terça-feira, 7 de julho de 2009

Da nudez das palavras


Ainda não inventaram roupa capaz de cobrir a nudez a qual nossas palavras nos expõem. Como um instinto de defesa que se sobrepõe à razão, evitamos e ao mesmo tempo procuramos desesperadamente as palavras. As palavras nos revelam, mesmo que não percebamos no momento, cada palavra corta um pedaço nosso e solta-nos nus em uma praça pública qualquer.
Por vezes recuamos das palavras, agarramo-nos a superficialidades e futilidades, não por sermos de fato fúteis e superficiais, mas por puro medo de que nos descubram, de que confirmem o óbvio de que somos extremamente diferentes e de que assim sejamos excluídos e sós.
No entanto é gigantesca a necessidade e a busca por essas palavras - se fugimos das palavras por medo ou vergonha dos outros, as buscamos incansavelmente para por pra fora tudo que nos sufoca, sendo isso bom ou ruim.
Em entrevista, a cantora Pitty disse que na adolescência possuía um diário no qual escrevia em um dialeto próprio - belo exemplo de medo e necessidade de escrever.
Escrever é quase tão necessário quanto respirar, é uma necessidade de sentir-se vivo, de aliviar-se.
Pronto, estou mais leve agora.


Por: Mário Brandes

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