domingo, 11 de julho de 2010

A banalidade da violência


O último jogo da copa do mundo nem começou e o assunto que mais se vê nos telejornais é sobre um jogador de futebol. Embora o protagonista da cena seja um esportista, não é de cunho esportivo todas as reportagens. O tão falado caso do goleiro Bruno do Flamengo chocou o Brasil e o mundo por sua carga de brutalidade que atingiu o ponto clímax com o relato de que o cadáver teria sido dado para que os cães comessem.
Falou-se sobre a frieza dos psicopatas em vários meios de comunicação, entretanto, não só pessoas com algum desvio psicológico são desse jeito, o mundo tornou-se há muito um lugar frio. Falando especificamente do Brasil, a violência tornou-se um lugar comum, um clichê. Quase todas as pessoas já foram assaltadas e quem não foi conhece alguém que já foi. A notícia de um assassinato é algo demasiadamente corriqueiro, ninguém mais se importa, como dizem 'a vida continua'. O povo perdeu a capacidade de chocar-se, o caso do goleiro Bruno recebeu muita atenção por este ser uma pessoa pública e pelo motivo de que o detalhe da inclusão dos cães no crime foi "inovador", foi capaz de quebrar o gelo existente no coração das pessoas, horrorizando-as.
Corre pelo twitter uma variedade de piadas sobre o caso do goleiro flamenguista, eu mesmo fiz algumas, também ri de outras. Coisas do tipo o flamengo é um timezinho mais ou menos, ali o que mata mesmo é o goleiro, ri disso, o que confirma que o assassinato é algo tão banal, tão comum que já não choca, é motivo de riso. De outras piadas não fui capaz de rir, como uma em que a vítima teria dito para o goleiro me come, cachorro, me come, e ele não teria compreendido exatamente. Quando li essa piada, não apenas não ri, como chorei decepcionado com a população e também comigo. É preocupante o caso de alguém que ri de algo do tipo.
A violência é predominante não somente pelos atos violentos, mas porque nos acostumamos a ela.
O inverno é eterno nos olhos do Brasil.

Por: Mário Brandes

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