sexta-feira, 3 de julho de 2009

Impondo democracia


Na coluna civitas de hoje (3 de julho) do jornal Folha de Itaqui o delegado Rafael Brodbeck escreveu um artigo intitulado "Quem é o golpista?" em que argumentava que o afastamento do presidente Zelaya de Honduras teria sido, não um golpe de estado, mas uma resposta prática à uma tentativa de violação da Constituição do país, de ferir a democracia - visto que Zelaya foi afastado por propor um plebiscito sobre a introdução da reeleição no país e é artigo pétreo na Constituição hondurenha a proibição de reeleição, bem como de plebiscitos.
Tá tudo muito bom, tá tudo muito bem. realmente o cara foi bater de cara contra a Constituição, que normatiza deveres e direitos de todos os cidadãos. Porém, o conceito de democracia, até onde sei é o de "governo de todos". Sendo assim, um plebiscito poderia ferir a Constituição quanto documento a ser seguido, mas ao ser uma decisão de maioria, torna-se impossível dizer que este seria antidemocrático. E as manifestações populares contra os militares que depuseram o presidente eleito mostram claramente - só não vê quem não quer - que não é vontade de todos, ou da maioria, a permanência de Michelletti e dos milicos no poder. A partir disso conclui-se (sem muito esforço, diga-se de passagem) que os militares não estão defendendo nenhum direito democrático pelo fato de afastar alguém que sugeriu algo proibido pela Constituição. Pode ser qualquer coisa, mas democracia não é.


Por: Mário Brandes

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