vida sem surpresa, sem o acaso é uma vidinha muito mais ou menos. É um descaso consigo mesmo sobreviver descartando os impulsos, sem algo que te tire do eixo as vezes. Isso é se permitir levar uma vida bem mais ou menos.

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Laicismo no Estado: uma questão de respeito.

Sou católico e vou à missa. Sinto-me confortável ao participar dos ritos dessa religião, fazendo isso de modo espontâneo e não apenas seguindo uma tradição cultural imposta por instituições que foram sólidas durante a juventude de minha bisavó e que deixaram marcas que perduram até hoje, fazendo com que muitas pessoas tenham comportamentos automáticos nunca antes questionados.
A espiritualidade humana é subjetiva e individual, tenho o direito de mostrar porque acho certa a minha concepção e tentar convencer alguém de que estou certo, entretanto, não posso impor a ninguém essas concepções. Tudo isso pelo simples motivo de que cada pessoa tem de encontrar sua própria espiritualidade e, certos ou errados, todos merecem respeito.
Entretanto, em nosso país, a religião católica é a religião oficial e nas escolas existe o ensino religioso que - agora com menos força - passa os preceitos desta religião aos alunos. A simples existência de uma religião oficial já é um desrespeito aos cidadãos, fosse a religião que fosse, ainda mais em um país marcado pela miscigenação e pela mescla de culturas - onde convivem adeptos do catolicismo, espiritismo, candomblé e várias outras religiões.
Um Estado laico não é a "perdição", o "apocalipse" ou uma "ameaça socialista", mas é sim uma instituição que respeita TODAS as pessoas no que condiz à sua espiritualidade, tomando assim uma postura democrática de fato e não uma teocracia enrustida ou algo que o valha.


Por: Mário Brandes

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

As pessoas mais felizes do mundo


As mães são todas donas de um poder, aptas de certa magia elas devem ter algum pacto com não sei que força atmosférica. Elas têm sim, é certo que tem. Ser único inigualável, ser mãe há de ser extraordinário. Contudo ser filho, em algumas situações seja um tanto desconfortável.

É o porto seguro de todo mundo, a rainha do lar e do coração, uma deusa de beleza e harmonia. Céus...É possível dar conta de ser a dona de um lar impecável e harmônico enquanto seus filhos as vezes se dizem insatisfeitos com as regras impostas pelas mães? Dá sim, há várias mães que fazem isso.

Há tanta injustiça nesse mundo, que não faço a mínima ideia de como eu mesma sou filha da mãe que tenho. Talvez ela me perdoe algum dia, eu não! Sempre valorizei tanto as mães, em outros temas e textos, referi-me a favor das divinas criaturas. Observo com encanto e zelo por todas, elas são o máximo. O pior é que tem pleno conhecimento disso. Por isso impõe sempre suas vontades desde quando somos ingênuos demais para arriscar a discordar, criam em nós pequenas fotocópias de si mesmo, ou então alguém com valores, no mínimo, iguais. Ensinam tudo sem cobrar nada com muita paciência esperam que seus filhos aprendam que sigam todas as regras e sigam pelo lado certo.

O “certo”, é um atravanco, mas todas a vezes em que não fui com ele aguentei consequências desagradáveis. A minha, a sua, as nossas mães são todas unha e carne com o “certo”. Decidem tudo por nós quando pequenos e quando um pouco maiores tentam nos conter nas respostas mal dadas e atrevimentos de leve. Quando adolescentes ou às vezes adultos a casa cai, porque nos transformamos em cérebros independentes, com nossas opiniões e concepções, por lógica diferente do modo de pensar de nossas mães.

Conseguem confundir a cabeça de muita gente, quando essas fazem perguntas filosóficas geralmente quando criança, aquelas dúvidas inteligentes. Na infância as dúvidas são lindas, quando crescemos é para ser assim e está decidido e ponto final.

Elas sabem que são o máximo, estão cientes de seu poder absoluto desde quando descobrem que estão grávidas e realizam o exame de ultra-sonografia para escutar nosso coração, sentem nos mexer dentro da barriga, nos vêm nascer, chorar, berrar, mamar e dizer: Mãe. Dia desses descubro de onde vem tanta força, tanta superioridade e humanidade ao mesmo tempo. E por que sempre a mãe dos outros parecemenos braba que a da gente. Sabem de tudo que vai acontecer não entendo como podem adivinhar. Esse jeito de saber tudo sempre acaba deixando muito filho louco, louco pra fazer tudo ao contrário do que dizem.

Deve ser lindo ser mãe! Ter poder sobre outra pessoa ser inteiramente responsável por ela, ser mãe é invejável, embora eu não seja invejosa. As mães são as pessoas mais felizes do mundo.


Por: Daíse Carvalho

domingo, 17 de janeiro de 2010

A cor da esperança


Minha amiga Jassana foi fazer a redação da UFSM e esta tinha como centro da dissertação a figura do presidente norte-americano Barack Obama. O texto deveria discorrer a partir da questão: "Porquê as pessoas odiariam Barack Obama?".
Ao saber dessa questão fiquei um pouco intrigado, afinal, o atual presidente dos Estados Unidos é uma figura pop e embora ainda não tenha realizado os grandes feitos políticos que a população espera que ele realize, ele é bem quisto pela maioria das pessoas, não apenas de seu país, mas do mundo inteiro.
Tendo um grande histórico de racismo nos Estados Unidos, a eleição de Obama foi um símbolo de reação ao conservadorismo deste país. Entretanto, acho um pouco imprudente que depositem todas as esperanças de mudança em uma pessoa apenas pela cor de sua pele. E essas esperanças são jogadas aos montes sobre as costas do presidente que até mesmo já ganhou um prêmio Nobel. Essa atitude faz com que as pessoas esperem que Obama seja um coringa, a última tentativa, a peça chave para a democracia americana.
Se o que se espera da figura de Barack Obama não for concretizado, este será martirizado e, possivelmente, de súbito se deslocará da figura de super-heroi para a de vilão. O ato de não corresponder às expectativas mundiais pode ser um dos motivos pelos quais o primeiro presidente negro da história dos Estados Unidos da América venha a ser odiado. É o preço da liderança, o líder existe para levar a glória por todos, mas também para carregar os erros das outras pessoas como estigmas marcados na pele. Como diria - cantaria - Humberto Gessinger: "Obama é pop, o pop não poupa ninguém".


Por: Mário Brandes

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Ensaio sobre a Ex-Cegueira



Nesta semana, mais precisamente no dia 13, a Polícia Civil, juntamente com a Brigada Militar, deu batida na maioria dos pontos de jogo do bicho de Itaqui, apreendendo os materiais relativos à esta prática.
Durante toda a minha infância acreditei que o jogo do bicho fosse uma atividade legalizada tamanha a abertura com que era realizada na cidade. A impressão dada pelo jogo era de quase um sistema de integração entre as camadas sociais: pobres, ricos, remediados, vagabundos, estudantes e autoridades, todos rendiam-se à tentação de fazer uma fézinha.
Acredito que não era somente eu que tinha reparado no quanto o jogo acontecia abertamente no município mas, ao que parece, a polícia enxergou somente esta semana o que todo mundo já via constantemente há mais de 20 anos. E, num estouro repentino, no despertar de um transe, resolveu fazer o seu trabalho que é o de dar um jeito em tudo aquilo que está fora dos padrões prescritos pelas leis.
Hoje o jornal estampa a imagem da hipocrisia que é a pose daqueles que gabam-se de terminar com algo que fingiam não ver há muito tempo.
José Saramago, no seu famoso romance - que nunca consegui terminar de ler - Ensaio sobre a Cegueira, descreve uma epidemia de cegueira que repentinamente toma conta de seus personagens. Estaria acontecendo em Itaqui uma epidemia inversa? Quem não via passou a enxergar por um motivo ainda desconhecido? Talvez uma virose, um mal jeito...
Não tenho conhecimento do motivo que ocasionou esta epidemia em nossa cidade, mas, mesmo assim, peço encarecidamente, para encerrar, uma salva de palmas aos mais novos ex-cegos da nossa terra!


Por: Mário Brandes

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Contra o tempo


Está acabando a semana, estão acabando minhas férias, daqui a pouco acaba o ano, a década, outras décadas, a vida, o mundo (será?) e eu tenho tanta coisa pra fazer. Merda, esse tempo sempre me sacaneia, correndo incansavelmente e eu comendo poeira nesta competição.
Depois desse parágrafo, paro e penso 'Que diabos afinal tanto tenho que fazer?' e, com um sorriso amarelo, respondo a mim mesmo que não sei. Todavia, existe uma sensação de algo a ser preenchido. Comecei este post sem saber o que escrever, continuo sem saber e com certeza o terminarei sem saber. Mas, mesmo assim, sinto necessidade de escrever, mesmo que ninguém leia, ou que alguém leia com indiferença, pode ser que isso seja uma espécie de protesto para que o tempo abandone um pouco sua sina de maratonista desesperado e sente-se em um lugar qualquer, veja as coisas que o rodeiam e faça uma piada qualquer sobre as pessoas que correm desesperadas todos os dias sem saber exatamente pra quê.
Ao meu lado, o livro do Jorge Amado espera pra ser terminado, Dona Flor e os demais personagens anseiam por ver sua história saltar aos meus olhos através das palavras do escritor baiano. Os fones de ouvido me deixam a par dos berros de Chris Cornell em Cochise, enquanto o primeiro álbum do Audioslave toca no mp3. Minhas palhetas perdidas esperam para serem encontradas ou substituídas por outras novas. Outras palavras esperam para serem escritas aqui, outras esperam para serem escritas em algum outro lugar, outras esperam para serem ditas, outras esperam para serem caladas. Um amor me espera em um lugar improvável ou em lugar muito óbvio. Alegrias me esperam. Tristezas me esperam. Novos sons me esperam. Coisas que eu nem imagino me esperam. É, tem muita coisa pra acontecer. Tanta coisa e o tempo me sacaneia e ainda nem mesmo encontrei minhas palhetas. Merda.


Por: Mário Brandes

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Quando a calça não fecha



Você pode desejar felicidade, saúde, paz e tudo de melhor, para realizar nesse ano que recém começa, mas, emagrecer está na lista dos desejos e deveres para o ano de dois mil e dez. É o que almeja oito a cada dez mulheres.
Agora pergunte para uma mulher o que ela realmente quer que aconteça em 2010. Respostas diferentes podem surgir, alguma pode desejar mais de trezentos pares de sapatos em seu armário, várias mulheres almejarem que o marido seja promovido na empresa, que seu cabelo acorde de bem consigo mesma todas as 365 manhãs do ano. Mas do fundo do coração, talvez nem tão fundo assim, elas querem perder algumas gramas.
A questão toda envolve esforço. Muito empenho para manter a forma, o corpo em harmonia estética. A obsessão contagia desde as adolescentes até as avós delas, é um drama que as mulheres entram sem querer e permanecem muitas vezes por capricho ou exagero mesmo. Talvez, porque hoje o estereótipo de mulher perfeita, corresponde a magricelas como a monumental Gisele Bündchen ou a Fernanda Lima.
E para ajudar as mais preocupadas, trabalham as nutricionistas, que além de profissionais, são amigas que incentivam as pacientes a se cuidarem, respeitando os limites de seu organismo, com muita disciplina. A bem da verdade as mulheres nem sempre cuidam seu peso utilizando a balança, aliás, essa já está desacreditada. A forma mais eficaz de perceber se estamos mais cheinhas é quando a calça jeans não entra. Justo a que nos deixa elegante, a que parece ser peça única que valoriza nossas formas... Querida! Não entra mais.
Nessa hora o pânico toma conta, a paranóia domina o cérebro que já não colabora, a auto-estima vai ao último grau e o espelho se transforma em rival. Atiram-se todas as roupas em cima da cama, nada fica bem. Chegou a depressão.
O sonho passa a ser voltar a vestir a calça. Apela-se para dietas absurdas, remédios perigosos e alimentação inadequada. Nada adianta a porta da geladeira cheia de garrafinhas de iogurtes que regulam o intestino se a disciplina alimentar está em baixa. O primeiro objetivo das mulheres não é determinar com quantos quilos pretendem ficar depois do esforço. A fixação, sincera e determinada é voltar a vestir o trinta e tantos. E seu esforço será incansável em busca disso, por isso nem adianta dizer que ela não parece acima do peso.
Apesar de estarmos todas, após festinhas de final de ano, ainda preocupadas com a aparência. É sempre coerente lembrar quem e como somos de verdade. Nosso carisma significa muito mais para quem está sempre perto. A mulher é a personalidade que tem e não quantos quilos pesa.


Por: Daíse Carvalho

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

A volta dos que nunca foram


Primeiras semanas de janeiro e o ano ainda é novo. Deve haver uma espécie de cartilha ou guia prático para o ano novo que faz com que todo início de ano seja praticamente igual, o que é bom em alguns aspectos e em outros nem tanto.
Nessa cartilha com certeza consta o Planeta Atlântida, um janeiro escaldante e o famigerado e desnecessário Big Brother Brasil.
Quanto ao fato do programa basear-se em relações pessoais e pequenas intrigas eu não comento nada, cada pessoa tem seu tipo de entretenimento e não cabe a mim julgar se isso é certo ou errado. O que dá no saco é o programa tornar-se uma espécie de máquina que faz com que todos os participantes tornem-se "artistas".
Em primeiro lugar artista é aquela pessoa que produz algum tipo de arte, seja ela música, literatura, dança, teatro, pintura ou qualquer outra atividade do gênero. O fato de você ser vigiado 24 horas por dia, mostrando seu personagem criado e logo após seu personagem destruído com a máscara suspensa, não faz com que você aprenda a ser um artista, isso porque em segundo lugar, não se aprende a ser artista, é uma questão intuitiva e sensível, como a definição de rock'n'roll feita por Raul Seixas, a arte é algo que "não se aprende e nem se ensina".
Mas, a Rede Globo pelo jeito discorda totalmente dessa minha concepção, visto que em uma metamorfose tão repentina quanto a de Kafka, pessoas normais tornam-se cantores, atores , apresentadores, dançarinos, etc, como se os olhos eletrônicos que as espreitassem emitissem ondas mágicas de inspiração e sensibilidade que as imputassem tais dons.
Enfim, quer ser artista? Então não fique perdendo tempo dando uma espiadinha, faça o contrário, seja espiado.


Por: Mário Brandes