segunda-feira, 22 de junho de 2009

Quixotes do meu Brasil, uni-vos!



"Tudo bem, até pode ser que os dragões sejam moinhos de vento.
Tudo bem, seja o que for, seja por amor às causas perdidas."
Engenheiros do Hawaii

Todo mundo acha ao mesmo tempo a história de Dom Quixote bela e louca. Assim são vistos sempre os idealistas, admirados, mas sempre com um pé atrás. "É bonito, é romântico, mas não funciona", frases como essa são ditas sempre quando se vê alguém que tem ganas de mudar o mundo ou, mais timidamente, mudar sua própria vida. Embora seja pouquíssima minha experiência na área da educação, são gigantescas - como as alucinações de Quixote - as minhas decepções. Os discursos universitários são sempre os mesmos, vontade de revolucionar a educação, mudar o país, o mundo. Pena que isso seja meramente mais um discurso pré-programado, repetido com dicção inflamada para impressionar uma platéia invísivel que se esconde dentro do ego de cada um. Recentemente, em uma reunião na escola onde trabalho, discutíamos sobre a educação no Brasil, quando escuto de uma colega a seguinte frase: "No começo todo mundo quer mudar o mundo, depois se acomoda", embora veja que em vários casos isso é verdade, tenho medo, se for assim, faço minhas as palavras da canção "My Generation" do The Who: "Quero morrer antes de ficar velho." Mas o que mais me entristeceu foi quando outra colega, jovem, aparentemente revolucionária defendeu: "O problema é que querem qualificar os professores, mas muitas vezes, eles não querem ser qualificados", ótimo até aí. O problema é que estudávamos um projeto que garante verbas pra escola, ou seja, de fato uma oportunidade de ação. Largando esse polígrafo, essa mesma pessoa diz: "Ai, não vou ler essa bobagem". Incoerência pouca é bobagem. Indignado, orgulhosamente idealista, li a "bobagem", afinal de contas se eu acreditar que os moinhos de vento são gigantes, atacarei-os sem pensar no que vai acontecer. É o que acredito. No fim isso é tudo.
Por: Mário Brandes


3 comentários:

  1. Mário sabe de que lembrei?? da conhecida frase:
    Todo mundo quer mudar o mundo mas ninguém quer lavar a louça!
    O discurso é sempre o mesmo, o mesmo conteúdo para quem quer ser revolucionário!
    Mudar o mundo o escambau!

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  2. Vejo esse tipo de desinteresse em certas pessoas, vejo a falta de vontade que conduz a forma de pensar, a forma preguiçosa com que se passa a qualificar as causas perdidas, essas causas que perdidas não seriam se fossem massivamente abraçadas. Ainda assim tenho vontade de acreditar em causas que são julgadas como perdidas, pois, talvez o erro esteja em desejar concertar tudo e assim acabar por achar que se é fraco demais pra reformar um grande estrago...

    "Eu só desejo fazer a minha parte, assim eu me sinto satisfeito quando consigo concluir o pouco que eu fiz, em passa pro próximo a minha responsabilidade que termina onde começa a do próximo, assim como é dito sobre a liberdade."


    "Só é livre aquele que é responsável pelos seus atos, pois esse é dono e sabe até onde vão seus limites !" Pedro Tatsch

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  3. Mário,
    Lendo o que escreveste senti-me orgulhosamente compreendida! Eu, como Quixote que sou, ainda acredito valer a pena todas as lutas.
    Algum dia os moinhos sucumbirão!

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