sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Narciso acha feio o que não é espelho



Sempre gostei de mitologia, acho um barato as tentativas - muitas vezes de uma inocência poética - de compreender o mundo. Dos mitos surgiram várias expressões que usamos em nosso cotidiano, como por exemplo a palavra "narcisista" que designa a pessoa que é apaixonada por sua própria beleza.
Na história grega, Narciso era um rapaz encantado por sua beleza que ao descobrir e ficar admirando seu reflexo em um lago, caiu e morreu afogado, no lugar da morte nasceu a flor a qual hoje conhecemos por Narciso.
Conversando e pensando sobre o assunto, cheguei a conclusão de que todo mundo (ou a maioria das pessoas) é narcisista quando se aproxima de alguém. Eu, particularmente, sempre fui o típico bicho do mato, na minha, sem fazer questão de mudar o meu jeito para me aproximar de alguma pessoa. Idealista, sempre formei concepções precipitadas que mais tarde seriam destruídas, tombadas como uma das torres do World Trade Center em 2001. Buscava no sexo oposto coisas em comum comigo, numa tentativa exasperada de me encontrar em alguém, ao invés de encontrar apenas uma pessoa bacana. Atitude típica do personagem mitológico do qual já narrei a história.
Narcisismo? egoísmo? certamente. Entretanto todo mundo é narcisista e egoísta, sabe e nega, ou nega mesmo sem saber, é um defeito de fábrica da indústria da humanidade. Admitir isso pede um exercício de autocrítica que às vezes se faz dolorido, mas é a única forma de se tentar melhorar ou ao menos de conhecer a si próprio.
Escrever sobre si mesmo dá medo, pois as pessoas passam a te conhecer, é anulada sua autopreservação, mas, busco verdade e liberdade e - parafraseando Luís Fernando Veríssimo - a única pessoa realmente livre é aquela que não tem medo do ridículo.


Por: Mário Brandes



Nenhum comentário:

Postar um comentário