sexta-feira, 17 de julho de 2009

Nada de eu te amo

Diferente - é essa a palavra que rege muitas mentes humanas e os corações inquietos dos revolucionários. Todo mundo quer ter algo que destoe, isto porque, o comum não se destaca aos olhos alheios.
Dessa teoria nasceu à personagem a seguir, vamos chamá-la de Aurora, ela tem uma história alucinógena, paradoxo por ser baseada em fatos reais.
Pois bem, Aurora nasceu e cresceu com um objetivo mais do que comum: destacar-se em meio à massa. O incrível é que quanto mais o tempo passava menos “anormal” percebia se tornar. Nunca gostou de excessos e popularidade, desprezava qualquer tipo de autopromoção, admiradora nata da discrição. Enfim havia nela um coeficiente bem reduzido se tratando de notoriedade.
Mas vamos convir, o jeito de ser de Aurora acabara tornando-a uma dessemelhante, isso não a abatia afinal, pensar diferente de seus amigos, por exemplo, era natural. Quanto mais pessoas conhecia, mais queria conhecer, pois ficava fascinada a cada conversa nova. Todos os assuntos são importantes, todas as pessoas têm algo interessante a dizer.
Levando a vida de maneira banal ao seu ponto de vista, não imaginava que as porções de valores próprios, fizeram dela uma personalidade nada trivial. Todos sabiam. Ela não sabia disso.
Num dia nublado de sua vida (não quis redigir: um belo dia de sua vida - ficaria comum não acham?), dia bem cinzento, Aurora sentiu algo diferente, algo incomum aos demais dias. Algo a incucava, na casa não havia nada de mais, seus amigos, eram os mesmos – nenhum problema com eles - a preocupação, o “erro”, era com aquele rapaz que a setenta e seis dias vinha ocupando o cargo de seu namorado. Viram como estamos tratando de alguém comum? Até namorava.
Mas aí é que está exatamente no septuagésimo sexto dia de namoro, ela escutou o que não queria escutar. Enquanto várias pessoas (ênfase nas mulheres) no mundo aguardam ouvir a frase mágica. Aurora tinha medo da frase, nisso ela SABIA, que era diferente, e isso dava até medo.
Ele disse as palavras. Sem o mínimo de esforço para mantê-las guardadas dentro da boca, o infeliz proferiu chegando próximo ao ouvido de Aurora um decidido e romântico:
Eu-te-amo.
As pernas dela não ficaram bambas, a sensação não foi agradável, o coração não disparou, ou melhor, assoprou de raiva. Amor, ora sabia ele o que era amor, só setenta e poucos dias e já estava entregue, já tinha falado o sumo, que graça teria depois daquilo? O que poderia esperar? Nada. Percebeu então que era diferente, e muito. Como seria surpreendida por um cara que diz amor assim banalmente! Foi o fim. Acabou ali o namoro. Acabou a banalidade. Acaba aqui a história.
Por: Daíse Carvalho

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