quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Contra o tempo


Está acabando a semana, estão acabando minhas férias, daqui a pouco acaba o ano, a década, outras décadas, a vida, o mundo (será?) e eu tenho tanta coisa pra fazer. Merda, esse tempo sempre me sacaneia, correndo incansavelmente e eu comendo poeira nesta competição.
Depois desse parágrafo, paro e penso 'Que diabos afinal tanto tenho que fazer?' e, com um sorriso amarelo, respondo a mim mesmo que não sei. Todavia, existe uma sensação de algo a ser preenchido. Comecei este post sem saber o que escrever, continuo sem saber e com certeza o terminarei sem saber. Mas, mesmo assim, sinto necessidade de escrever, mesmo que ninguém leia, ou que alguém leia com indiferença, pode ser que isso seja uma espécie de protesto para que o tempo abandone um pouco sua sina de maratonista desesperado e sente-se em um lugar qualquer, veja as coisas que o rodeiam e faça uma piada qualquer sobre as pessoas que correm desesperadas todos os dias sem saber exatamente pra quê.
Ao meu lado, o livro do Jorge Amado espera pra ser terminado, Dona Flor e os demais personagens anseiam por ver sua história saltar aos meus olhos através das palavras do escritor baiano. Os fones de ouvido me deixam a par dos berros de Chris Cornell em Cochise, enquanto o primeiro álbum do Audioslave toca no mp3. Minhas palhetas perdidas esperam para serem encontradas ou substituídas por outras novas. Outras palavras esperam para serem escritas aqui, outras esperam para serem escritas em algum outro lugar, outras esperam para serem ditas, outras esperam para serem caladas. Um amor me espera em um lugar improvável ou em lugar muito óbvio. Alegrias me esperam. Tristezas me esperam. Novos sons me esperam. Coisas que eu nem imagino me esperam. É, tem muita coisa pra acontecer. Tanta coisa e o tempo me sacaneia e ainda nem mesmo encontrei minhas palhetas. Merda.


Por: Mário Brandes

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Quando a calça não fecha



Você pode desejar felicidade, saúde, paz e tudo de melhor, para realizar nesse ano que recém começa, mas, emagrecer está na lista dos desejos e deveres para o ano de dois mil e dez. É o que almeja oito a cada dez mulheres.
Agora pergunte para uma mulher o que ela realmente quer que aconteça em 2010. Respostas diferentes podem surgir, alguma pode desejar mais de trezentos pares de sapatos em seu armário, várias mulheres almejarem que o marido seja promovido na empresa, que seu cabelo acorde de bem consigo mesma todas as 365 manhãs do ano. Mas do fundo do coração, talvez nem tão fundo assim, elas querem perder algumas gramas.
A questão toda envolve esforço. Muito empenho para manter a forma, o corpo em harmonia estética. A obsessão contagia desde as adolescentes até as avós delas, é um drama que as mulheres entram sem querer e permanecem muitas vezes por capricho ou exagero mesmo. Talvez, porque hoje o estereótipo de mulher perfeita, corresponde a magricelas como a monumental Gisele Bündchen ou a Fernanda Lima.
E para ajudar as mais preocupadas, trabalham as nutricionistas, que além de profissionais, são amigas que incentivam as pacientes a se cuidarem, respeitando os limites de seu organismo, com muita disciplina. A bem da verdade as mulheres nem sempre cuidam seu peso utilizando a balança, aliás, essa já está desacreditada. A forma mais eficaz de perceber se estamos mais cheinhas é quando a calça jeans não entra. Justo a que nos deixa elegante, a que parece ser peça única que valoriza nossas formas... Querida! Não entra mais.
Nessa hora o pânico toma conta, a paranóia domina o cérebro que já não colabora, a auto-estima vai ao último grau e o espelho se transforma em rival. Atiram-se todas as roupas em cima da cama, nada fica bem. Chegou a depressão.
O sonho passa a ser voltar a vestir a calça. Apela-se para dietas absurdas, remédios perigosos e alimentação inadequada. Nada adianta a porta da geladeira cheia de garrafinhas de iogurtes que regulam o intestino se a disciplina alimentar está em baixa. O primeiro objetivo das mulheres não é determinar com quantos quilos pretendem ficar depois do esforço. A fixação, sincera e determinada é voltar a vestir o trinta e tantos. E seu esforço será incansável em busca disso, por isso nem adianta dizer que ela não parece acima do peso.
Apesar de estarmos todas, após festinhas de final de ano, ainda preocupadas com a aparência. É sempre coerente lembrar quem e como somos de verdade. Nosso carisma significa muito mais para quem está sempre perto. A mulher é a personalidade que tem e não quantos quilos pesa.


Por: Daíse Carvalho

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

A volta dos que nunca foram


Primeiras semanas de janeiro e o ano ainda é novo. Deve haver uma espécie de cartilha ou guia prático para o ano novo que faz com que todo início de ano seja praticamente igual, o que é bom em alguns aspectos e em outros nem tanto.
Nessa cartilha com certeza consta o Planeta Atlântida, um janeiro escaldante e o famigerado e desnecessário Big Brother Brasil.
Quanto ao fato do programa basear-se em relações pessoais e pequenas intrigas eu não comento nada, cada pessoa tem seu tipo de entretenimento e não cabe a mim julgar se isso é certo ou errado. O que dá no saco é o programa tornar-se uma espécie de máquina que faz com que todos os participantes tornem-se "artistas".
Em primeiro lugar artista é aquela pessoa que produz algum tipo de arte, seja ela música, literatura, dança, teatro, pintura ou qualquer outra atividade do gênero. O fato de você ser vigiado 24 horas por dia, mostrando seu personagem criado e logo após seu personagem destruído com a máscara suspensa, não faz com que você aprenda a ser um artista, isso porque em segundo lugar, não se aprende a ser artista, é uma questão intuitiva e sensível, como a definição de rock'n'roll feita por Raul Seixas, a arte é algo que "não se aprende e nem se ensina".
Mas, a Rede Globo pelo jeito discorda totalmente dessa minha concepção, visto que em uma metamorfose tão repentina quanto a de Kafka, pessoas normais tornam-se cantores, atores , apresentadores, dançarinos, etc, como se os olhos eletrônicos que as espreitassem emitissem ondas mágicas de inspiração e sensibilidade que as imputassem tais dons.
Enfim, quer ser artista? Então não fique perdendo tempo dando uma espiadinha, faça o contrário, seja espiado.


Por: Mário Brandes


sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

New Year's Day


2010 chegou e uma nova década se inicia. Muita coisa está para acontecer nesse ano (ainda) novo, completarei duas décadas de vida, minha mãe seis, e terminarei a faculdade - e consequentemente me verei mais perdido do que o habitual.
Diariamente me sinto injustiçado pelo tempo que corre incessantemente e faz com que tudo vá acontecendo apressadamente que quando tento olhar já passou. Desde de o meu tempo de vida que minha memória é capaz de lembrar, me vejo como uma pessoa contemplativa, observadora, sentindo poesia e achando graça em tudo. Óbvio que essa é uma definição minha, meus colegas dos primeiros anos de escola com certeza me definiriam como distraído, ou mesmo lesado.
E agora enquanto tudo corre, me entristeço por não poder olhar para algo durante um tempo lento. Ainda nesses primeiros anos escolares, assisti o filme O Menino Maluquinho. A adaptação da obra do Ziraldo focava muito na questão do tempo para a criança, que era diferente. Uma criança tinha tempo para fazer tudo, um dia era enorme e era exatamente assim que me sentia na infância e é exatamente disso que mais sinto falta hoje em dia.
É, o tempo cobra um preço caro e infelizmente não nos dá opções.


Por: Mário Brandes

sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Formação na era da informação


Nos últimos anos dessa década que se finda vários acontecimentos decorrentes da popularização da internet sofreram um boom e tomaram proporções incríveis. Entre estes acontecimentos está a expansão de universidades de ensino à distância no Brasil.
Oferecendo preços acessíveis (pelo menos em relação às universidades presenciais) e tempo flexível, estas instituições têm adquirido cada vez mais adeptos.
Não sou contra o ensino à distância, até acho interessante, pois a falta de um auxílio tão direto pode ser uma ajuda para o estudante que se verá forçado a adquirir certa independência em relação à pesquisa, alicerce da formação do espírito acadêmico. Entretanto, eu estava assistindo televisão e vi a propaganda da UNIBAN - sim, aquela universidade que ficou famosa pela estudante Geisy Arruda que exibia seu currículo acadêmico pela (falta de) roupa - onde dava-se a um certificado de graduação a partir da conclusão do primeiro ano e em três anos o curso seria concluído.
Fala-se muito que vivemos a era de velocidade, há pressa para tudo, mas acredito que tamanha pressa nos prenda a uma grande mentira, neste caso, o acadêmico vítima da mentira de que sairá formado - digo, formado, não apenas portador de diploma.
Seguindo esta linha evolutiva, em poucos anos, você poderá cadastrar-se através da internet, pagar uma determinada taxa, imprimir seu diploma e exercer a profissão escolhida, tudo no mesmo dia.


Por: Mário Brandes

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Papai Noel Velho Batuta II

Complementando o post abaixo, letra da música Papai Noel Velho Batuta (clique no link para ver o vídeo da música) do Garotos Podres.


Papai Noel Velho Batuta

Papai Noel velho batuta, rejeita os miseráveis
Eu quero matá-lo, aquele porco capitalista
Presenteia os ricos, cospe nos pobres
Presenteia os ricos, cospe nos pobres
Mas nós vamos sequestrá-lo e vamos matá-lo
Porque aqui não existe natal
Aqui não existe natal
Aqui não existe natal


Por: Mário Brandes

Papai Noel velho batuta!


Voltamos. Efemêro & Irônico strikes back again. Devido à sobrecarga de trabalhos, estágios e afins na faculdade tanto para mim, quanto pra Daíse, o blog ficou um tempinho abandonado, havendo apenas três posts em novembro e tendo o primeiro de dezembro agora já no final de 2009.
O natal está próximo, hesitei em escrever sobre ele por ser um dos maiores clichês dessa época do ano (juro que tentarei evitar ao máximo os lugares comuns do tipo tempo de renovação, época de reflexão e etc...), mas no final das contas a vida é feita de clichês mesmo, e sendo eles enjoativos ou não, isso é a mais pura verdade.
Este post não entra no mérito religioso da questão natalina, mas sim na figura política e de controle de massas que é o Papai Noel.
O bom velhinho é a personificação - com feições simpáticas e agradáveis - do capitalismo (selvagem) americano. O consumismo que impera nos últimos dias de dezembro é tamanho que faz com que pessoas de todas as religiões (inclusive as pagãs) preocupem-se em ter economias suficientes para presentear e serem presenteados no dia em que seria comemorado o nascimento de Jesus Cristo e faz também com que as pessoas enfeitem suas casas com uma decoração típica de inverno em pleno verão de um país tropical!
Esta cultura é repassada às crianças, tendo sempre o aviso "se você for um bom menino, ganhará presente do Papai Noel". E como ficam as pessoas sem condições de comprar algo? O menino não vai querer ser bom, ou, no mínimo, se decepcionará muito se o for. Fora o estímulo à recompensa, que faz com que as crianças acreditem que tenham de ser boas para ganhar algo e não verem o fato de ser bom como um fim em si mesmo.
Para todos que leem o Efêmero e Irônico: um feliz dia de natal, sendo ele rico em presentes ou não.

Por: Mário Brandes