domingo, 21 de junho de 2009

Ex-exigência

"Você gostaria de ser operado por um médico sem diploma?”, dizia no cartaz que no dia 1º de abril de 2009 vinha a frente de 60 estudantes da UNIPAMPA da vizinha cidade de São Borja. Naquela manhã, o grupo de estudantes do curso de jornalismo percorreu as ruas centrais defendendo um ideal: a obrigatoriedade do diploma para exercer a profissão de jornalista. É claro que todas as faculdades de todo do Brasil se mobilizaram, em protestos campanhas, blogs e sites. Enfim no que puderam.
Digo-lhes, sem sucesso algum. Pois, como muitos puderam ver, na noite do dia 17 de junho de 2009, foi decidido pelo STF (Supremo Tribunal Federal) que não é necessário ter diploma para exercer a profissão. Com exatamente oito ministros votando contra a obrigatoriedade e apenas um a favor.
A exigência do diploma foi instituída na época da ditadura. Depois de quarenta e cinco anos eles resolvem acabar com o que significa informação qualificada, ética e acima de tudo séria.
A pouco acabaram com a Lei de Imprensa, que permitia realizar uma boa matéria investigativa com credibilidade em busca de acusar ou desmascarar quadrilhas de tráfico, por exemplo, o jornalista podia usar de artifícios como gravações de áudio e vídeo escondidas, sem que o profissional viesse futuramente ser comprometido em processos. Agora com a proscrição da lei, quanto à essa segurança uma classe inteira está vulnerável. Absurdo.
Uma profissão que é considerada o quarto poder, muitas vezes, hoje se encontra desvalorizada ao estar desregulamentada.
De acordo com o ministro Gilmar Mendes, hà um limite e só quem é formado pode ter a liberdade de escrever em jornal. Mas todos sabem que isso não é verdade, as informações são feitas por jornalistas formados e qualificados. E empresas abrem espaço aos cientistas, médicos, psicólogos em uma coluna ou participação especial para certificar ao povo sobre o que esta sendo informado.
Dessa forma, estamos desarmados, como disse o presidente da FENAJ (Federação Nacional dos Jornalistas), Sérgio Murillo de Andrade: “de uma classe passamos a ser um bando de amontoados” e falou mais “Este é um duro golpe à qualidade da informação jornalística, mas nem o jornalismo nem o nosso movimento sindical vão acabar, pois temos muito a fazer em defesa do direito da sociedade à informação”,
O Jornalismo não vai acabar, pois as empresas continuarão a dar preferência para profissionais formados, eu que curso jornalismo e que coincidentemente estava segurando o cartaz que continha a frase lá de cima do texto.
Tomara que os jornais se encham de erros de português, informações mal apuradas sem qualidade nem ética. Para que as empresas paguem pelo diclíneo de credibilidade na informação pelo que também são responsáveis. Isso tudo, digo a nível de país é lamentável.

Por: Daíse Carvalho
Publicado dia 20 de junho de 2009, no Jornal A Verdade, de Itaqui.

Um comentário:

  1. Tão declarado é o desgosto da decisão tomada pelo STF que a OAB demonstrou sua posição:

    "O presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil, Cezar Britto, afirmou que o Supremo Tribunal Federal "deu um Habeas Corpus" para o mau profissional ao acabar com o registro do jornalista no Ministério do Trabalho".

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